Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 13/09/2013

quer carregar um pouquinho?

Nossa igreja tem se alegrado muito nos últimos meses com a chegada de tantos bebês. Meninos e meninas pequeninas têm sido trazidos ao templo, carregados pela mãe, pai, avós, tios, que mal se contém, de tanta felicidade. A criança recém-nascida exerce sobre nós um fascínio todo especial. Queremos vê-las de perto, e se possível carregá-las, nem que seja só um pouquinho. Por quê?

Penso que talvez seja porque o bebê representa toda a esperança da vida, e quando o temos nos braços, compartilhamos dessa esperança.

Volto o pensamento para uma cena do Evangelho -- Lucas é quem nos descreve a ida do jovem casal Maria e José ao templo de Jerusalém (cenário emblemático de tantos outros episódios bíblicos), levando o bebê Jesus para os rituais tradicionais de purificação. Fecho os olhos e imagino o burburinho, a multidão entrando e saindo, os animais para o sacrifício, cânticos, orações... E o casal chegando, uma moça tão nova, um rapaz forte ao seu lado, emocionados como todo pai e mãe com o nascimento de seu filho, trazendo-o pela primeira vez ao templo para sua consagração. Eram gente piedosa, e se por um lado a alegria era imensa, as dúvidas também os assombravam, pois que não podiam entender bem a reviravolta que a vida tinha dado em seus planos de jovem casal.

E havia também Simeão, um velhinho que imagino simpático e carinhoso, parecido com tantos idosos que frequentam nossas igrejas ainda hoje. O texto diz que, movido pelo Espírito Santo, Simeão foi nesse dia ao templo.

Como foi que Simeão sabia o que procurar, e como conseguiu localizar José, Maria e a criança naquela multidão? Certamente havia outros casais com bebês nesse dia por ali... Fico intrigada... Como um velhinho identifica um casal desconhecido naquela aglomeração?

Lucas nos conta que Simeão não só os encontrou, como foi em sua direção, tomou a criança nos braços e cantou, afirmando que seu sonho se realizava ali. Sim, pois Simeão tinha um sonho, e vivia na expectativa de sua realização.

Todos nós temos muitos sonhos. Alguns pessoais, outros que se referem à família, à comunidade, ao país. Alguns dependem quase que exclusivamente de nós mesmos, outros só se realizarão se diversas forças atuarem numa determinada direção. Outros, ainda, talvez nunca se concretizem. E quando um novo ano se aproxima, nossa capacidade de sonhar aumenta, e renovamos a expectativa por dias melhores, alegria, saúde, paz...

Simeão sonhava com a salvação. Não a sua, mas a de todos os povos. E ele esperou toda a sua vida pela chegada do Messias, sonhando com a possibilidade de vida mais digna para todos os povos, a partir da vinda daquele Salvador. E ele sentia no fundo de sua alma que não morreria sem ver esse desejo tornar-se realidade.

Quando então o Espírito o orienta a vir ao templo naquele dia, ele vem na esperança de ver a salvação que Deus ofereceria a todos os povos. O grande desejo de Simeão, o desejo que o sustentou ano após ano, com fidelidade e expectativa, foi satisfeito. Estava ali, nos seus braços, o Salvador. Por isso ele canta:

Agora, Senhor, despede em paz o teu servo,

porque os meus olhos já viram a tua salvação,

a qual preparaste diante de todos os povos.

O sonho de Simeão não é individual, nem se refere apenas a seu povo. Ele vê mais longe, e revela a epifania de Jesus para todos os povos, "luz para iluminar as nações".

Fico imaginando o semblante desse velhinho com o bebê nos braços, cantando, louvando a Deus e confirmando a revelação do Espírito. E fico imaginando Maria e José, felizes sim, mas também mais cheios de dúvidas, confusos com a revelação da missão de Jesus - "este menino foi colocado para a queda e para o soerguimento de muitos em Israel, e como sinal de contradição".

Para mim, esta é uma das cenas mais impressionantes do Natal. Porque fala da alegria da salvação que Jesus traz, aproxima gerações e expectativas em torno da Criança, mas fala também das incertezas da vida, da esperança que se renova, e do Deus-conosco, que se deixa carregar no colo.

E você, quer carregar um pouquinho? Quer trazer Jesus bem pertinho de você?

Darlene Schützer, membro do Corpo Editorial do jornal "Gaivota", da Sociedade Metodista de Mulheres, Catedral Metodista de Piracicaba, SP

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A beleza das Cantatas! Algumas igrejas já fizeram suas apresentações e compartilham conosco sua alegria.

Uma mensagem do Rev. Ivam Pereira Barbosa, redator do Informativo da 5ª RE

 


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