Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 20/09/2013

panorama historico reforma3

 

III. IGREJA REFORMADA


Analisaremos o que foi a REFORMA. Leia Ap. 3:10, a primeira parte do versículo. Isto foi dito à Igreja de Filadélfia. O apóstolo João estava se referindo à importância da Palavra guardada por aqueles irmãos. Vem aí um novo momento na vida da Igreja: a IGREJA REFORMADA.

O que proporcionou a REFORMA foi, exatamente, a palavra de Deus. A Bíblia foi descoberta. Vejam só: durante muito tempo, a Palavra de Deus fora ignorada.

A REFORMA fez seu marco inicial no dia 31/10/1517. Lutero era sacerdote e também professor da universidade de Wittenberg. Homem muito instruído, começou a ler a Palavra de Deus, as Escrituras, especialmente a epístola do apóstolo Paulo aos romanos. Ele ficou muito impressionado com toda aquela situação da Igreja.

Naquela data ele colocou na porta da Catedral de Wittenberg as famosas 95 teses. No dia seguinte seria 1º de novembro, dia de todos os santos, e o dia 2, o dia de finados. A catedral de Wittenberg teria naqueles próximos dias muitos fiéis. Muita gente viria para a Igreja. Era uma grande oportunidade para que todo mundo tomasse conhecimento. Nem todos podiam ler porque o numero de analfabetos era muito grande.

Este grande momento da REFORMA se estende até 1648, quando terminam as guerras político-religiosas. A data de 1648 é uma data muito importante, não só na história universal, mas na história da Igreja, quando foi assinada a Paz de Westfália, que marca o término da guerra dos 30 anos na Alemanha precisamente, e da guerra dos 80 anos entre os Países Baixos e a Espanha. Esse período todo é denominado de REFORMA PROTESTANTE DO SÉC. XVI. Mas, vai um pouco além do séc. XVI. É um grande século da REFORMA.

A REFORMA trabalhou algumas áreas específicas.


A. A DOUTRINA
Era necessário restaurar a doutrina da Igreja. Alguns lemas foram elaborados e a gente muitas vezes se refere a eles.


SOLA SCRIPTURA - Tudo começou por aí, a título de REFORMA DOUTRINÁRIA. Por SOLA SCRIPTURA os reformadores entenderam que a Bíblia é a nossa única regra de fé e prática. O que é que isto significa? A gente diz isto tantas vezes, não é verdade?

Quando eu digo que a Bíblia é a nossa única regra de fé, quero dizer que tudo quanto nós acreditamos ser expressão de toda a verdade sagrada está dentro da Bíblia. Nenhuma doutrina pode ou deve ser ensinada ou crida, que não tenha fundamentação bíblica.

Mas ela também é a nossa única regra de fé prática. Isto significa que minha vida diária, tudo o que eu faço, o que eu digo e o que eu penso, tem que estar de acordo com a Bíblia. A responsabilidade é muito grande para nós, que somos herdeiros da REFORMA. Com isso os reformadores disseram o seguinte: "A Bíblia é mais importante que a tradição". Eles não negaram, nem foram contra a tradição. Dizer que os reformadores jogaram na lata do lixo a tradição não é verdade, porque todo grupo tem suas tradições. Tradição é aquela herança que a gente adquire daqueles que viveram antes de nós.

Os reformadores examinaram isto com muito cuidado. Eles não eram necessariamente contra a tradição, mas na hora em que a tradição feria o que a Palavra de Deus ensinava, eles rejeitavam a tradição e, naturalmente, faziam opção pela Palavra de Deus.

E mais ainda: a Bíblia foi traduzida para a língua vernácula. Sabem em que língua estava escrita a Bíblia, naqueles dias? Em Latim. E quem conhecia o Latim? Uma faixa da sociedade muito privilegiada, uma pequena fração. Apenas aqueles que eram sacerdotes, aqueles que lidavam com a ciência jurídica, os advogados lá nos tribunais. Apenas estes conheciam o latim. Os Universitários conheciam o latim porque era a língua universitária da época. Quem estudasse em Oxford, na Inglaterra; em Salamanca, na Espanha; em Paris, ou em qualquer outra Universidade medieval, não tinha nenhuma dificuldade, porque a língua falada em todas elas era o latim. O povão não sabia latim, então, os Reformadores providenciaram,    para que a Bíblia fosse traduzida para a língua falada pelo povo. Surgiram muitas traduções da Bíblia. Na Alemanha, Lutero traduz a Bíblia para o alemão, na França surgem traduções do Novo Testamento, ainda pelos humanistas (eles forneceram uma contribuição à REFORMA). Mais tarde vai surgir uma nova versão das Escrituras, em francês: a Bíblia Genebrina (porque Genebra é um dos cantões da Suíça que se fala francês) e outras versões. Outras traduções também surgiram na Espanha, como a versão Reina-Valera, que é a versão oficial da Bíblia em espanhol. Foi traduzida por Caciodoro de Reina e revisada por Cipriano Valera. Herança daquele período. Uma série de outras traduções foram efetuadas para que a Bíblia fosse colocada na mão do povo de um modo geral.

 O SACERDÓCIO UNIVERSAL DOS CRENTES - Toda a vida do homem medieval dependia do Sacerdote. Os reformadores disseram que, cada crente no Senhor Jesus é também um sacerdote. Jesus Cristo é o Sumo-Sacerdote, o nosso Sacerdote maior. Não é assim que nos ensina a epístola aos hebreus? Qual é o papel do sacerdote? Ministrar na casa de Deus. Então, cada crente é um sacerdote em Cristo. Que oportunidade! Que privilégio nós temos!. Os Reformadores descobriram isto lendo a Bíblia. Assim, nós não precisamos da mediação de ninguém. Aquele que é mediador nosso diante de Deus é, única e exclusivamente, o Senhor Jesus Cristo, como diz em I Pedro:"Porque vós sois sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus".

SOLA FIDE Isso quer dizer que a fé é superior às obras. Obra é importante? É, mas não para a Salvação. O crente deve fazer boas obras? Claro que sim. Mas devemos fazê-las como um atestado, um testemunho público daquela mudança que já se operou dentro de nós. Então a fé é quem salva e não as obras. A Salvação é operada pelo Senhor Jesus Cristo lá na cruz, e a fé é gerada em nós pelo Espírito Santo que nos habilita a receber naturalmente esta graça extraordinária da Salvação.

Agora, os Reformadores vão pregar a Doutrina da Justificação pela Fé. Não pelas obras, mas sim, pela fé. O que foi que os Reformadores fizeram para que a doutrina fosse aprendida por todos? Não era só para eles saberem. Todo mundo deveria ser instruído nessas santas verdades. Eles elaboraram Confissões de Fé e Catecismos. Isso são símbolos de Fé. Nós não dizemos que somos uma Igreja Confessional? Isso quer dizer que temos símbolos de fé: Catecismos e Confissões. Os símbolos de Fé da Igreja antiga são chamados de Credos. Os credos são bem pequenos. São muito breves. Já os Catecismos e Confissões são mais trabalhados, são bem mais longos.

Qual a diferença entre Catecismo e Confissão?A Confissão é um pequeno tratado de Teologia Sistemática. Os assuntos são ali apresentados de forma expositiva. Por exemplo: O capítulo que fala sobre Deus e a Santíssima Trindade. Está lá toda uma exposição. É mais difícil. É preciso ter um certo conhecimento, analisar cuidadosamente para entender as Confissões.

E quanto aos Catecismos? Eles são escritos de que maneira? Perguntas e respostas, para facilitar o aprendizado. Existem catecismos em duas categorias: Maior e Menor. Naturalmente, os menores são mais simples.

Tudo isto foi escrito para doutrinar o povo. A Igreja estava precisando aprender doutrina.
SOLE DEO GLORIA  - Isto quer dizer:Glória, honra e louvor somente à Deus, ou seja, culto só se deve prestar a Deus.

B. O CULTO- O culto foi uma segunda área da Igreja a ser restaurada. Era preciso recuperar o verdadeiro culto celebrado pela Igreja. Eles entenderam, lendo a Bíblia, que somente Deus deve ser louvado. Qual   é a pergunta número 1 do nosso Breve Catecismo e que está bem dentro desta reforma litúrgica? Qual o fim principal do homem? Qual a resposta?O fim principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lO para sempre.

Sabem o que isto quer dizer? Que não é Deus que existe em função de nós, mas nós existimos em função de Deus; que oculto não é para nós, o culto é para Deus. Cuidado, porque tem havido muitas deturpações na área do culto. Os Reformadores entenderam isto com muito cuidado,de que o culto não é para o homem, não é o culto de natureza antropocêntrica,porque isto não tem base bíblica. O culto é do jeito que Deus gosta e quem determina como deve ser cultuado é Deus.

Então, é preciso estudar o que é que Deus tem a dizer a respeito do culto e foi isso que os Reformadores fizeram através do lema SOLE DEO GLORIA. Com isso, eles resgataram uma expressão de culto que vinha sendo ignorada, o cultolatria, que quer dizer culto a Deus Triúno: o Pai,o Filho e o Espírito Santo. É tanto, que ainda hoje, alguns pastores iniciam oculto dizendo: "Iniciemos este culto em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo", mostrando assim, que o culto é para o Deus Triúno.

Os Reformadores, então, descobriram que só o Deus Triúno, só a Trindade é merecedora de culto. Com isso, eles rejeitaram duas outras formas de culto que existiam, que surgiram na Idade Média: o Culto Duliae o Culto Hiperdulia.

CULTO DULIA - É o culto aos santos de um modo geral. Tem santo pra tudo. A veneração aos santos cresceu    muito de uma forma extraordinária. Antes de se converter, Lutero era devoto de Sant?Ana. Ele participava desse culto Dulia. Mas, quando ele começou a ler a Bíblia descobriu que isto não tem fundamentação bíblica.

CULTO HIPERDULIA - Híper - estar acima. É o culto a Maria. A veneração a Maria tinha um lugar especialíssimo. Todas essas expressões de culto foram rejeitadas pelos Reformadores. Daí o uso do lema:"SOLE DEO GLORIA. Para isso, os Reformadores elaboraram uns manuais de culto. E,mais ainda, verteram todo o culto para a língua vernácula, na língua do povo,  e não somente a Bíblia.

Isto foi muito importante para a REFORMA,porque antes ninguém entendia nada da missa. Os manuais não tinham formas rígidas. Eles apresentavam uma estrutura normativa do culto cristão, diferente da missa que gravita em cima daquelas partes denominadas de Próprio de Tempore eOrdinário.

O Ordinário é o que acontece em toda missa. Não muda nada, nada daquilo ali. O Próprio de Tempore está de acordo comas estações do ano eclesiástico.

Para os Reformadores, o culto deveria ter uma estrutura e esta estrutura ter certa mobilidade facilitando assim o trabalho, a criatividade, a riqueza. Só que, agora, tudo isto policiado pelas Escrituras. E, mais ainda, os Reformadores vão resgatar o canto congregacional.Dizer que a Igreja Católica não cantava de jeito nenhum, é um exagero. Ela cantava, às vezes. Cantava os Améns, os Aleluias, o Agnus Deie algumas Doxologias. O Glória não. É muito difícil. Era mais o coro que cantava. Era a Doxologia Maior. E então, ficava difícil. Somente algumas pequenas participações. A Congregação passou agora a cantar. Lutero escreveu corais, ele era muito hábil nas questões musicais. Preparou os famosos corais luteranos, não somente ele, mas outros o ajudaram, e Calvino auxiliado por pessoas competentes, não ele, mas se apropriou de músicos famosos, de poetas importantes e elaborou o que nós chamamos de Saltério Genebrino. A metrificação dos Salmos. Os Salmos passariam a ser cantados pela Igreja, de forma congregacional. Um avanço extraordinário! Que beleza enorme! Agora, naquelas enorme catedrais góticas, poderiam ecoar de forma tão melodiosa a voz de toda a congregação, louvando o nome do Senhor.

C. A DISCIPLINA- Era preciso restaurar a disciplina da Igreja. O que foi que os Reformadores fizeram?Organizaram tribunais eclesiásticos em diferentes estâncias, como acontece ainda hoje. Quando acontece um problema de disciplina na Igreja, o Conselho se transforma em tribunal. Quando acontece um problema com um pastor que precisa de disciplina, não é o Conselho, é o Presbitério que se transforma em tribunal eclesiástico. Onde nasceu tudo isto? Na REFORMA. Com que objetivo a REFORMA cuidou da disciplina? Para a Igreja crescer em santidade; para que o povo de Deus fosse um povo zeloso, dando o seu testemunho na condição de sal da terra eluz do mundo.

D. O GOVERNO DA IGREJA- A REFORMA recusou toda autoridade papal. Diferentes formas de governo eclesiástico surgiram. Surgiu a forma Presbiterial, a nossa, mais tarde com o Puritanismo; a forma de governo Congregacional. Outras mais surgiram, e algumas Igrejas ainda mantiveram a forma de governo episcopal. Por exemplo, a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, tem Bispo, mas todas as Igrejas, herdeiras da REFORMA,romperam com a autoridade papal. Disseram o seguinte: O Papa e o Bispo de Roma,têm autoridade sobre a diocese. E, onde está a diocese do Papa, no entender dosReformadores? Em Roma. Então ele manda lá. Ele é Bispo? É, em Roma. A autoridade dele é lá. As Igrejas reformadas rejeitaram a subserviência papal. Agora o movimento da REFORMA é um movimento muito elástico, muito dinâmico, muito grande e ganhou diversos nomes e diferentes expressões. As Igrejas da REFORMA são denominadas de Luteranas, aquelas Igrejas que seguiram a orientação de Lutero e de seus auxiliares. A Igreja Luterana predomina na Alemanha, na Dinamarca e também nos Países Escandinavos, onde está a Noruega, a Finlândia, a Suécia.

Um outro segmento é denominado de Calvinista. Nós somos Calvinistas. A REFORMA CALVINISTA foi também muito longa,e ela recebeu diferentes nomes de acordo com o lugar. Por exemplo, na França, os Calvinistas foram chamados de Huguenotes, de uma forma pejorativa. O termo Huguenote fora usado em forma de crítica. Dadas as perseguições, os crentes dali, se reuniam lá para as tantas da noite e às vezes em lugares até solitários. Foram chamados de Huguenotes, entendem alguns, em alusão a um antigo rei da França, chamado Hugo, que era sonâmbulo e trocava a noite pelo dia.Ficava andando de noite e dormindo durante o dia.

Lá nos Países Baixos, os Calvinistas foram chamados de Reformados. Lá naquela região antiga, que hoje nós chamamos de Holanda e Bélgica, ainda tem a Igreja Reformada Holandesa, e aqui no Brasil tem um ou outro missionário daquela Igreja Reformada.
Tem a Igreja Reformada com vários segmentos, especialmente no Canadá. E, na Escócia, os Calvinistas são chamados de Presbiterianos. O grande Quartel General da REFORMA CALVINISTA, foi em Genebra, na Suíça, porque Calvino por ser francês, viu-se obrigado a sair da França na época do Francisco II, e se estabeleceu em genebra, que também falava o francês. Ali, surgiu, naturalmente, o primeiro Seminário Calvinista, na cidade de Genebra, com um dos auxiliares de Calvino, que foi Teodoro de Beza.

A REFORMA CALVINISTA espalhou-se dali para diversas partes do mundo. E, lá na Escócia, os Calvinistas foram chamados de Presbiterianos, com John Knox, o Grande Reformador da Escócia. Há quem diga que Knox levava Deus tão a sério, levava a Bíblia tão a sério, levava a fidelidade as doutrinas tão a sério, que, em forma de gracejo, não de crítica, os amigos de Knox diziam que ele era mais Calvinista que o próprio Calvino.

Da Escócia, o Presbiterianismo veio para os Estados Unidos, com aquele fluxo migratório que houve no Reino Unido, dadas as perseguições religiosas e, dos Estados Unidos, veio para o Brasil com o Rev.Simonton. No século passado, em 1859, o Rev. Simonton, chegou ao Rio de Janeiro e, nós aqui estamos, numa Igreja Presbiteriana. Nós temos a nossa herança da REFORMA do Séc. XVI, especialmente da REFORMA CALVINISTA, mais particularmente,lá da Escócia, com John Knox.

Essa é uma visão básica da REFORMA.

A REFORMA é um período tão bonito, tão precioso e tão extraordinário! Vamos nos deparar, agora com uma última fase da História da Igreja. É a História que nós estamos também escrevendo. A História presente.


 
IV. IGREJA CONFORMADA


Isto atinge a todos nós, indistintamente,porque nós devemos olhar para aqueles servos de Deus do passado e dizer: "Como nós temos feito tão pouco! Como nós temos nos conformado com essa ?vidinha? devir para a Igreja no domingo, basicamente!". Culto de Oração: um grupinho. Leitura da Bíblia, a Bíblia é agora como o horóscopo do crente, que abre-se assim: Põe-se o dedo lá no texto. Muita gente faz assim e acha que está lendo a Bíblia.
Muita gente aprendeu que se não orar antes de dormir pode ter pesadelo. Então, lá pelas tantas, depois que a televisão as ido ar, diz assim: "Senhor Deus, muito obrigado por este dia, perdoa a multidão dos meus pecados, em nome de Jesus. Amém". Acha que orou. Existem aqueles que vêm à Igreja no domingo de Santa Ceia. Outros, só na noite de Ano. Interessante.

Eu passei doze anos lá em Heliópolis (Garanhuns/PE), e eu lembro-me de algumas pessoas que eram da Igreja,mas que eu só via no final de Ano. Teve uma senhora, uma vez, que eu até brinquei com ela. Um dia eu a encontrei, no início de Janeiro, e ela me cumprimentou, com muita alegria me felicitou, desejando um feliz Ano Novo, e me apresentou as suas desculpas porque não pode ir ao culto do romper de ano, oCulto de Vigília. E, brincando, dada a minha aproximação, eu disse: "Mas minha irmã, que pena! Agora só o ano que vem". Porque perdeu o culto de Ano Novo.Parece brincadeira, mas isto é verdade, e diz que é crente no Senhor Jesus Cristo.

Qual a nossa realidade? Igreja CONFORMADA. Qual o retrato da Igreja no momento? Igreja CONFORMADA. Com algumas exceções,esse período vai de 1648 até o presente. É um período muito grande. Muita coisa boa e bonita aconteceu ao longo desse período. Aconteceram os avivamentos espirituais. Nós não podemos ignorá-los. Despertamentos lá na Inglaterra com os Puritanos. Tudo isto está dentro deste período. Na Alemanha, com o pietismo,após o período pós-guerra dos 30 anos, muita coisa bonita aconteceu lá com essa gente. Vieram os avivamentos onde a Palavra de Deus foi pregada, divulgada, onde muita gente se converteu. Nesse período surge o grande século de Missões.

Grande Século, porque vai além de 100 anos. Começa no ano de 1742 e vai até 1914, quando estourou a Primeira Guerra Mundial.

Começou lá, quando Guilherme Carey(1761-1834) organizou a Missão Batista Para Propagação do Evangelho entre os pagãos, e ele mesmo foi lá para o campo, pregar a Palavra de Deus, na terra distante. As missões prosseguiram ao longo deste período, surgindo inúmeras sociedades missionárias, que vão culminar com a chegada do Rev. Simonton ao Brasil, e uma série de outros missionários.

Agora, depois disto, qual o retrato ao longo do nosso século? É uma Igreja estagnada, uma Igreja decadente,CONFORMADA.

Alguém se referiu à Igreja dos nosso dias,denominando-a de Cristianismo sem Cristo. É lamentável dizer isto. Nós precisamos resgatar o grande lema dos Reformadores. A proposta para a Igreja hoje, é esse retorno ao mesmo caminho que os Reformadores fizeram. Não retornar para eles, porque Calvino ficaria chateadíssimo, se nós disséssemos que precisaríamos voltar lá pra Calvino. A proposta de Lutero, de Calvino e de Knoxé um retorno pelo mesmo caminho que eles percorreram: o retorno à Igreja Primitiva. Aquele lema que nós poderíamos denominar de Ad Fontis, o retorno às fontes originais do Cristianismo: EKLESIA REFORMATA, SEMPER REFORMANDA. Isto quer dizer que, REFORMA não é um ponto estagnado. REFORMA é uma caminhada constante da Igreja Cristã. REFORMA não é criar algo de novo. Às vezes a gente até pensa que é isso. REFORMA é um retorno às origens. Foi esse o caminho que os Reformadores fizeram. Eles retornaram para a Igreja Apostólica. Foram lá para o princípio. E, como era a Igreja lá no seu início, no seu nascedouro? Então, eles redescobriram os Pais da Igreja, o estudo das Escrituras na língua original, a preocupação com a exegese, com a restauração da Igreja, dando a ela a sua fisionomia original. É disso que nós precisamos.
 
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Maely Ferreira Vilela é pastor presbiteriano e Reitor do Seminário Presbiteriano de Teresina -Piauí.

 

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