Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 13/09/2013
Sobre o meio ambiente
Por Diana Gilli*
Chuvas, enchentes, estiagem e tremores de terra. Esse foi o cenário encontrado nos últimos meses nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste do Brasil. Os estados que sofreram mais foram: Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e a região serrana do Rio de Janeiro, que teve o maior desastre natural da história do país. Mas afinal, o que está acontecendo com o clima?
Cientistas que estudam o sistema climático da Terra e suas alterações afirmam que projeções futuras apontam para a possibilidade de eventos climáticos extremos. "Existe uma grande probabilidade das regiões chuvosas ficarem mais intensas, ao mesmo tempo em que as regiões de seca no Norte e Nordeste também se intensificarão", diz a professora Ilana Wainer, do Departamento de Oceanografia Física do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP). Segundo ela, há evidências científicas de que, com o aquecimento do clima, os fenômenos meteorológicos extremos se tornam mais intensos e frequentes.
No Brasil, as chuvas causam problemas sérios em Minas Gerais, São Paulo e, agora, em Santa Catarina, enquanto a estiagem castiga parte do Rio Grande do Sul. "No caso do Rio de Janeiro e do Sudeste, por exemplo, não há comprovação científica de relação direta, mas muitas evidências de que o aumento das chuvas esteja relacionado também às alterações climáticas. Há no mundo inteiro evidências fortes de que os eventos climáticos estão mais intensos”, explica Ilana.
“Mas, para que acontecesse o que aconteceu no Rio de Janeiro, precisam ser considerados pelos menos outros dois fatores: o desmatamento e a ocupação de áreas de risco", explica o geógrafo e professor de Climatologia do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Francisco Aquino. A Zona de Convergência da Umidade é um sistema meteorológico no qual o vapor de água da região Amazônica segue se concentrando até o Sudeste.
Em janeiro, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) confirmou que 2010 foi o ano mais quente desde que começaram a ser feitos os registros, no final do século XIX. Entre 2001 e 2010, as temperaturas globais tiveram um aumento médio de 0,45°C em relação à média registrada de 1961 a 1990, além de terem sido as mais altas já registradas para um período de 10 anos. Tomando-se apenas 2010, a temperatura foi 0,53 Cº mais elevada do que as médias registradas entre 1961 e 1990; 0,01 Cº superior a de 2005 e 0,02 Cº a de 1998.
O fenômeno pode ser observado localmente. Aquino cita o exemplo do Rio Grande do Sul, que ficou 0,5 Cº mais quente nos últimos 50 anos e onde as chuvas aumentaram em 8% e 10%. "Como chove mais e nas estações mais quentes ocorrem mais chuvas, há mais tempestades. Mas ainda não conseguimos quantificar quanto das alterações se deve a causas naturais e quanto não", afirma Ilana.
Para Luis de Souza Cardoso, Secretário Executivo da Rede Metodista de Educação todos esses desastres naturais só tem uma explicação: o planeta está gemendo as dores do desequilíbrio ambiental, a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora (Rm 8.22). “Parece-me que todas essas situações que enfrentamos nestes dias nada mais são do que "sinais dos tempos”, explica ele.
Cardoso acredita que toda a humanidade precisa mudar seus hábitos, corrigir-se “se é que ainda há tempo, para frear o enorme desequilíbrio causado neste planeta, nas suas condições climáticas, na desorganização dos seus ciclos naturais, na ocupação desordenada e inadequada dos espaços, etc”. Para ele, são sinais dos tempos pelos quais Deus e a natureza por Ele criada está querendo dizer alguma coisa.
O Secretário explica que a Igreja de Cristo está diante de uma grande tarefa evangelizadora. E que se por um lado o Corpo é desafiado à solidariedade por outro, Deus também pede uma mudança de consciência para denunciar toda e qualquer agressão ao meio ambiente, que causa os desequilíbrios naturais.
Para concluir, Luis Cardoso afirma também que a tarefa da Igreja passa pelo chamamento ao arrependimento, à mudança e a correção pessoal, comunitária e governamental, para que se possa garantir às atuais e futuras gerações, dias melhores, dias em que se cumpra em plenitude a promessa de Jesus Cristo, para que todos tenham vida e a tenham em abundância (Jo 10.10), e isso inclui o ser humano e a criação.