Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 25/07/2013
Testemunho do bispo Adonias Pereira do Lago Eu Tenho um chamado!
O presidente da Igreja Metodista e da 5ª Região Eclesiástica, bispo Adonias Pereira do Lago relata um testemunho de vida envolvendo a vocação, submissão e sustento de Deus. Uma reflexão edificante na atualidade em que os valores as vezes são maiores que a dependência de Deus. Leia abaixo e não deixa de compartilhar!
Eu tenho um chamado!
“Então o Senhor disse a Abrão: “Saia da sua terra, do meio dos seus parentes e da casa de seu pai, e vá para a terra que eu lhe mostrarei”. “Farei de você um grande povo, e o abençoarei”. Tornarei famoso o seu nome, e você será uma benção. Abençoarei os que o abençoarem, e amaldiçoarei os que o amaldiçoarem; e por meio de você todos os povos da terra serão abençoados". Partiu Abrão, como lhe ordenara o Senhor, e Ló foi com ele. Abrão tinha setenta e cinco anos quando saiu de Harã. “Levou sua mulher Sarai, seu sobrinho Ló, todos os bens que haviam acumulado e os seus servos, comprados em Harã; partiram para a terra de Canaã e lá chegaram” (Gn 12.1-5).
Cada um/a de nós conhece cânticos com o tema desta reflexão. Cada um/a tem um chamado da parte de Deus. Recebi o meu para ser pastor, por volta de 1980, quando tinha 19 anos. Estava me preparando para ser técnico em eletrônica e gostava muito do que fazia. Servia a Deus como leigo em minha igreja local.
Esse chamado foi crescendo em meu coração a ponto de perceber que se daria em tempo integral em minha vida. Meu coração ficou inundado por esta vocação de tal maneira que não pensava em outra coisa, queria largar tudo e ir para a obra de Deus, não importava onde e como, queria obedecer de imediato. Não pensava se iria ganhar alguma coisa ou não, meu coração ardia em seguir o que Deus estava me indicando.
Apesar da pressa, Deus tem seu tempo e tive que esperar o momento certo para dar passos rumo ao santo ministério. Entendi que minha igreja local precisava ver os sinais de minha vocação e eles me acompanharam pela Graça de Deus. Precisava do apoio e acompanhamento pastoral, e o recebi, mesmo que tardiamente; precisava de frutos que confirmasse o chamado e eles foram aparecendo em meu labor enquanto leigo junto à igreja. Depois de alguns anos, entendi que precisava estudar, me preparar biblicamente para servir melhor a Deus onde fosse enviado.
Assim o fiz por cinco anos em Campinas e São Paulo. Foram tempos preciosos de grande edificação, preparo e capacitação. Possuía, desde então, a clareza de que somente um curso de teologia não me faria um pastor, mas sim um chamado que se reafirma, dia a dia, para fazer o melhor para a obra de Deus.
Entendi que, ao constituir uma família, estaria deixando para trás a minha família biológica, meus familiares, a minha igreja local, bem como minha cidade. Orei muito nessa direção e quando conheci a Marta e decidimos nos casar. Antes do casamento, deixei claro para minha futura esposa o teor de meu chamado, a realidade de minha denominação, o tamanho de minha região, informei que possivelmente iríamos para longe, ganharia pouco e que visitaria pouco a nossa família. Ela entendeu tudo e aceitou estar comigo no ministério da maneira que Deus e a igreja desejassem. Assim tem acontecido até os dias de hoje, pela graça e misericórdia de Deus. Na verdade, nós temos um chamado!
Submissão - Eu nunca pedi para ir a nenhuma igreja específica, mas sempre procurei ficar o máximo de tempo possível onde Deus e o Bispo me enviassem. Na cidade onde chegava, entendia que aquela seria a minha cidade, minha casa, minha igreja, minha família, minha missão e sempre procurei dar o meu melhor por onde passei. Jamais negociei salário na igreja local, pois entendia que meu sustento vinha e vem de Deus, e Ele usa a igreja para esta provisão. Jamais pedi aumento de salário, mesmo em uma das igrejas em que cheguei a ganhar abaixo da base regional.
Deus, em sua fidelidade, jamais nos abandonou e nunca deixou de suprir minhas necessidades. Em especial, quando nossa filha Laura obteve um diagnóstico difícil e nossa comunidade nos abençoou com recursos que não possuíamos. Aprendi a depender de Deus muito cedo em minha vida, em especial em minha família, de origem pobre, e, em todo o período de seminário. Experimentei de diversas maneiras, em muitas ocasiões, o cuidado de um Deus Provedor!
Sempre amei a minha família e aprecio quando estamos perto, mas depois que Deus me chamou para um ministério itinerante, entendi que deveria deixar minha parentela e seguir o chamado para onde Deus me enviasse. Por esse entendimento, não ficava pedindo a Deus ou ao Bispo, nas nomeações, para ficar mais próximo deles. Neste tempo, meu pai e minha mãe partiram para o Senhor e Deus tem cuidado de minha parentela, mesmo eu estando longe deles. Nunca pedi para voltar para minha terra natal, pois eu tenho um chamado e desejo ser fiel a ele custe o que custar.
Renúncia - Quando fui eleito para o episcopado, Marta e eu, deixamos nossos filhos em Uberlândia. A separação de cidade e a convivência diária com nossos filhos deixamos para trás. Doeu a perda e choramos. É difícil qualquer separação, mas eu tenho um chamado e não poderia retroceder por causa de meus filhos, por mais que eu os ame! Deus cuida de nossa família e de nossos filhos melhor do que nós mesmos.
Não sei qual o teor do seu chamado. Posso afirmar que fui chamado para ser pastor de almas, cuidar de vidas, famílias, pastorear a cidade e fazer esse trabalho de tempo integral. Deus me chamou e entendi que a renúncia, a abnegação, o deixar para trás, são o preço a ser pago. Cada um/a deve decidir se está disposto a pagar ou não.
Vivemos num tempo onde predominam nossas vontades individuais, direitos, propostas e negociações individuais. Ao se aproximar a data conciliar, alguns pastores/as condicionam suas nomeações somente aos interesses pessoais e familiares. Sei que não é fácil ser pastor/a, largar tudo e ir para a obra sem olhar para trás. Quantos vão, mas ficam chorando pela família e pela terra que ficou para trás e não colocam o coração onde Deus os plantou para serem bênçãos em suas mãos?
Quantos de vocês que, se hoje não tiver em garantias financeiras, além do mínimo necessário, não querem sair de onde estão? Não olham mais para os campos? Não se colocam para enfrentarem novos e maiores desafios, se preocupando apenas se podem estar numa igreja que paga um melhor salário? Cada um/a buscando seu lugar de conforto?
Somos pastores/as consagrados ao santo ministério ou estamos a negociar na seara denominacional?
O sustento de Deus - O fato é que Deus nos chama, nos capacita, nos sustenta para sermos uma benção em Suas mãos, onde Ele deseja nos enviar. Onde estão os escolhidos/as com um verdadeiro chamado divino e que têm a coragem de dizer de todo coração: - Senhor, eis-me aqui, envia-me a mim? Estou disposto a pagar o preço que for preciso, contando que eu cumpra a vontade de Deus onde for necessário? Que condições eu tenho imposto a Deus, ao Bispo, a igreja, ao SD para ser nomeado/a?
Se for para iniciar um novo trabalho, iniciar meu ministério numa nova igreja, ganhando a base regional, estaria disposto/a a deixar para trás meu conforto, meu salário maior, minha estabilidade familiar, minha terra, minha parentela? Essas escolhas são minhas ou as coloco sob os cuidados de Deus?
Você tem um chamado divino? O que tem feito com ele? Ele continua puro, santo, imaculado, ou está comprometido por seus interesses pessoais e familiares?
Você ainda tem um chamado? Ele é divino ou humano? Você está disposto a colocá-lo inteiramente nas mãos de Deus hoje ou existem muitos condicionantes que o/a impedem de exercer um chamado divino segundo o coração Daquele que te chamou e te enviou ao mundo para te constituir uma grande família e ser uma benção por onde passar?
Deus, em Sua palavra, disse que faria de Abrão um grande povo e o abençoaria. Já imaginou se ele não tivesse saído de sua terra e deixado sua parentela? Seu ministério tem sido abençoado? Há muitos frutos com qualidade em seu labor pastoral? Em outras palavras, pergunto: as igrejas por onde você têm passado tem sido prósperas, abençoadas, frutíferas, de grande qualidade e numericamente grandes? Digo isto porque Deus te chama e, se você for fiel integralmente a Ele, o resultado não será diferente das perguntas acima. A obediência e fidelidade a Deus, em primeiríssimo lugar, sempre atrai em muitos frutos para seu reino!
Você escolhe, querido pastor e querida pastora, a maneira como deseja obedecer e, no final, Deus vai decidir a maneira de julgar segundo as suas obras. Principalmente por você ser um/a dos seus chamados/as para o santo ministério!
Em oração por sua vida, família e ministério.
Pastor Adonias na função de bispo