Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 13/09/2013
sem barco, com fé em Deus
Jesus foi até eles, andando em cima da água.
Mateus 14.25 (leia 14.22-33) - BLH
"A vida é uma viagem de barco,
balançando nas ondas da ignorância,
navegando num mar de mistério."
James Fowler, Estágios da Fé.
Jesus andou em cima da água num mar agitado, sem barco. Pedro tentou fazer o mesmo, mas fracassou. Por Pedro ter pouca fé, Jesus o levou de volta dentro do barco e acalmou a tempestade.
Esta história usa imagens poderosas que atingem a profundeza da alma humana: ondas tempestuosas e ameaçadoras do mar, um barco frágil que representa segurança limitada, o pavor diante de perigo e do poder divino acima da força do mar e as limitações do barco.
Nas histórias bíblicas as águas do mar representam obstáculos, perigos e forças incontroláveis e imprevisíveis. No dilúvio, tudo virou mar e destruiu a maior parte da humanidade, animais e aves. O Mar Vermelho foi um obstáculo a ser vencido na fuga do Egito. O mar virou perigo por causa da fuga de Jonas. Paulo sofreu naufrágio. Apocalipse prevê paraíso sem mar.
Na Bíblia, barco representa segurança. A arca de Noé foi a salvação da raça humana e da fauna. Jonas perdeu a segurança do navio por ser desobediente às ordens de Deus. A igreja se identifica como nau da salvação e adota o barco como símbolo. Nela as almas acham segurança contra o mar nesta viagem pelo mundo tempestuoso. Às vezes um "Jonas" é lançado fora.
Esta passagem bíblica fala da nossa vida espiritual. O mar e as tempestades são coisas de Deus. Barcos são feitos humanos. Igrejas e sistemas teológicos são "barcos espirituais" que nós construímos de acordo com a nossa fé.
Pergunto: quanto menor a fé, maior é o nosso barco religioso? Achamos que grandes templos, concentrações, movimentos e manifestações religiosas são obras de fé. Será? Por ser homem de fé, Jesus não precisava de barco. Sua fé não era a do templo, vinha de meditação, oração, sozinho, no monte. Em contraste, somos mais semelhantes aos 450 profetas de Baal que confiavam na sua gritaria no Monte Carmelo (I Reis 18.26-29). Até que ponto a nossa religiosidade representa fé e não fuga?
A fé pode não acalmar a tempestade, mas pode nos dar forças para andar em cima das ondas. As ondas são enormes e metem medo. Mas o amor pode lançar fora o medo. Pela fé, podemos levar esperança aos que estão remando contra os ventos da vida.