Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 13/09/2013

Tempo de Concílios

 

 Os meses de novembro de dezembro deste ano serão marcados pela realização dos Concílios Regionais. Sempre é bom lembrar o que significa concílio.

 

Concílio quer dizer "convocação de uma representação determinada, para definir e deliberar sobre pontos atinentes à missão que lhe é própria".[1] O artigo 9º da Constituição da Igreja Metodista define Concílios como "órgãos jurisdicionais que se reúnem periodicamente para tratar dos interesses das respectivas áreas". Neste sentido, o verbo conciliar tem vários significados que nos ajudam no cumprimento das nossas tarefas conciliares. Ele quer dizer "pôr de acordo", "aliar, unir, combinar", "atrair, granjear, captar".[2]

 

Este convite é feito pela Palavra de Deus e está expressa em Filipenses 4.2: "...pensem concordemente, no Senhor". O convite é para que conciliemos nossos desafios, nossos interesses, nossa disposição em servir ao Senhor, nossos sonhos, nossas esperanças, nossas convicções, nossas energias, etc. Como nos diz o apóstolo: "tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus" (Fp 2.5).

 

Conciliar, portanto, tanto pode ser a pessoa que está presente num Concílio como delegado ou representante de alguma igreja ou órgão, mas também pode representar o diálogo que envolve estes conciliares em torno de idéias, de temas, de planos, de assuntos de suma importância para a vida da Igreja. Não há concilio se não houver disposição para a conciliação.

 

A pergunta que fazemos no título desta reflexão é para provocar a reflexão: estamos em concílio para conciliar, reconciliar ou desconfiar uns dos outros e dos diferentes grupos que estão presentes no evento?

 

Se for para conciliar ou reconciliar alguns temas se apresentam como fundamentais e norteadores dos trabalhos e dos debates conciliares:

 

1.      Plano missionário. Qual é o plano? Quais são as estratégias de ação? Quem estará envolvido na realização do Plano?

2.      Identidade confessional. Quais são as ênfases da identidade confessional que perpassaram pelas discussões, estudos e decisões?

3.      Formação e educação da membresia. O que está sendo projetado em termos de formação, educação e mobilização dos diversos membros da Igreja para que não sejam alvos dos movimentos "pescaria no aquário" e dos grupos fundamentalistas e neo-pentecontais que se inseriram nos ambientes confessionais da Igreja?

4.      Como os conciliares estão tratando dos temas da ética, cidadania, responsabilidade social, caráter e responsabilidade cristã?

5.      Com relação à liderança das igrejas e dos ministérios qual será a ênfase? Formatação segundo um modelo estereotipado? Há uma "cartilha" oculta que deve ser seguida pelos líderes, caso contrário eles não poderão exercer suas lideranças? Ou há espaço para a diversidade no âmbito do exercício da liderança cristã?

6.      E o discipulado? Vai virar encontro com Deus? Já virou encontro com Deus? Vai seguir propostas eclesiológicas antagônicas a eclesiologia metodista?

 

Eu desconfio que os temas que estarão em pauta, formal e informalmente, serão os das eleições ao Concílio Geral e as candidaturas ao episcopado. Há quem desconfie que listagens estejam sendo distribuídas com nomes que deverão ser contemplados nas eleições e nomes que não devem ser considerados para nenhum cargo, sobretudo as de delegado ao Concílio Geral. Se for assim, é no mínimo lamentável.

 

Como membro de um Concílio eu quero conciliar meus pensamentos, minhas energias e minhas forças para a conciliação e reconciliação. Espero não ter que desconfiar...

 

Bispo Josué Adam Lazier



[1] Ferreira, Aurélio Buarque de Holanda, Novo Dicionário da Língua Portuguesa, Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira.

[2] Ferreira, Aurélio Buarque de Holanda, Novo Dicionário da Língua Portuguesa, Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira.


Posts relacionados

Geral, por José Geraldo Magalhães

Geral, por José Geraldo Magalhães

Geral, por José Geraldo Magalhães

Geral, por José Geraldo Magalhães