- Sim, respondeu o fazendeiro. Você está vendo aquela fazenda além do riacho? É do meu irmão mais novo. Nós estamos brigados e não posso mais suportá-lo. Quero que construa uma cerca bem alta entre nós.
- Acho que posso entender a situação.
O irmão mais velho entregou o material ao carpinteiro e foi à cidade cuidar de seus negócios. O homem ficou o dia todo trabalhando. Quando o fazendeiro voltou e observou o trabalho do carpinteiro, ficou irado, enfurecido. Em vez da cerca, uma ponte havia sido construída, ligando as duas margens do riacho.
- Você foi atrevido, construindo esta ponte depois de tudo que lhe contei!
Mas, ao olhar novamente para a ponte e, ainda zangado, o irmão mais velho percebeu que seu irmão vinha aproximando-se de braços abertos. Por um instante permaneceu imóvel...
O irmão mais novo então falou:
- Você me emocionou mandando construir esta ponte, mesmo depois de nosso desentendimento.
De repente, num impulso, o irmão mais velho correu na direção do outro e os dois se abraçaram, chorando, no meio da ponte. O carpinteiro que fizera o trabalho começou a preparar sua caixa de ferramentas para partir.
- Espere, fique conosco!, pediu o mais velho dos irmãos. Tenho outros trabalhos para você.
- Eu adoraria, mas tenho outras pontes para construir...
Quando Deus pensou na reconciliação do ser humano, tinha um plano traçado para torná-la possível.
Primeiro: Deus queria reconciliar-nos com Ele. Para isso, seria necessário enviar seu Filho, para que a reconciliação fosse fruto de Seu amor.
Segundo: Era preciso promover a paz entre os homens, convertendo-os ao bem, à tolerância, à compreensão e fazendo-os capazes de reconhecer a necessidade de permanecer unidos a Deus e entre si, apesar das divergências. Construir pontes, promovendo a paz e a reconciliação, ou cercas, preferindo o isolamento e uma atitude pessoal é uma escolha que cabe a cada um de nós. Deus respeita a decisão de cada um, seja ela acertada ou não.
Num mundo onde a violência é noticiada a todo instante e invade nossas conversas e lares, modificando nossos hábitos e aumentando nossos temores, é difícil pensar em paz como algo possível. Nossos relacionamentos ficam fragilizados e, ao menor sinal de ameaça, de discórdia, temos a tendência de construir cercas, isolando-nos de tudo o que possa nos ameaçar. No entanto, o que faz com que o mundo e as pessoas não sucumbam é a possibilidade de, no lugar das cercas, serem construídas pontes. Pontes são símbolos da aproximação, da mudança e da reconciliação. O amor torna possíveis relacionamentos mais intensos, mais vivos, mais verdadeiros.
Aprouve a Deus que (...) Cristo, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus (Colossenses 1.19-20).
Vivei em paz uns com os outros (1 Tessalonicenses 5.13b).
Leia também Isaías 52.7a; 2 Coríntios 5.18-21
Cláudia Denise dos Santos Figueiredo, IM em Salgado Filho, Belo Horizonte, MG, 5ª Região