Publicado por José Geraldo Magalhães em Pastoral do Combate ao Racismo, Destaques Nacionais - 29/09/2013
Violência contra Jovens
Estudo elaborado por Julio Jacobo Waiselfisz, Mapa da Violência 2013: Homicídios e Juventude no Brasil, publicado pelo Centro de Estudos Latino-Americano - CEBELA, mostra que os negros são maioria das vítimas de homicídios no Brasil. A violência contra os jovens brasileiros aumentou nas ultimas décadas. De 1980 a 2011, as mortes não naturais e violentas de jovens - como acidentes, homicídios ou suicídios - cresceram 207,9%. Considerando só os homicídios, o aumento foi de 326,1%. O homicídio é a principal causa de mortes não naturais e violentas de jovens. Em 2011, a cada 100 mil jovens, 53,4 foram assassinados. Os crimes foram praticados contra pessoas entre 14 e 25 anos. Segundo o estudo, o aumento da violência entre pessoas dessa faixa etária demonstra a omissão da Sociedade e do Poder Publico em relação aos jovens. Outro dado para nossa reflexão: os homicídios de negros crescem 5,6% em oito anos, enquanto brancos caem 24,8% (para ver o estudo na íntegra acesse http://oglobo.globo.com/arquivos/mapa_2013_jovens.pdf). Em palestra o Prof. Ricardo Cappi, no Seminário Oportunidades para Juventude Negra, promovido pela SEPPIR, em maio/2013, em Porto Alegre - RS, chamava atenção para os discursos de parlamentares brasileiros sobre a redução da idade penal do jovem, que trazem os olhares da visão de mundo deles, inclusive sobre a juventude negra. O olhar lançado sobre o jovem negro caracteriza-se por negatividade, pois zera a pessoa, como sujeito. A partir deste olhar a representação no serviço penal é: se o outro é construído como coisa não há interação, mas sim eliminação. A resposta será de eliminação, de repressão, do tipo violência. É uma maneira de lidar com o conflito, tirando o outro da existência. E isto significa dizer: não há lugar para você! Estamos diante do racismo institucional. A omissão da Sociedade e do Poder Público está contribuindo para o aumento dos homicídios de jovens negros. E nós cristãos o que temos feito? A Igreja Metodista reconhece a existência do racismo, tanto que elaborou a Carta Pastoral Sobre Racismo e neste ano produziu um vídeo. O reconhecimento da existência do racismo é um passo importante no enfrentamento ao racismo, pois a partir disso seremos estimulados a agir. A Ênfase 6: Promover maior comprometimento e resposta da Igreja ao Clamor do Desafio Urbano (Plano Nacional Missionário 2012/2016), precisa ser seguida por todas as Áreas de Vida e Trabalho da Igreja. Há necessidade da Igreja como um todo partir para ações concretas de enfrentamento ao racismo e a discriminação racial. Assim, pois amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vos tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade. Filipenses 2 : 12-13.
Eva Regina Pereira Ramão
Referência Nacional de Combate ao Racismo