Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 20/09/2013
violência contra mulher
O segredo mais bem guardado
Entrevista - Publicada pela Agência LatinoAmericana e Caribenha de Notícias e site da Revista Ultimato.
Em 25 de novembro, celebra-se o Dia Mundial da Luta pela Não-Violência contra a Mulher.
Sobre o tema, ALC conversou com Esly Regina Carvalho, psicóloga e psicoterapeuta brasileira, especialista em saúde emocional. Ela trabalhou na área durante mais de 20 anos no Brasil, Bolívia, Equador e Estados Unidos. Escreveu vários livros a respeito. Atualmente, trabalha no ministério Esperança para o Coração, nos Estados Unidos.
Esly Regina Carvalho foi fundadora, em 1998, do ministério Praça do Encontro. Escreveu bibliodramas, psicodramas e obras para psicoterapia de grupo. Estudou na Universidade de Brasília. Ela fala português, espanhol e inglês.
ALC - A sociedade hoje está mais consciente do problema que constitui a violência contra a mulher?
Esly Carvalho - Talvez se possa falar, atualmente, de forma mais aberta sobre o problema, mas, em geral, continua na categoria de "segredos bem guardados". As dificuldades econômicas, os modelos incorporados dentro das famílias, a vergonha e o medo continuam mantendo as mulheres em situação de vítimas da violência intrafamiliar.
ALC - E nas igrejas?
Esly Carvalho - Nas igrejas cristãs a situação mudou muito pouco. Eu continuo falando do tema na América Latina e na mídia hispânica dos Estados Unidos. Continuo encompridando meus coffee breaks durante minhas falas, porque é quando as mulheres vêm conversar em particular. Pedem contato, quando me contam sua situação, me pedem ajuda, rompem o meu coração. Mudou muito pouco.
ALC - Por que persiste a violência contra a mulher?
Esly Carvalho - Há vários fatores. Um dos principais é o modelo aprendido em família. Todos aprendemos a ser família na família em que vivemos. Se essa família permite a violência, então o modelo de "amar-se" e querer-se como família inclui a violência.
Lembro de uma jovem mulher que veio me ver e me disse que, antes de completar 24 anos descobriu que nem todos brigavam entre si nas famílias. Ela pensava que a violência era uma parte "normal" de ser família.
Nunca devemos subestimar o poder da forma conhecida de viver. Pode ser aterradora, mas é conhecida. Até nossos ditos o comprovam: "Melhor o diabo conhecido do que o anjo por conhecer"; "o mal conhecido do que o bom por conhecer". É importante entender que para melhorar é preciso buscar a saúde do coração.
Talvez um dos maiores mitos da sociedade é que "há de se manter a família unida". Então, muitas mulheres agüentam de tudo para não se divorciarem, em nome da "unidade familiar". O que esquecem é que estão perpetuando o modelo e ensinando seus filhos que não há problema em maltratar as mulheres, que são tão sem valor que se pode fazer qualquer coisa com elas.
ALC - Onde estão os homens nessa questão?
Esly Carvalho - Vivemos uma crise da masculinidade. Os homens também receberam péssimos modelos de ser homem. O modelo machista, de provar constantemente que alguém é homem, também faz mal a eles. Eles tampouco tiveram bons modelos. Seus pais também eram violentos ou ausentes.
A ira mal resolvida, a dor de não ter tido um papai que lhe confirmasse como homem, a dor de não se sentir amado por seu pai, tudo isso contribui para que os homens sofram e descarreguem o seu sofrimento de formas não apropriadas.
Não entendo por quê as palavras "te amo" parecem estar reservadas para o leito de morte. Não sei quantas pessoas me confessaram que seu pai (ou mãe) só lhes disse essas palavras quando estava por morrer. O amor não faz mal! Isso nos ensina 1 Coríntios 13. O amor não está sendo bem ensinado em nossas famílias.
ALC - Que se pode fazer diante dessa situação?
Esly Carvalho - Romper o silêncio. Buscar ajuda. Embora não estejas na lista para deixar a situação de violência, faze algo para que um dia isso possa parar.
As igrejas ganhariam muito se pudessem falar mais abertamente sobre esse tema do púlpito (mas sabemos que muitos pastores também são abusadores físicos e que não querem falar de sua própria situação!).
As mulheres precisam saber como romper seus modelos de co-dependência para que possam ajudar a formar uma nova geração de filhos que aprendam a resolver conflitos sem violência. Poderiam formar grupos de apoio e crescimento emocional, grupos para que as mulheres possam crescer em sua auto-estima e acreditar que possam sair disso.
Os homens precisam de novos modelos de ser homens. Todos precisam curar seu coração. Sem sanidade, não há santidade.
ALC - O que você tem a falar de sua atividade como escritora?
Esly Carvalho - Meu livro mais recente, Saúde Emocional e Vida Cristã, foi finalista no Prêmio concedido pela Associação Brasileira de Editores Cristãos (ABEC), no Rio de Janeiro, na categoria Vida Cristã. Já foram publicadas três edições em português. A versão em espanhol encontra-se nas mãos da Casa Criação.
Também o livro Família em Crise tem um capítulo sobre a violência doméstica. E em Asas de Saúde há exercícios para a saúde do coração.
*Esly é autora dos livros Quando o Vínculo Se Rompe e Saúde Emocional e Vida Cristã
Em 25 de novembro, celebra-se o Dia Mundial da Luta pela Não-Violência contra a Mulher.
Sobre o tema, ALC conversou com Esly Regina Carvalho, psicóloga e psicoterapeuta brasileira, especialista em saúde emocional. Ela trabalhou na área durante mais de 20 anos no Brasil, Bolívia, Equador e Estados Unidos. Escreveu vários livros a respeito. Atualmente, trabalha no ministério Esperança para o Coração, nos Estados Unidos.
Esly Regina Carvalho foi fundadora, em 1998, do ministério Praça do Encontro. Escreveu bibliodramas, psicodramas e obras para psicoterapia de grupo. Estudou na Universidade de Brasília. Ela fala português, espanhol e inglês.
ALC - A sociedade hoje está mais consciente do problema que constitui a violência contra a mulher?
Esly Carvalho - Talvez se possa falar, atualmente, de forma mais aberta sobre o problema, mas, em geral, continua na categoria de "segredos bem guardados". As dificuldades econômicas, os modelos incorporados dentro das famílias, a vergonha e o medo continuam mantendo as mulheres em situação de vítimas da violência intrafamiliar.
ALC - E nas igrejas?
Esly Carvalho - Nas igrejas cristãs a situação mudou muito pouco. Eu continuo falando do tema na América Latina e na mídia hispânica dos Estados Unidos. Continuo encompridando meus coffee breaks durante minhas falas, porque é quando as mulheres vêm conversar em particular. Pedem contato, quando me contam sua situação, me pedem ajuda, rompem o meu coração. Mudou muito pouco.
ALC - Por que persiste a violência contra a mulher?
Esly Carvalho - Há vários fatores. Um dos principais é o modelo aprendido em família. Todos aprendemos a ser família na família em que vivemos. Se essa família permite a violência, então o modelo de "amar-se" e querer-se como família inclui a violência.
Lembro de uma jovem mulher que veio me ver e me disse que, antes de completar 24 anos descobriu que nem todos brigavam entre si nas famílias. Ela pensava que a violência era uma parte "normal" de ser família.
Nunca devemos subestimar o poder da forma conhecida de viver. Pode ser aterradora, mas é conhecida. Até nossos ditos o comprovam: "Melhor o diabo conhecido do que o anjo por conhecer"; "o mal conhecido do que o bom por conhecer". É importante entender que para melhorar é preciso buscar a saúde do coração.
Talvez um dos maiores mitos da sociedade é que "há de se manter a família unida". Então, muitas mulheres agüentam de tudo para não se divorciarem, em nome da "unidade familiar". O que esquecem é que estão perpetuando o modelo e ensinando seus filhos que não há problema em maltratar as mulheres, que são tão sem valor que se pode fazer qualquer coisa com elas.
ALC - Onde estão os homens nessa questão?
Esly Carvalho - Vivemos uma crise da masculinidade. Os homens também receberam péssimos modelos de ser homem. O modelo machista, de provar constantemente que alguém é homem, também faz mal a eles. Eles tampouco tiveram bons modelos. Seus pais também eram violentos ou ausentes.
A ira mal resolvida, a dor de não ter tido um papai que lhe confirmasse como homem, a dor de não se sentir amado por seu pai, tudo isso contribui para que os homens sofram e descarreguem o seu sofrimento de formas não apropriadas.
Não entendo por quê as palavras "te amo" parecem estar reservadas para o leito de morte. Não sei quantas pessoas me confessaram que seu pai (ou mãe) só lhes disse essas palavras quando estava por morrer. O amor não faz mal! Isso nos ensina 1 Coríntios 13. O amor não está sendo bem ensinado em nossas famílias.
ALC - Que se pode fazer diante dessa situação?
Esly Carvalho - Romper o silêncio. Buscar ajuda. Embora não estejas na lista para deixar a situação de violência, faze algo para que um dia isso possa parar.
As igrejas ganhariam muito se pudessem falar mais abertamente sobre esse tema do púlpito (mas sabemos que muitos pastores também são abusadores físicos e que não querem falar de sua própria situação!).
As mulheres precisam saber como romper seus modelos de co-dependência para que possam ajudar a formar uma nova geração de filhos que aprendam a resolver conflitos sem violência. Poderiam formar grupos de apoio e crescimento emocional, grupos para que as mulheres possam crescer em sua auto-estima e acreditar que possam sair disso.
Os homens precisam de novos modelos de ser homens. Todos precisam curar seu coração. Sem sanidade, não há santidade.
ALC - O que você tem a falar de sua atividade como escritora?
Esly Carvalho - Meu livro mais recente, Saúde Emocional e Vida Cristã, foi finalista no Prêmio concedido pela Associação Brasileira de Editores Cristãos (ABEC), no Rio de Janeiro, na categoria Vida Cristã. Já foram publicadas três edições em português. A versão em espanhol encontra-se nas mãos da Casa Criação.
Também o livro Família em Crise tem um capítulo sobre a violência doméstica. E em Asas de Saúde há exercícios para a saúde do coração.
*Esly é autora dos livros Quando o Vínculo Se Rompe e Saúde Emocional e Vida Cristã
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