Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 16/10/2012

Teólogos afirmam que é necessário um novo sistema financeiro

"Precisamos de um novo sistema financeiro capaz de conter a ganância", dizem teólogos e economistas - Foto: Marcelo Schneider/CMI

Teólogos, ativistas envolvidos na luta contra a pobreza e economistas reuniram-se no Brasil para desenvolver princípios para um novo sistema econômico. Eles emitiram uma declaração na qual apontam o consumismo exagerado e a ganância como fatores-chave a serem abordados na busca por uma distribuição mais justa dos recursos disponíveis no mundo. A declaração foi emitida ao final da "Conferência Ecumênica Global sobre uma Nova Arquitetura Econômica e Financeira", que aconteceu entre 29 de setembro e 5 de outubro, na cidade da Guarulhos. Os participantes foram convidados pela Comunhão Mundial de Igrejas Reformadas (CMIR), em parceria com o Conselho Mundial de Igrejas (CMI) e o Conselho para Missão Mundial (CMM).

Inclusão social, justiça de gênero, cuidado com a natureza e ações concretas para superar a ganância são apontados como critérios para uma nova arquitetura econômica e financeira.

"Os governos e as instituições internacionais devem substituir o Produto Interno Bruto como indicador principal do progresso econômico por outros indicadores que incluam o trabalho decente, indicadores de qualidade e o volume de saúde e educação e medidas de sustentabilidade ambiental", diz o documento.  A declaração recomenda uma série de ações, como a formação de uma escola ecumênica de adminstração, economia e gerenciamento e a criação de uma comissão global promovida pelo movimento ecumênico para impulsionar o trabalho da Comissão de Especialistas em Reformas do Sistema monetário e Financeiro Internacional, presidido pelo Prof. Joseph Stiglitz.

A afirmação do direito à comunicação como parte do processo de empoderamento das comunidades que estão desenvolvendo alternativas às estruturas econômicas e financeiras atuais está na lista de propostas de ação.

Omega Bula, da Igreja Unida do Canadá, que moderou o grupo que redigiu o documento, disse que a importância desta declaração é que ela oferece alternativas claras ao modelo atual.

"É importante ter algo com que trabalhar", disse ela. "Frequentemente somos desafiados quando apenas criticamos algo e então nos perguntam o que achamos que deveria ser feito. Este encontro ofereceu algumas alternativas".

O Dr. Rogate Mshana, do CMI, afirmou: "As propostas mais contundentes que precisam de continuidade por parte de um painel ecumênico são a substituição do Fundo Monetário Internacional por uma nova Organização Monetária Internacional democrática e uma alternativa para a atual moeda de reserva internacional". Mshana coordena o programa do CMI sobre Pobreza, Riqueza e Ecologia.

O secretário geral do CMM, Rev. Dr. Collin I. Cowan salientou a diversidade de áreas presnetes na conferência e o consenso atingido. "Os resultados desta conferência sugerem que há boa vontade e coragem suficientes entre nós para participarmos de um processo capaz de corrijir os erros de uma sociedade que está alucinada por injustiça na economia e com a Terra".

O moderador do Comitê Central do CMI, P. Dr. Walter Altmann, acrescentou: "Há questões comuns a pessoas e igrejas do Sul e do Norte justamente porque a crise financeira mostrou uma dinâmica que afetou profundamente as condições de vida das pessoasem toda a parte".

Pamela Brubaker, professora emérita de religião na Universidade Luterana da Califórnia, nos Estados Unidos, sentiu-se inspirada pelo documento final. "Temos uma decaração profética que está profundamente enraizada em nosso entendimento ecumênico acerca da fé cristã. Reunimos nossas perspectivas acerca de uma economia da vida de todos", disse Brubaker.

"Quero que vocês vejam este dia como o início de uma nova era de ação", declarou o secretário geral da CMIR, Setri Nyomi, ao final do encontro. "Espero que o compromisso que elaboramos seja o passo incial rumo a uma economia que serve à vida, em vez daquilo que o mundo tem experiementado até agora", concluiu.

Leia a íntegra da declaração final da Conferência (em inglês):


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