Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 05/12/2012
Saiba como se preparar para o Natal em sua comunidade e família
Neste final de ano, mais especificamente, a partir do dia 2 de dezembro, iniciamos o “Ciclo do Natal”. Não me refiro apenas ao Natal dos presentes, dos cartões, das ceias, das árvores enfeitadas, das músicas suaves, das iluminações especiais, das reuniões familiares. Tudo isso pode ter a sua importância nesse período, mas está longe do motivo que leva as pessoas a celebrarem a partir da ótica da fé, o Natal de Jesus Cristo.
A pergunta que cada cristão e cristã precisa levantar no Natal individualmente, em família, ou na comunidade de fé é: de que maneira expressarei a minha crença em “Jesus Cristo que foi concebido por obra do Espírito Santo e nasceu da virgem Maria” conforme afirma o Credo Apostólico? Esse é o sentido teológico do Natal.
Por diversas razões históricas e teológicas a cristandade optou pelo 25 de dezembro para essa celebração, mas, muito mais do que a data em si, o que precisa ser reativado é o sentimento de fé que o envolve.
Os cartões natalinos circulam ano após ano com os dizeres: “Feliz Natal e Próspero Ano Novo”. Mas, o que significa um Natal feliz? E um ano próspero? Quais as principais diferenças entre as celebrações comerciais do Natal e a sua celebração como valor de fé? Somos desafiados por Deus a fazermos do Natal que se aproxima uma nova experiência de fé a partir de instrumentos que já são nossos velhos conhecidos.
Celebrando o Advento - A “coroa do Advento”, por exemplo, poderá ser instrumento de fé de alta relevância para uma celebração natalina diferenciada. A coroa do Advento é um instrumento litúrgico circular, que pode ser feito de vergalhões. Envolva o seu arco com ramos de cipreste, coloque quatro velas, lamparinas ou outro tipo de luminária em sua extremidade e uma no centro da coroa. Busque ajuda nas pregações do profeta Isaías e no Evangelho de Lucas, especialmente nos dois primeiros capítulos.
Faça isso com muita fé e com a certeza de que essa retomada da Palavra de Deus na vida da comunidade pode proporcionar celebrações natalinas altamente edificantes.
Quatro domingos antes do Natal organize sua celebração litúrgica a partir de Isaías 9.1-6. Pense no sentido da “luz” anunciada ao “povo que andava em trevas” especialmente através do menino que nasce (Is 9.5). Acenda a primeira vela ou luminária no momento da leitura desse texto.
Três domingos antes do Natal retome as pregações do profeta, desta feita no capítulo 11 onde se faz menção de um “broto” novo carregado de esperança. Entre as ornamentações do Templo, coloque um tronco velho com um bonito broto. Acenda a 1ª e 2ª velas ou luminárias durante a leitura e leve a comunidade a refletir sobre os brotos de esperança que podem e devem surgir na caminhada.
Faltando dois domingos para o Natal, elabore a celebração litúrgica tendo como situação inspiradora o serviço litúrgico de Zacarias, pai de João Batista, sua alegria por ter sido agraciado por tão grandes feitos de Deus (Lc 1.67-80). Reflita com a comunidade sobre a relação entre o que cantamos na liturgia e as questões da vida diária nas diversas situações que nos envolvem nos caminhos da fé, acenda as três luminárias num sentimento esperançoso de que o falar de Deus a nós, é portador, entre outros, de novidades desafiadoras.
Um domingo antes do Natal, o último do Advento, tenha em mente a inspiração da Maria grávida, mulher crente, disponível a Deus, que caminhou na fé e na esperança. Tenha o seu cântico como inspiração (cf Lc 1.46-55). Acenda as quatro luminárias, ressalte a figura da Maria grávida como último símbolo do Advento.
Celebrando o Dia do Natal - Na celebração do Natal, propriamente dita, os/as cristãos/ãs, à luz das declarações dos Evangelhos sobre o nascimento de Jesus (Mt 1.18-25 e Lc 2.1-20), afirmam a fé no Cristo que nasce como o “verbo que se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade...” (Jo 1.1). Essa postura de fé é que realmente caracteriza a celebração do Natal. Durante a leitura desses textos deve-se acender todas as cinco luminárias do Advento e do Natal.
Natal é essencialmente tempo de trazermos à memória cultos que até então não tinham sido vistos com tamanha simplicidade e, ao mesmo tempo, com relações tão intensas entre os céus e terra. Neles, anjos, “milícias celestiais” e pastores de carneiros celebram num sentimento comum o nascimento de uma criança que faz do curral o templo mais significativo da história cristã (cf Lucas 2.1-20).
A celebração autêntica desse acontecimento precisa ter a proclamação dessa boa nova como prioridade. A cor azul do Advento já favorece o sentimento de expectativa da comunidade pela chegada do menino Jesus. O mesmo pode observar nas celebrações natalinas com as cores “branco e amarelo-ouro, simbolizando brilho, sol da vida”.
A árvore de Natal pode se tornar parceira dessa nova notícia se colocarmos em suas luzes piscantes versículos que anunciam o nascimento de Jesus. Diversos hinos do Hinário Evangélico também podem abrilhantar a programação tais como: 7, 8, 12, 14, 18, 21, 22. Soma-se a esses, cânticos natalinos de outros cancioneiros.
Não se deve abrir mão também dos corais, quartetos, grupos musicais diversos, que dão vida à herança protestante como uma tradição que fez da música instrumento para a transmissão e celebração da fé. Nesse sentido, o texto de Lucas 2.13 é bastante inspirador. Finalmente, ancoremos nossas celebrações natalinas em dois pilares:
1. Não celebramos o Natal de Jesus Cristo em 25 de dezembro por acharmos que essa é a data do seu nascimento, mas porque cremos no seu nascimento extraordinário, atestado pelos relatos dos Evangelhos;
2. “Feliz Natal e próspero Ano Novo” não se limitam materialmente à qualidade dos festejos nem aos bens terrenos que podemos acumular, mas na fé que consolida a graça divina que nos acolhe e na esperança de sentimentos como amor, justiça, fé, solidariedade, que podem ser multiplicados entre os seres humanos a partir da fé na criança que nasce nos “currais e porões” de mundo injusto e desumano.
Que as bênçãos do Natal sejam renovadas em sua vida, família e comunidade!
Rev. Messias Valverde
Presbítero metodista da 4ª Região Eclesiástica e coordenador da Pastoral Escolar e Universitária do Instituto Metodista Granbery.
VOCÊ SABIA?
No contexto romano, do início da nossa era, por influência egípcia, havia uma grande festa popular que, a propósito do solstício de inverno (hemisfério Norte), realizava uma série de rituais dedicados ao deus-sol. Tais rituais eram realizados na expectativa de que o mundo não fosse engolido pelas trevas ameaçadoras do inverno (ocasião em que o sol parecia ficar cada vez mais distante, os dias mais curtos e as noites mais longas). Essa festa era chamada de Adventus Redentoris e Natale Solis Invictus, ou a Chegada do Redendor e Nascimento do Sol Invencível.
Os cristãos, então, “evangelizaram” essa festa, reinterpretando-a à luz dos escritos bíblicos. A justiça divina se alteia sobre a humana, tal como descrito no capítulo 60 do profeta Isaías (a leitura desses 22 versículos descortina para nós o verdadeiro horizonte natalino).
Como o calendário dos primeiros séculos era muito rudimentar, a data não era precisa e podia variar entre 21 de dezembro e 6 de janeiro. Com o passar do tempo, essa festividade foi adquirindo contornos mais claros, e convencionou-se o dia 25 de dezembro como sendo o dia do nascimento de Jesus e o dia 6 como o ápice da festa, culminando com alusão à visita dos Magos.
Os que criticam a comemoração do Natal, acusando-o de ser uma festa pagã, devem ser advertidos de que não há uma única festa religiosa sequer que seja absolutamente genuína e exclusivamente cristã. E não deixa de ser curioso o fato de que parece haver menos resistência a certas comemorações, às quais não há referência bíblica explícita (do tipo: Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia das Crianças, Dia do Índio, Dia da Pátria) do que àquelas com ampla fundamentação nas Escrituras (tais como: Natal, Páscoa e Pentecostes).
O entendimento depende do olhar do intérprete: para uns (aqueles que crêem que os poderes “do mundo” são mais fortes que o “reinado de Deus”), trata-se da paganização do cristianismo; para outros (que crêem na força transformadora do Evangelho), trata-se da cristianização do paganismo. A questão está na fé de quem lê a realidade.