Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 13/09/2013

Siga, e não faça perguntas

“Partindo Jesus dali, viu um homem chamado Levi sentado na coletoria e disse-lhe: Segue-me! Ele se levantou e o seguiu” (Mateus 9.9)

Sempre me fascinou o fato de Jesus ter chamado alguns homens para segui-Lo e eles de pronto abandonarem seus afazeres, sem nada perguntar. Aos pescadores disse-lhes: “vinde após mim”, e estes “deixaram imediatamente as redes e o seguiram” (Mt 4.20). Encontrou a Levi, o publicano, sentado na coletoria, e chamou-o: “Segue-me!” e ele “se levantou e o seguiu” (Mt 9.9).

Cadê o programa? O contrato? Quais são os riscos? Onde estão as garantias? É bem provável que eles já tivessem ouvido falar do Messias, mas isso não diminui o valor do passo que deram.

Talvez a palavra que melhor resume uma vida cristã seja justamente esta: “Segue-me”. O que Jesus deseja que eu faça não é decorar um conjunto de regras, nem praticar diariamente determinados rituais, mas simplesmente segui-Lo.

De uma maneira geral olhamos o que as pessoas estão fazendo de errado em suas vidas, e de pronto exclamamos para elas: abandonem a bebida... parem de se prostituir... deixe de ser gay... chega de mentir.... É a tentativa de mudar comportamentos sem que se mude o indivíduo. Felizmente, o programa de vida que Jesus tem pra nós começa com uma só palavra: “Segue-me!”.

Se formos honestos haveremos de reconhecer que somos  seres disfuncionais, que precisam de constantes ajustes. Jesus sabe disso e em nenhum momento Ele espera que eu apresente “melhoras” para acompanha-lo. Ao contrário, segui-lo é o tratamento que Ele tem para as minhas disfunções.

E nisso, estamos todos na mesma luta, qual seja, a de submeter o nosso ser a Cristo e vencer o pecado que deseja nos dominar. O avarento, “que é idólatra” (Ef 5.5), mas vai à igreja, não está em melhores condições que um seguidor de Krishna.

Levi, por exemplo, pertencia à classe dos publicanos, que não eram bem-vistos pelo povo.  Eles eram classificados entre as prostitutas e os pecadores mais vis. Talvez hoje fôssemos até ele e tentaríamos convence-lo de seus erros. Jesus, porém, vai ao seu encontro e simplesmente o convida a segui-lo – e nenhuma palavra sobre o seu estado!

Possivelmente muitos cristãos terão de conviver o resto de seus dias com alguns traços, propriedades, mazelas ou doenças interiores que estão profundamente arraigadas na alma. No fundo sabem que, por amor a Cristo, haverão de trilhar uma vida de renúncia – diária, árdua, consciente, mas não amargurada. É como o alcoólatra que renunciou à bebida, mas cônscio que o mal continua vivo dentro dele, e precisará contar com a fé no Jesus de Nazaré enquanto viver. O apóstolo Paulo teve um espinho na carne para que “não se ensoberbecesse” (2Co 12.7), e parece ter suportado isso por toda sua vida. A Bíblia revela que Elias era um homem semelhante a nós, sujeito às “mesmas paixões” (Tg 5.17), e mesmo assim Deus o transladou ao céu. Até o rei Davi, em sua velhice, com o corpo entorpecido, senil e depauperado, conservou até o fim o gosto de estar ao lado de uma moçoila, nem que fosse só para se aquecer (1Rs 1.1-4).

Claro que seguir a Cristo também envolve a mente e tem um sentido racional. Mas há muitos desonestos intelectuais que não se cansam de perguntar. Não que a resposta irá ajudá-los a tomar uma decisão, mas porque tão logo se lhe respondam, já maquinam outra e outra dúvida.

Há pessoas que querem respostas às perguntas mais infantis. É gente que fecha os olhos às metáforas e à poética bíblica, porque desejam transformar as Escrituras num tratado científico. E pior, nem são originais em suas dúvidas. Qual o medo? Sabem no íntimo que se der por convencidas terão de “abandonar suas redes” e seguir o Mestre.

Em Cristo não haverá respostas “a priori”. É preciso ter a coragem de se levantar e segui-Lo. A estes, Ele dará total atenção, revelará o que há em seus corações, contará segredos reservados aos que Lhe são íntimos e desvelará tesouros ocultos. São aos seus discípulos e seguidores que Ele se agrada em dizer coisas que jamais diria às multidões, e responderá para nós algumas questões  – não todas – pois em nossa finitude seríamos incapazes de compreender tão grandes maravilhas.

Almeja encontrar as mais profundas riquezas que um homem pode receber? Deseja receber do Pai das Luzes a iluminação do teu ser? Anela experimentar a Paz que excede todo entendimento? Faça como Levi: levante-se e siga o Mestre sem fazer muitas perguntas. No momento certo ele te explicará.

Pr. Daniel Rocha
Pastor da Igreja Metodista e psicólogo
dadaro@uol.com.br


Posts relacionados

Geral, por José Geraldo Magalhães

Geral, por José Geraldo Magalhães

Geral, por José Geraldo Magalhães

Geral, por José Geraldo Magalhães

Geral, por José Geraldo Magalhães

Geral, por José Geraldo Magalhães

Geral, por José Geraldo Magalhães

Geral, por José Geraldo Magalhães