Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 20/09/2013

texto Crianças Pastor Ivam

Dia 12 de outubro é dedicado à comemoração do Dia da Criança. Portanto é oportuno, imperativo e urgente se refletir a respeito da verdadeira condição da criança no mundo atual.

Crianças trabalhando em tecelagem inglesa no século XIX. Será que hoje a situação das crianças é muito diferente?

Já estamos vivendo o alvorecer do terceiro milênio. O homem é protagonista de portentosas descobertas e maravilhosas conquistas em todas as áreas do conhecimento. Desvenda os mistérios da Física e da Química, interpreta as complexas leis da engenharia genética, navega soberano pelo espaço sideral, sonda o Universo em busca de vidas humanas em outros planetas, mas, tropeça em itens elementares da lei do amor ao próximo. O seu tratamento para com a criança é prova incontestável de seu fracasso nesta faixa etária do ser humano.. Em algumas camadas da sociedade, ela está relegada a um plano de somenos importância e exposta a múltiplas formas de exploração e sem perspectivas para o futuro.

Milhares delas combatem nos campos de batalhas, em diferentes partes do mundo. São chamadas para ajudarem a desfazer as confusões que os "adultos" armaram e não sabem como resolvê-las.

Na última década, dois milhões de crianças perderam suas vidas e seis milhões ficaram mutiladas ou gravemente feridas, física e psicologicamente, em combates.

Na guerra civil, na vizinha Colômbia, cerca de onze mil crianças lutam em guerrilhas e nas forças paramilitares.

Dez milhões estão refugiadas, pois, não há condições de viverem em seus próprios países.

 

No Rio de Janeiro, seis mil crianças "trabalham" no tráfico de drogas e entorpecentes.

Em toda a África, cujos países vivem permanentemente em conflitos armados, mais de cem mil crianças estão neles envolvidas.

Em nosso país, cerca de três milhões de crianças trabalham, às escondidas, fugindo da legislação e da fiscalização trabalhista; muitas delas em condições de trabalho escravo.

Grande percentual de crianças, nascidas no Brasil e em outras partes do mundo, não existem juridicamente, pois, não são registradas; e 21,5%, das nascidas nas 3.660 das 5.562 cidades brasileiras, são sub-registradas.

Milhares vivem ao relento, expostas a toda forma de carências e podridão moral; reféns do submundo do crime e da violência.

Muito embora a Declaração dos Direitos da Criança, aprovada pela Assembléia Geral das Nações Unidas, em l959, seja um poderoso instrumento a seu favor, as suas prescrições têm sido objeto de lamentável desprezo!

A sociedade organizada e as denominações religiosas devem se levantar, de forma dinâmica e corajosa, e intervirem neste caos ante a iminência de desestrutura da família, o que representa grande ameaça à estabilidade social.

Pitágoras (filósofo grego, 580 - 500 a.C.) disse: "Educa a criança e não será preciso punir o homem" e Machado de Assis, em Memórias Póstumas de Brás Cubas, escreveu "O menino é o pai do homem". Tais abalizadas afirmativas apontam para a realidade de que a orientação e a formação que a criança recebe serão reproduzidas e expressas em sua vida adulta.

O ensino bíblico prescreve "ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho não se desviará dele." (Pv 22.6).

Jesus ensinou aos discípulos o real valor da criança. Trazendo uma criança, colocou-a no meio deles, e, tomando-a em seus braços, disse-lhes: "qualquer que receber uma criança como esta em meu nome a mim me recebe..." (Mc 9.36-38). Enquanto noutro momento de seu ministério enalteceu a figura da criança quando disse: "Deixai-vir a mim as criancinhas e não as embaraceis porque delas é o Reino dos Céus" (Mc 10.14)

Nas sociedades antigas a rejeição de crianças, das mais absurdas formas, era prática aceita e justificada juridicamente.

As primeiras comunidades cristãs iluminadas pelas novas concepções humanitárias, introduzidas pelos ensinos do Novo Testamento, manifestavam grande compreensão para com as crianças. O entendimento a respeito da família contrastava frontalmente com os princípios e hábitos da sociedade greco-romana.

Os evangélicos de modo geral e os metodistas em particular, inspirados no alto apreço e ternura com que Jesus acolhia as crianças, devotaram-lhes especial atenção e nelas vislumbraram um enorme potencial.

João Wesley, em correspondências e em seu diário, sempre demonstrou afeição e grande preocupação para com as crianças. Dirigiu muitas reuniões somente para elas. No seu Diário (20/4/1788) relata ter falado em Boston, EUA, no período da tarde, para um público de 900 a 1000 crianças. Publicou material didático, tais como: Lições para as Crianças; Hinos para Crianças; um livro de orações intitulado Orações para Crianças e também mais de 200 histórias bíblicas para crianças. Fundou escolas, orfanatos e organizou classes e sociedades mirins para atendê-las. Orientou pais e mães sobre a responsabilidade de educarem seus filhos desde a mais tenra idade. Autor de muitos livros de sermões dedicou o sermão de nº 95 à educação das crianças.

Os dois últimos Concílios Gerais recomendaram zelo prioritário para com as crianças. Nossa Igreja possui departamentos nacional, regional, distrital e local de trabalho com crianças. Além de promover encontros, em todas as instâncias, para preparação de pessoas que trabalham com crianças, produzir material para EBF e manter uma página própria para elas, no site nacional, instituiu também a Vigília Nacional em favor das crianças.

Nossos bispos/a têm escrito Pastorais para as crianças; têm lhes endereçado carinhosas missivas e também para seus pais e mães.

Em nosso país a Igreja Metodista produziu a primeira revista bíblica infantil - A Nossa Gente Pequena-, para a Escola Dominical, publicada em 1884 e 1886, pelo rev. John James Ransom.

Quanto mais se sentirem acolhidas, amadas e envolvidas nas celebrações e ritos, constantemente desafiadas a participarem das atividades da Igreja, maior será o seu desenvolvimento social e crescimento na fé. Nós, metodistas, cremos que as crianças participam da salvação em Jesus Cristo. São alcançadas pela graça de Deus e devem ser ensinadas a fim de que não se desviem dos caminhos do evangelho.

A certeza do amor de Deus é a maior herança que os pais podem deixar para seus filhos e para os filhos de seus filhos e este amor deve estar refletido no estilo de vida espontâneo de cada família cristã.

As crianças, no contexto mundial, ainda continuam sendo as grandes vítimas de irrefreável exploração e sórdidas formas de abusos, pois, são crédulas, ingênuas, sem malícia, frágeis, indefesas, e, por conseqüência, facilmente iludidas.

Contudo, ainda existe esperança. É possível se observar sinais, visíveis e concretos, indicadores de mudanças no trato dispensado às crianças. Há muitas instituições e entre elas a Igreja, que militam a favor das mesmas.

A Igreja Metodista com toda a sua influência, disposição, tradição cultural, recursos humanos, materiais e espirituais, e, sobretudo, seu admirável histórico de dedicação às crianças está, incondicionalmente, ao lado delas. Permanece atenta, vigilante e sempre na vanguarda para defender os seus direitos e dignidade, até que todos reconheçam que a Criança merece mais amor e respeito.

Rev. Ivam Pereira Barbosa (redator do Informativo Regional da 5ªRE)

Bibliografia:

• Folha de São Paulo

Pastorais Episcopais

Bettenson H - Documentos da Igreja Cristã - SãoPaulo, ASTE

Voz Missionária, out/dez/ 2003

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