Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 13/09/2013

visão pentecostal dom de línguas

A questão do dom de línguas nunca foi um ponto pacífico nem no meio pentecostal, afirma o pastor Ricardo Gondim, presidente da Igreja Assembléia de Deus Betesda. No início do movimento, o dom de línguas era visto como um dom milagroso concedido por Deus para a evangelização, diz ele. Segundo o pastor, há relatos de pessoas que testemunham ter recebido o dom de proclamar a Palavra de Deus em idiomas estrangeiros que nunca haviam estudado.

Mais tarde, o movimento pentecostal e se dividiu; novas concepções sobre o dom também surgiram. Para a maioria dos pentecostais, o dom de línguas passou a ser visto como uma evidência física do batismo do Espírito Santo - concepção que tende a criar duas "classes" de cristãos. "Mas há, atualmente, teólogos pentecostais, como Gordon Fee, que embora não rejeitem essa experiência como sinal do Espírito, não a vêem como obrigatória", diz Gondim. Ele atesta que a terceira geração de pentecostais já não demonstra o fenômeno com a mesma freqüência - e nem por isso é "menos pentecostal" do que os cristãos de gerações anteriores...

Para o pastor da Betesda, o dom de línguas foi uma grande contribuição do movimento pentecostal para a cristandade, expressando que a experiência religiosa transcende a racionalidade. Hoje, porém, o dom de línguas tem sido banalizado e até instrumentalizado. Ele percebe, com tristeza, que existe até quem busque "produzi-lo" artificialmente, por meio de cerimônias com forte apelo emocional, ou exibi-lo no púlpito. Para Gondim, esse dom - que ele próprio recebeu - é, sobretudo, uma experiência de edificação pessoal. "Não exerço o dom de línguas em público. É uma experiência de vida devocional que é relevante para mim, assim como a oração contemplativa e meditativa. É uma capacitação para o exercício do ministério. O dom de línguas, assim como os demais dons do espírito, são capacitações divinas para que a Igreja possa ser missionária".

Elienai Cabral Júnior, pastor da Assembléia de Deus Betesda em Fortaleza, Ceará, também manifesta o dom de línguas em sua vida devocional. E também não vê o dom recebido como sinal de poder, prestígio e orgulho. "É um sinal de fraqueza, humildade e esvaziamento. Falamos línguas que sequer conseguimos entender (1Co 14.14). Isto que recebemos de Deus, por sua graça, a salvação em Cristo é algo tão superior a nós, tão acima de nossos méritos e habilidades que sequer conseguimos fazer caber em nossa linguagem. Outras línguas são as que falam com satisfação, mas apenas para o íntimo de quem fala. Aquele que fala em outras línguas é lembrado e torna-se um lembrete de Deus de que é limitado. De que o Reino do qual participa não foi conquistado por suas habilidades e, portanto, quem quer que dele participe precisará depender do Espírito Santo de Deus, o Outro Consolador que nos guiará em todas as coisas", explica ele.

Segundo o pastor Elienai, a descrição da igreja pentecostal em Atos não é de uma igreja potente e imponente, mas de uma comunidade de irmãos que se amavam concretamente, como se descreve em Atos 2.44-47.É a igreja que tem Jesus como modelo: "No deserto, Jesus recusou-se ao poder de conquistar o mundo em fama e glória, de ter uma imagem brilhante de poder: tudo isto de darei se prostrado me adorares. O poder que veio exercer não atrairia o mundo pela glória e fama, mas pela graciosa entrega de si mesmo em amor".


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