Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 13/09/2013

Reunião do Conselho Central do Concelho Mundial de Igrejas

Genebra, 26 de agosto a 2 de setembro de 2009

   Por Magali do Nascimento Cunha

Havia um clima de expectativa para esta reunião diferenciado das outras duas das quais participei: seria uma reunião de decisões importantes. Nela seria eleito o novo secretário-geral do CMI, seria escolhido o local da 10ª Assembléia bem como definido o caráter ampliado que ela deveria ter.

1. Mensagens do Moderador e do Secretário Geral

A apresentação destas mensagens com manifestações posteriores do plenário é sempre a primeira parte da reunião. Os dois discursos foram marcados pelo reconhecimento da crise do movimento ecumênico e dos sinais de esperança que se manifestam em experiências concretas que indicam caminhos para o futuro. Os dois documentos podem ser acessados em http://www.oikoumene.org/es/documentacion/documents/comite-central-del-cmi/ginebra-2009/reports-and-documents/discurso-del-moderador.html e em http://www.oikoumene.org/es/documentacion/documents/comite-central-del-cmi/ginebra-2009/reports-and-documents/informe-del-secretario-general.html

2. Finanças e organização programática do CMI

Já no primeiro dia o Comitê de Finanças descreveu o quadro dramático da redução no orçamento dada a crise econômica global que afetou, principalmente o câmbio. Muitas atividades tiveram que ser canceladas e novos quadros não foram contratados em situações de vacância. O relatório aprovado apresenta propostas de superação, em especial estratégias de captação de fundos e reorganização programática. O relatório do CF pode ser acessado em http://www.oikoumene.org/es/documentacion/documents/comite-central-del-cmi/ginebra-2009.html?no_cache=1&cid=27251&did=19351&sechash=b8d21141

Neste ano, diante da crise, foi criado um Grupo de Trabalho para trazer uma proposta ao CC sobre Governança, prestação de contas e política de pessoal. As reações do plenário foram de bastante desconfiança, pois o relatório inicial trazia várias expressões do discurso do setor empresarial quando trata de governança e política de pessoal - principalmente a idéia de eficiência. Uma segunda versão do documento acolheu as críticas. Aprovou-se que o GT continue trabalhando em diálogo com o Comitê Executivo que deve acompanhar com base nas observações feitas pelo plenário. O relatório deste grupo pode ser acessado em http://www.oikoumene.org/es/documentacion/documents/comite-central-del-cmi/ginebra-2009.html?no_cache=1&cid=27251&did=18986&sechash=76cc06d0

O Comitê de Programas, do qual participo durante a reunião do CC, foi o mais diretamente afetado pela questão das finanças. Foi colocado o desafio de se estabelecer uma política de reformulação dos programas e atividades de 2010 em diante com uma lógica de priorização e não de cortes de recursos tão só. Foi uma discussão difícil e tensa. As conclusões giraram em torno de oferecer indicativos ao staff do que é prioritário e singular como ações do CMI para evitar realização de atividades que outros já realizam, buscando mais parcerias nesses casos e investindo esforços no que é próprio do CMI. O comitê, portanto, não "colocou a mão na massa" em termos de cortes e sugestões de atividades. As conclusões podem ser lidas emhttp://www.oikoumene.org/es/documentacion/documents/comite-central-del-cmi/ginebra-2009.html?no_cache=1&cid=27251&did=19035&sechash=bac73587 e emhttp://www.oikoumene.org/es/documentacion/documents/comite-central-del-cmi/ginebra-2009.html?no_cache=1&cid=27251&did=19350&sechash=6c982071

3. A eleição do novo Secretário-Geral

O Comitê de Busca apresentou dois nomes: o Rev. Dr. Olav Tveit, da Igreja da Noruega, e o Rev. Dr. Park Seong-won, da Igreja Presbiteriana da Coréia. Parecia criado um clima de polarização Norte-Sul que repetiria o clima da discussão do mandato de Kobia. As articulações de corredores e reuniões regionais e de outros grupos afins refletiam a polarização: europeus e parte da América do Norte parecia fechar com Tveit e parte da América Latina, África, Ásia e Oceania com Park. Havia muita gente indecisa. Esperavam o pronunciamento dos dois para conhecerem melhor.

No fim, foi uma eleição tranqüila sem a tensão esperada. Perguntas em plenário sobre as conseqüências empregatícias por conta da idade de Park (61) deram força à juventude de Tveit (48). Os dois candidatos tinham muito bom currículo mas o de Park parecia melhor, com mais experiência, mas no momento dos pronunciamentos, Tveit foi superior. Na minha opinião, juventude e capacidade de comunicação fizeram a grande diferença na votação para definição das pessoas indecisas (81 a 53 e apenas três abstenções).

Pode-se conhecer o pronunciamento de Olav Tveit no momento prévio àeleição: http://www.oikoumene.org/es/documentacion/documents/comite-central-del-cmi/ginebra-2009/reports-and-documents/speech-by-olav-fykse-tveit-to-the-wcc-central-committee.html

No domingo 30 de agosto, aconteceu o momento de despedidas e homenagens a Samuel Kobia. Houve um culto de ação de graças pela vida dele e um jantar com sessão de palavras de homenagens.

4. A escolha do local da 10ªAssembléia

Foi impossível não atrelar a discussão do local da próxima assembléia do CMI ao resultado da eleição do secretário-geral. Se as igrejas da Coréia (e parte do sul com os africanos em diáspora) trabalhavam nas duas frentes, restava agora o local da Assembléia.

Por mais que a discussão tenha sido politizada, entre Síria, Etiópia e Coréia, esta última demonstrava nas apresentações estar mais estruturada e articulada para receber a Assembléia. Os ortodoxos trabalharam bastante para levar a assembléia para a Síria, inclusive com o apelo de ser um dos berços do Cristianismo. Etiópia foi descartada pelo Comitê de Exame e a decisão ficou entre Síria e Coréia. Os ortodoxos também manifestaram receio com o argumento de que a Coréia é espaço propício de se experimentar a diversidade e ter contato os novos movimentos cristãos. A verdade é bom número de lideranças ortodoxas no CMI parece não querer contato e nem a existência de novos movimentos cristãos. Mas, a decisão acabou sendo pela Coréia e, na avaliação de muitos, como compensação pela não-eleição de Park. Fato é que a politização foi além da questão do secretário-geral e alcançou a outra polarização, protestantes-ortodoxos.

5. Outros destaques

 

Diana Fernandes, no Instituto Ecumênico de Bossey, Suíça

 

A nossa brasileira metodista Diana Fernandes foi eleita moderadora da Comissão de Juventude criada pela Assembléia de POA - a ECHOS. Ela esteve pela primeira vez numa reunião do CC nesta função. Conheço a Diana e sei da sua capacidade de liderança. Tenho certeza de que será excelente para a juventude da América Latina tê-la nesta função.Particularmente, como metodista, me alegro de vê-la na liderança, renovando toda a minha esperança de que teremos uma geração metodista no Brasil que vai superar os retrocessos que nossa igreja tem testemunhado no presente.

Sobre o trabalho da Diana Fernandes, pode-se acessar http://www.oikoumene.org/en/events-sections/cc2009/central-committee-news/en/article/6747/youth-seek-meaningful-ecu.html

Houve na reunião uma sessão especial sobre Igreja e Sociedade. Vale à pena conhecer o conteúdo em http://www.oikoumene.org/en/events-sections/cc2009/plenary-on-church-and-society.html

Mais detalhes sobre a reunião do Comitê Central podem ser acessados em http://www.oikoumene.org/en/events-sections/cc2009.html

 

Uma observação metodista do Brasil:

Muita gente tomou conhecimento do documento sobre ecumenismo recentemente publicado pelos bispos metodistas brasileiros. Várias pessoas me perguntaram sobre as consequências e algumas delas, tendo lido, destacaram o fato de a igreja revelar valorizar as ações de promoção da vida como aquelas que facilitam a superação das divergências doutrinárias. A pergunta que essas diferentes pessoas me fizeram foi: nesse caso, a Igreja pensa em voltar a ser membro da CESE que tem a existência marcada pela unidade em torno das ações de promoção da vida e não se dedica a questões doutrinárias? Não tive resposta - só disse que as consequências do documento ainda estariam por ser trabalhadas.

Para quem ainda não conhece o documento metodista Clique aqui!


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