Publicado por José Geraldo Magalhães em Estudos Bíblicos - 13/09/2013
Sexualidade! Como falar para meu filho(a)?
Fui abordado por alguns juvenis de uma comunidade que pastoreei em SBC para falar sobre o tema da sexualidade; devo confessar que, de fato, tive que buscar mais a respeito, pois os juvenis estão cobertos de razão. Mesmo que o Colégio Episcopal tenha produzido a Carta Pastoral: Afetividade & Sexualidade, eles não têm conhecimento deste documento (pelo menos não tinham). O texto que se segue, embora não esgota o assunto, nos dá possíveis respostas às dúvidas e questionamentos da mocidade que tem enfrentado uma realidade modernista relacionado à sexualidade.
Primeiramente ressaltamos que no final do século passado, muitos acontecimentos se precipitaram para mudar os rumos de nossa compreensão da sexualidade e dos comportamentos sexuais, como por exemplo, a valorização do corpo, a influência dos meios de comunicação, a busca de uma performance perfeita, ou seja, um corpo “sarado” como afirma os jovens. Em contrapartida, hoje estamos diante do fato de sermos sexuados e enfrentamos o desafio de fazer dessa experiência passada, uma experiência cristã. Para isso é preciso compreender a sexualidade de uma maneira científica, mas, sobretudo, Bíblica. Seria interessante fazer levantamentos das conquistas das principais ciências e suas contribuições fundamentais sobre a sexualidade, como a medicina, psicologia, antropologia cultural, sociologia, filosofia, entre outras, mas limitaremos à Bíblia.
Ao contrário que muitos pensam, a Bíblia fala claramente sobre sexo e relacionamentos. Na verdade a nossa sexualidade é parte da criação. Somos seres sexuados pela livre vontade de Deus (Gn 1.26-27). Deus em sua soberana vontade resolve criar o homem e mulher. Nesse sentido, a sexualidade é algo outorgado por Deus e nessa perspectiva, podemos concluir que o sexo é bom (Gn 1.31). Aliás, em todo o relato criacionista, somente uma coisa é assinalada como não sendo boa: “que o homem não estivesse só” o que reforça a idéia de que a sexualidade é algo bom e criado por Deus para a plenitude do ser humano.
O sexo é restrito ao casamento?
“Mas e quando o namoro começa a esquentar?” Me perguntaram depois da aula de Escola Dominical. Devemos ter em mente a princípio dois argumentos para responder essa pergunta: o primeiro é que o sexo está restrito ao casamento (Gn 2.24). Isso implica que o sexo precisa de uma relação duradoura e permanente para desenvolver-se em sua plenitude. A Bíblia afirma ainda que a relação sexual no casamento é uma bênção e um acontecimento prazeroso. Podemos verificar isso no texto de Provérbios 5.15-19, onde percebemos Salomão instruindo um homem de meia idade que pensava em satisfazer-se sexualmente com outra mulher que não sua esposa. O texto chama atenção e alerta o homem que a “mulher de tua mocidade” é uma fonte abundante a jorrar paixão, o que não deve ser desperdiçado e nem cair no engano que outras fontes poderiam saciar melhor o desejo sexual deste homem.
Outro exemplo que não podemos deixar de mencionar é o livro de Cantares ou Cântico dos Cânticos. Todo o livro é uma comunicação franca e aberta entre os cônjuges; o livro de Cantares fala de aspectos importantes da sexualidade, como por exemplo, elogio à beleza e sensualidade do corpo da pessoa amada. O capítulo 5.10-16 é um belo exemplo dessa descrição do corpo feito pela amada ao amado. Neste texto a esposa olha para seu amado e o descreve poeticamente de cima para baixo, ou seja, a face, cabelos, olhos, braços, mãos, barrigas e pernas. Em contrapartida, o capítulo 7 é o esposo que começa a descrever a esposa no sentido inverso: de baixo para cima. Nossa sexualidade, porém, não é só um dom, um presente de Deus. Devemos nos lembrar que somos criaturas caídas tentadas a usar nossa sexualidade para outros fins. Falhamos ao tentar viver de acordo com as normas pessoais e padrões impostos pela sociedade a respeito do amor e da honestidade e, desta forma, compartilhamos com as falhas da desta sociedade que podemos incluir, uma má interpretação da Bíblia.
O segundo argumento para responder a pergunta daquela jovem é seguir o exemplo de um homem que se viu assediado por uma mulher. Vejamos alguns trechos de Gn 39.1-23: “7Aconteceu, depois destas coisas, que a mulher de seu senhor pôs os olhos em José e lhe disse: Deita-te comigo”, o verso seguinte diz que José se recusou a deitar-se com a mulher de Potifar, pois José era temente a Deus e não iria pecar contra o Senhor (v.9). Porém, o assédio continua todos os dias e é narrado mais adiante: “10Falando ela a José todos os dias, e não lhe dando ele ouvidos, para se deitar com ela e estar com ela, 11sucedeu que, certo dia, veio ele a casa, para atender aos negócios; e ninguém dos de casa se achava presente. 12Então, ela o pegou pelas vestes e lhe disse: Deita-te comigo; ele, porém, deixando as vestes nas mãos dela, saiu, fugindo para fora. O restante da história creio que já conhecemos, como a mulher não conseguiu o que queria, o acusou de assediá-la levando-o a prisão. Claro que o desenrolar desta história vai até o capítulo 49 de Gênesis, mas deixamos claro que José não optou por enfrentar a situação, antes “resistiu a tentação”.
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Pr. José Magalhães
Teólogo pela Universidade Metodista de São Paulo, pastor metodista em São Bernardo do Campo e cedido para a Área Geral da Igreja Metodista em 2010 para a Assessoria de Comunicação e Jornalista pela mesma universidade.