Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 13/09/2013
semana de oração
Semana de Oração pela Unidade dos/as Cristãos/ãs
16 a 23 de maio de 2010
Já faz cem anos que os cristãos perceberam que sua divisão era um escândalo e um obstáculo ao trabalho missionário. Por isso, ocorreu em 1910 a Conferência Missionária de Edimburgo, para unir cristãos de toda a terra com vistas à evangelização. Um ano antes nascera a Semana de Oração, que permanece, até os dias de hoje, ecoando as palavras de Jesus: "para que o mundo creia"...
Neste ano, Semana de Oração para Unidade dos Cristãos acontece na semana de 16 a 23 de maio, antecipando a celebração do Coração Aquecido, marco da história metodista. É tempo de pensar em unidade, a começar da unidade que deve nascer dentro do povo metodista. Veja a seguir trechos do documento "Para que todos sejam um", publicado pelo Colégio Episcopal da Igreja Metodista:
Para nós, metodistas, a base para se compreender o sentido do ideal de unidade são as Santas Escrituras, orientadoras da prática de fé de quem se chama cristão/cristã. Nelas há uma referência que podemos interpretar como fundante: encontra-se na oração sacerdotal de Jesus. O evangelista João registrou que Jesus levantou os olhos para o céu e orou:
"Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim, e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós os somos; eu neles e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim. Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam a minha glória que me conferiste, porque me amaste antes da fundação do mundo" (Jo 17. 20-24).
Esta é uma das passagens mais belas e profundas do Novo Testamento e é conhecida como a oração sacerdotal ou oração pela unidade. Jesus não está se dirigindo aos discípulos, nem às pessoas que procuraram se-gui-lo, nem àquelas que se sentiam ameaçadas pelo seu ministério. Jesus está se dirigindo ao Pai, àquele que o tinha enviado. Jesus ora por sua comunidade como um todo, não somente pelos discípulos que estavam com ele, mas também por quem viesse a crer por intermédio deles. Portanto, Jesus estava também orando por nós que temos o privilégio
e a responsabilidade de continuar a sua obra.
A oração de Jesus nos mostra que a unidade de sua Igreja não é fruto da vontade humana nem o cumprimento de meros desejos humanos. É o cumprimento do desejo de Jesus Cristo e condição essencial para que o mundo creia, ou seja, para o testemunho cristão no mundo. Isso quer dizer que a comunidade cristã, para ser fiel à sua vocação, deve expressar, por intermédio de suas relações fraternas e de amor, a mesma união profunda que existe na Trindade, ou seja, entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
A unidade da comunidade cristã é uma antecipação da promessa de realização do Reino de Deus que está presente entre nós, mas que somente experimentaremos de maneira plena na consumação dos tempos. É também um sinal da possibilidade de reconciliação entre os seres humanos e destes com Deus.
COMO A IGREJA METODISTA NO BRASIL DEVE TRATAR O TEMA DA UNIDADE INTERNAMENTE?
A Igreja é constituída de pessoas que trazem consigo seus diferentes modos de viver, de pensar. Há muita diversidade que acaba se refletindo na forma de ser e de viver das igrejas. Por isso, ao longo dos anos de existência da Igreja Metodista, algumas correntes ou grupos com compreensões teológicas diversas nasceram no meio da Igreja. Para exemplificar, conforme os rótulos que foram criados na história, surgiram os conservadores, os liberais, os progressistas, os carismáticos, os neoconservadores, entre outros. São irmãos e irmãs que amam a Igreja Metodista, que querem estar inseridos nela, que entendem a tradição wesleyana. Entretanto, lêem os Sermões de Wesley, os Vinte e Cinco artigos de Religião, as Notas sobre o Novo Testamento e outros escritos, que dão base a nossa teologia, de acordo com o seu ponto de vista teológico e sua visão de mundo. A partir dessa leitura, formulam considerações de acordo com sua perspectiva, surgindo pontos de tensões, por considerarem seu pensamento o que mais se aproxima da proposta do metodismo primitivo. Há também situações em que pessoas de nossas igrejas vivem experiências, leem livros, ouvem e assistem a programas religiosos de rádio e TV e assimilam conteúdos de outras confissões evangélicas que entendem que deveriam estar inseridos na vida da Igreja Metodista. O problema é que esses conteúdos muitas vezes são conflitantes com os princípios doutrinários wesleyanos.
Portanto, as diversas correntes ou grupos assumem posturas messiânicas endurecendo os corações e dificultando os relacionamentos internos. Assim, a prática da unidade cristã no dia-a-dia da Igreja Metodista nos mostra que, por vezes, encontramos maior tolerância para com as comunidades e lideranças não-metodistas do que com os irmãos e irmãs e lideranças da própria denominação. Entendemos ser urgente desenvolver a unidade interna, resolvendo os nossos problemas de relacionamento, caso contrário, não seremos capazes, como Igreja, de nos relacionarmos com qualquer outra denominação cristã, sem que vozes contrárias se levantem evocando a tradição wesleyana.
É necessário que, em todos os momentos da caminhada da Igreja, algumas atitudes sejam observadas:
1. Centralizar na Palavra qualquer relacionamento de unidade;
2. Trabalhar a dinâmica do respeito mútuo (leigos/as-leigos/as; pastores/as-pastores/as; leigos/as-pastores/as; pastores/asleigos/
as; bispos/as-pastores/as; pastores/as-bispos;as; bispos/as-bispos/as) de maneira a guardar a unidade da Igreja Metodista, ao invés de gastarmos boa parte do nosso tempo "destruindo" o ministério de pessoas com quem não concordamos;
3. Reafirmar a soberania das decisões conciliares tanto no nível nacional, quanto no regional, no distrital e no local, para que sejam aceitas, respeitadas e desenvolvidas, evitando-se abusos de poder de lideranças
em qualquer nível. Da mesma forma, reafirmar o governo episcopal e suas orientações pastorais, doutrinárias, eclesiásticas, que devem
ser cumpridas, implementadas e respeitadas, à luz dos votos assumidos na recepção como membros da Igreja Metodista, e, no caso dos clérigos, no momento de credenciamento e ordenação;
4. Possibilitar um relacionamento interno com respeito ao tema da unidade cristã, demonstrando claramente os valores metodistas em que cremos e até onde podemos caminhar pela unidade cristã;
5. Criar ambientes para o diálogo, respeitando a diversidade da nossa igreja, porém, sem radicalizações que fragilizem os relacionamentos;
6. Tornar claro que o fato de sermos pela unidade cristã não exclui nossa vocação missionária e os desafios evangelísticos;
7. Trabalhar a partir daquilo que nos une e não valorizar o que nos separa;
8. Estabelecer ações que visem a criar laços de afeto fraterno entre os irmãos e irmãs e os pastores e as pastoras;
9. Valorizar, de modo leal, tudo de bom que as diversas correntes ou grupos de pensamento tenham e realizem.
COMO A IGREJA METODISTA NO BRASIL DEVE TRATAR O TEMA DA UNIDADE COM OUTRAS IGREJAS
CRISTÃS?
Em nossas relações com as demais Igrejas Cristãs, é imperativo compreender que se trata de Igrejas e de movimentos caracterizados por grande diversidade teológica, doutrinária, nas práticas de culto, nos usos e costumes (comportamentos). Portanto, temos que estudá-los profundamente, baseados em nossa doutrina e documentos, a fim de identificar aquelas igrejas e movimentos, cujas práticas se fundamentam verdadeiramente no Evangelho e não em seus próprios interesses denominacionais, visando alcançar poder e prestígio, sejam pessoais ou institucionais.
Devemos manter-nos abertos ao diálogo com as igrejas e movimentos que mantenham coerência com o Cristianismo, buscando formas de cooperação e de testemunhos cristãos comuns, nos aspectos social, religioso e em ações de cidadania. Importa reconhecermos que as Igrejas Cristãs "históricas" e "neo" se inseriram de modo significativo na população brasileira e cresceram e crescem em todo o país, proporcionando à Igreja Metodista oportunidades de desenvolver formas de cooperação e prestação
de serviços à comunidade em ações sociais, de cidadania e também, no testemunho da unidade cristã para a promoção da paz e da justiça, onde elas se fizerem necessárias.
No que diz respeito às igrejas de reconhecida tradição wesleyana, que cultivam e mantêm suas raízes históricas e doutrinárias, estaremos sempre abertos a estreitar as relações de amizade por meio de intercâmbio e ações comuns. Algumas atitudes a serem observadas nesses
relacionamentos:
1. Respeitar as individualidades e particularidades de cada Igreja, sabendo que ninguém precisa pensar ou agir de forma igual para ser respeitado e sim, agir de forma cristã, dando bom testemunho da Palavra;
2. Negociar para que elementos doutrinários próprios de cada Igreja não sejam bases de qualquer programa de Culto. Também temos nossos elementos próprios e eles não devem ser impostos nesses programas;
3. Trabalhar os relacionamentos a partir dos elementos que nos unem e não a partir daqueles que nos separam;
4. Revisar liturgias de Cultos que ocorram em templos e outros espaços metodistas, verificando se os temas e o desenvolvimento do programa não ferem a nossa doutrina, os nossos documentos e os nossos costumes;
5. Participar, quando convidados, em eventos ou cultos de acordo com a realidade da Área Nacional, Regional, Distrital e Local, evitando ao máximo ferir desnecessariamente irmãos/ãs da localidade onde o evento
ou culto ocorrer;
6. Orientar os irmãos/ãs, da Área Nacional, Regional, Distrital e Local, para se conduzirem de acordo com nosso credo e fé, testemunhando-os de modo salutar à comunhão interna da Igreja Metodista. Orientação que deve ser dada pelo Colégio Episcopal na Área Nacional, pelo/a Bispo/a na Regional, pelo/a Superintendente Distrital na distrital e pelo Pastor/a na local;
7. Evitar, quando se participar em eventos ou cultos pela Unidade Cristã, promover apelos proselitistas. Entendemos não ser momento propício para essa prática e nem mesmo tratar-se de testemunho cristão.
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