teses sobre protestantes

Teses acadêmicas enfocam o "gospel" e a participação de evangélicos na política

SÃO PAULO,2 de março (ALC) - Diante do resultado da eleição de outubro passado, quando a bancada evangélica no Congresso Nacional viu seu número reduzir de 62 parlamentares para poucos mais de 30 na legislatura que agora se inicia, as igrejas pentecostais terão que reestudar sua inserção na política brasileira.

A diminuição de parlamentares da bancada evangélica deve-se ao envolvimento de muitos não-eleitos, dentre eles pastores e bispos, em práticas de corrupção, como a máfia dos sanguessugas e o escândalo do mensalão, embora esses políticos se apresentassem como "cidadãos evangélicos acima de quaisquer suspeitas".

O doutorando Saulo de Tarso Cerqueira Baptista defenderá tese, no dia 8 de março, enfocando esses fatos no trabalho que tem por título "Cultura política brasileira, práticas pentecostais e neopentecostais: a presença da Assembléia de Deus e da Igreja Universal do Reino de Deus no Congresso Nacional (1999-2006)".

Orientado pelo professor Leonildo Silveira Campos, do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), Saulo de Tarso entrevistou 25 deputados federais evangélicos em Brasília, rastreando a origem das práticas corruptas de muitos deles.

No dia 9, estará em banca a doutoranda Jacqueline Ziroldo Dolghie, também orientada pelo professor Silveira Campos, que vai defender a tese "Por uma sociologia da produção e reprodução musical do presbiterianismo brasileiro: a tendência gospel e sua influência no culto".

A tese trata do impacto da produção industrial da música "gospel" sobre a liturgia e cântico das igrejas protestantes históricas brasileiras. A autora mapeia e localiza os principais grupos neopentecostais produtores desses bens simbólicos, as estratégias de marketing religioso que empregam e a presença do "gospel" nos meios de comunicação de massa.

A autora constata, na tese, que o sucesso da música "gospel", de modo particular entre os jovens evangélicos, leva à crise na hinologia e liturgia do protestantismo tradicional. O "gospel" desorganizou a centralidade litúrgica do culto protestante brasileiro ao redor do púlpito, do cântico coral e o uso de hinários com letras herdadas, em grande parte, do protestantismo norte-americano e inglês do século XIX.