Publicado por Sara de Paula em Colégio Episcopal - 24/06/2021

Vozes em lamento, exortação e oração!


Fotografia de ONG Rio de Paz, em protesto por 500 mil mortes do Brasil. Rio de Janeiro, junho de 2021

Vozes em lamento, exortação e oração!
(CLIQUE AQUI PARA BAIXAR EM PDF)

"Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros, para que vocês sejam curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo."
(Tiago - 5.16)

 

Irmãos e irmãs da Igreja Metodista, que o consolo do nosso Deus esteja com suas comunidades e famílias nesse tempo de luto coletivo. No Brasil, atingimos o número de 500 mil mortes por Covid-19 na última semana, além de novo recorde de infecções. Algo trágico e desafiador.

Ao longo de todos esses meses de pandemia, o Colégio Episcopal veio se manifestando por meio de pronunciamentos com recomendações pastorais, que admoestaram sobre a oração como caminho de esperança; a importância da vacinação contra a COVID e a necessidade de perseverar e crer no Deus de toda a consolação. Hoje, além de reafirmarmos tudo isso, erguemos a nossa voz em lamento, exortação e oração. 

Não podemos ignorar o marco de mais de 500 mil pessoas mortas e famílias enlutadas – cerca de 5 milhões de pessoas – em nosso país. Dentre tantas perdas, somamos as ocorridas no seio das famílias metodistas, incluindo pastores, pastoras e lideranças leigas. Tamanha tragédia se intensifica pela maneira do nosso país em lidar com a pandemia.  A desinformação sobre a doença, a falta de imunizantes, os desrespeitos ao distanciamento social, ao uso de máscara e álcool em gel, a inaptidão do poder público na orientação de medidas seguras e comprovadamente científicas para o enfrentamento do vírus e os comprovados desvios de recursos destinados à saúde vêm colaborando para o avolumar de dor e morte entre nós.

O pecado, tanto dos mandatários do poder público, quanto de quem nega a gravidade da pandemia, promovendo aglomerações, deve ser encarado pela igreja como um pecado social grave contra a vida. As mortes, especialmente aquelas que aconteceram em decorrência de falta de leitos de UTI ou da escassez de oxigênio, não devem ser entendidas de forma alguma como a boa, perfeita e agradável vontade de Deus. Em tudo isso, não podemos nos conformar com o padrão do mundo que naturaliza a morte evitável, mas sim questionar e denunciar, de forma racional, tais atrocidades.

Em seu ministério, John Wesley foi desafiado a lidar com questões sociais graves, como a guerra e a escravidão, e em nenhum dos casos, atribuiu à vontade de Deus o que de fato era responsabilidade humana. Ele incentivou que metodistas tivessem posicionamentos coerentes e equilibrados com relação aos temas, de forma crítica e racional, ainda que isso estivesse em conflito com o senso comum, autoridades ou leis, tendo como guia a justiça e a preservação da vida humana.

Certa vez escreveu Wesley sobre a escravidão: “o grande clamor é este: estas coisas são autorizadas pela lei”. “Mas pode uma lei, uma lei humana, mudar a natureza das coisas? E ela transformar trevas em luz, maldade em bondade? De forma alguma.” (Pensamentos sobre a escravidão, John Wesley, 1774).

À semelhança de Wesley, instamos a Igreja Metodista do Brasil a olhar para o difícil momento e as múltiplas crises que o país enfrenta, se posicionando de forma realista, verdadeira, cristã e corajosa. Sem perder, no entanto, a capacidade de confiar no Deus de toda consolação, de chorar com os que choram e de suportar uns aos outros e umas às outras em amor.

São muitas as vozes que choram as perdas e as saudades. Assim como Jesus, que chorou diante de momentos difíceis como ante a Jerusalém e diante do amigo morto, nós choramos e nos solidarizamos com cada uma destas famílias enlutadas.

Choramos com quem chora, mas não só isso. Clamamos a Deus por cura, restauração, sanidade e salvação! Oramos por um milagre e reafirmamos a importância de seguirmos as orientações vigentes para o combate desta pandemia: os usos de máscara e álcool em gel, a vacinação e a obediência das medidas de distanciamento social.

Que a graça consoladora seja sobre cada coração nestes dias tristes. Recebam nossa solidariedade e o nosso abraço.

 

Em Cristo Jesus,


Colégio Episcopal da Igreja Metodista
24 de junho de 2021.


Ouça o documento:


Posts relacionados

Colégio Episcopal, por Comunicação

Intimação

  Resultado proferido em face do pedido de Antecipação de Tutela em Liminar e a abertura de concessão de prazo regulamentar para apresentação de recurso ao Pleno CGCJ.

Colégio Episcopal, por Redação Metodista

Carta Pastoral - 2023

  Confira a Carta Pastoal de 2023 do Colégio Episcopal da Igreja Metodista do Brasil

Colégio Episcopal, por Sara de Paula

Educação como missão, racismo e a violência contra mulher | Diálogo em tempos de crise

  No episódio 7 da série Diálogo em tempos de crise, lideranças da Igreja Metodista falam sobre áreas que tem sofrido grande impacto durante a pandemia de Covid-19 no Brasil. Educação como missão, racismo e a violência contra mulher.

Geral, Mídia, Destaques Nacionais, Colégio Episcopal, por Sara de Paula

Nota do Colégio Episcopal: nomeação do diácono M Bracklay

Tem circulado nas mídias eletrônicas a notícia, publicada originalmente pelo jornal The Washington Post, sobre a nomeação do diácono M Bracklay, pela Bispa Sally Dyck , da Conferência Nordeste de Illinois, USA, da Igreja Metodista Unida dos Estados Unidos da América. O fato em destaque é o de que Barclay se declara transgênero (Queer).

Colégio Episcopal, Destaques Nacionais, Educação, por José Geraldo Magalhães

Mudanças no Conselho Superior de Administração, o Consad

No próximo sábado (30), o presidente do Colégio Episcopal da Igreja Metodista, bispo Adonias Pereira do Lago, realizará a consagração e posse dos novos presidente e vice do Conselho Superior de Administração e Conselho Diretor das Instituições Metodistas de Educação (Consad).

Expositor Cristão, Destaques Nacionais, Discipulado, Expansão Missionária, Mídia, Colégio Episcopal, por José Geraldo Magalhães

Liderança Episcopal planeja avanço do metodismo no continente

Discipulado, plantação de igrejas e expansão missionária são prioridades.