Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 13/09/2013

Vinte cinco anos de combate ao racismo

Vinte e cinco anos de  trabalho metodista de combate ao racismo

O Credo Social da Igreja Metodista já é um documento centenário. Este é um documento dos mais importantes, que fundamenta nossa fé na salvação das pessoas e na transformação da sociedade. Ele trata da libertação da pessoa de forma total, como parte da criação de Deus; imagem do Deus que acolhe toda a diversidade humana. E, nele encontramos a afirmação de que o racismo é um dos males sociais que devem ser enfrentados pelos metodistas.

Em 2010 estamos também comemorando o pioneirismo da Igreja Metodista, entre as igrejas protestantes, no enfrentamento ao racismo. Graças à consciência, resistência e persistência de pessoas que no passado acreditaram que poderiam ajudar a transformar a Igreja Metodista numa comunidade cristã inclusiva.

 Creio que para muitas pessoas é novidade o fato de que há um quarto de século (1985) foi criada a Primeira Comissão Nacional de Combate ao Racismo da I.M., quando o rev. Antonio Olímpio Santana foi Secretário Geral de Ação Social. Nesse momento tão dinâmico surgiram as primeiras pastorais regionais e várias iniciativas de metodistas negros/as na sociedade, como o Cecune, o Coral Resistência Negra, Fóruns de Mulheres Negras Cristãs, entre outras.

 Após estes vinte cinco anos ainda há pessoas que consideram isto uma bobagem; um movimento sem propósito dentro de uma igreja que não comete o pecado do racismo. Afinal, “Para Deus, não há acepção de pessoas”, “Deus não se importa com a cor da pele, apenas com o espírito”, e, “somos todos irmãos”.

Porém este movimento tem se alimentado da fé em um reino de igualdade e justiça, que deve ser construído ainda neste mundo. Hoje na Igreja Metodista existem a Pastoral Nacional de Combate ao Racismo, três pastorais de Combate ao Racismo (na primeira, segunda e quinta regiões) e o Ministério de Ações Afirmativas Afro descendentes, na terceira região. E nossa  expectativa é que em breve irmãos e irmãs das demais regiões se levantem para ser voz profética conta o racismo que ainda predomina na cultura brasileira em todas as regiões do Brasil.

Temos, como metodistas - principalmente nós metodistas negros e negras – alguns desafios. Primeiro, de nos valorizarmos, enquanto parte de um povo lindo, trabalhador, forte que resistiu a escravização de diversas formas, e não perdeu a memória de seus antepassados. Ao contrário, das lembranças ancestrais construiu sua história e recriou culturas que integram a nossa identidade nacional. Segundo: perceber quando ocorrem brincadeiras, atitudes, ensinamentos, palavras, sermões, cânticos que associam algo ruim, feio, demoníaco, ao povo negro. Em terceiro, quebrar o silêncio. Quarto: buscar de todas as formas a transformação de nossa igreja e da sociedade, em espaços de inclusão, onde tanto pessoas negras, como outras que por qualquer outro motivo são estigmatizadas, possam sentir-se valorizadas, acolhidas e integradas de forma a desenvolver seu potencial.

Diná da Silva Branchini: Mestre em Ciências da Religião, Musicoterapeuta, Assistente Social. Referência Nacional da Pastoral de Combate ao Racismo da Igreja Metodista; Coordenadora do Ministério de Ações Afirmativas Afro descendentes da 3ª. R.E.

 Veja também:

Treze de maio: o que temos a comemorar?


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