Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 13/09/2013

Ressurreição

Tomar a cruz é assumir um corajoso compromisso com a Vida

O segredo messiânico é um dos pontos centrais do Evangelho de Marcos. Gostaria de contar-lhes um segredo, mas para isso precisam acompanhar com a razão e o coração. Saber esse segredo não é tirar vantagens sobre outras pessoas. Para saber esse segredo é preciso saber ouvir e guardar bem essas palavras. É um segredo diferente, pois depois de revelado, pode ser contado para as pessoas. Esse segredo está relacionado ao nosso compromisso com Cristo. E gostaria de compartilhar três dimensões desse segredo no texto de Marcos 8.31-38.

Pensar as coisas de Deus

O texto inicia com os desdobramentos da confissão de Pedro sobre quem era Jesus. Após a confissão de Pedro, Jesus começa a discorrer sobre os acontecimentos que permeariam sua vida.
Embora Pedro houvesse confessado que Jesus era o Cristo, não aceitou o fato de Jesus relevar tudo o que iria acontecer com ele, ou seja, seu sofrimento.

 

Nesse sentido, Jesus o chama de Satanás(adversário), pois a compreensão dele ainda não alcançou o patamar dos pensamentos divinos.
Ou seja, Jesus explicita que a expectativa de Pedro era que o Messias viesse com um arsenal que demonstrasse seu poderio sobre o Império.
O Messias de Pedro é feito sob "medida" para sua vontade, à sua imagem e semelhança, seus interesses e caprichos, como nos lembra José Bortolini no livro "O evangelho de Marcos: para uma catequese com adultos" (Editora Paulus, 2003, p.169).

Esse Messias retratado desta forma é "pensar as coisas dos homens" (Mc 8.33) e não de Deus. Há uma ligação estreita entre a dificuldade que os discípulos têm para saber quem e como é o Messias com a cura do cego em Betsaida (Mc 8.24-25). Os discípulos não conseguem ver de forma nítida o Messias.

Tomar a cruz

O Evangelho de Marcos faz um convite para o significado de seguir a Cristo e suas conseqüências. Num contexto desafiador, o convite de seguir a Cristo é também comprometer-se com os valores do Reino não encontrados na proposta do Império da época onde as exclusões são bem conhecidas por todos nós.

 

Tomar a cruz é assumir um profundo compromisso com Cristo em que uma das conseqüências pode ser a morte. A cruz é o símbolo dos condenados à pior pena existente da época.
Tomar a cruz é compreender que a proposta de mudanças advindas de Cristo não começa com violência, preconceito, exclusão social, de gênero, dos doentes, violência, embora no grupo dos discípulos existissem pessoas ligadas aos movimentos cuja força eram as armas. Os discípulos não haviam compreendido ainda o sentido da missão de Cristo.

Por isso que, negar a si mesmo é negar as estruturas que mantinham a "vida" naquela época, negar o conforto advindo do império. A cruz é o risco de assumir o compromisso com a vida no olhar de Cristo. Assumir a cruz é questionar as estruturas que produzem a morte, é uma ruptura com as estruturas de conforto e segurança. Assumir a cruz é estabelecer relacionamentos de solidariedade e partilha num mundo individualista e com a lógica da acumulação.

Perder para Salvar

O texto nos apresenta um jogo de palavras entre salvar e perder. A morte física é uma possibilidade para quem assume o compromisso com o Reino de Deus, como já mencionado. Há a possibilidade de morte violenta no seguimento a Jesus. Portanto seguir a Cristo é um risco que envolve a vida que não é a proposta pelo "reino dos homens". Portanto, em Cristo temos uma nova cidadania. Essa cidadania é inclusiva. Coloca em questionamento também que a vida não é sinônimo de posse, mas de desprendimento. O jogo de palavras expresso no texto vincula a lógica do ganhar e perder no Reino de Deus. Ganhamos quando repartimos e nos doamos ao outro. Perdemos quando acumulamos em nós mesmos a riqueza do Reino, quando os valores que acumulamos são terrenos: cobiça, violência, preconceito. Perder está ligado diretamente ao negar a si mesmo que já mencionamos anteriormente. Perder as estruturas de morte e salvar as estruturas de vida. Assim a confissão de Pedro deve ser revisitada: deve compor a tríade a paixão-morte-ressurreição. Por meio de Cristo, Deus quer proclamar a trazer justiça, paz e assim seu Reino.

Palavras de Desafio

• O que significa confessar a Jesus Cristo nos dias?
O que significa tomar a cruz nos dias de hoje?
Como estamos seguindo a Jesus Cristo?

Revda Blanches de Paula
(sermão proferido em culto na Faculdade de Teologia, no dia 11 de março de 2009).

VEJA TAMBÉM:
Conheça histórias de irmãos e irmãs que, seguindo a Cristo, transformaram estruturas de morte em esperança de vida.


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