Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 20/09/2013

reflexão pentecostal

Contribuição para uma verdadeira reflexão Pentecostal

Rev. José Roberto Alves Loiola

Introdução:

Convido a todos os corações avivados para a leitura agradável e envolvente, deste livro queconsegue escapar do estilo cansativo e muito óbvio que normalmente outros livros que versam sobre o Espírito Santo possuem. Stanley Jones foi muito estratégico na escolha do título . "O Cristo de Todos os Caminhos" Ao analisar o Fenômeno do Pentecostes, o autordemonstramais uma vez sua visão universalizante da fé ,fazendo uso deinstrumentais filosóficos, psicológicos eempíricos semperder em nenhum momento sua visão bíblica. Seu trabalho talvez pudesse ser chamado também de - A Fenomenologiado Espírito.Sem dúvida alguma esse éum referencial teórico muito útil no trato com as "doidices" espirituais do nosso tempo.

Bem, vejamos abaixo, as principais ênfases da pneumatologia(doutrina do Espírito Santo) stanleyjoniana.

Cap. 1 - EM VÉSPERAS DE UM AVIVAMENTO ESPIRITUAL

Segundo o autor, estamos prestes a experimentar um avivamento espiritual autêntico. Todo o cenário do conhecimento está se ajustando nesse sentido. A evolução conceitual científica por exemplo está permitindo muito peculiarmente nesses próximos séculos a possibilidade da crença religiosa e isso é uma combustão indispensável. O mundo hoje está mais crédulo que nos séculos anteriores. O autor ainda lembra o crescimento da consciência ecológica. Nesse sentido explica-se claramente, o advento de novas formas de "espiritualismos" nasúltimas décadas. Hoje, mais do que nunca, o evangelho não é mais antagônico à ciência, reforça o autor. Por isso, o Espírito está de fato preparando o mundo para o maior avivamento que jáaconteceu.

Cap. 2 - A IGREJA DE PORTAS TRANCADAS

Todavia, a igreja ainda está hesitante entre a Páscoa e o Pentecostes - Páscoa , vida imolada - Pentecostes, vida apropriada. Estamos vivendo nesse intervalo. Por isso, muitos de nós estamos cerrados(as), trancafiados(as) em nós mesmos(as) ainda.

Cap. 3 - A TONALIDADE PERDIDA

O autor reafirma o estado trancafiado da igreja, mas faz algumas exceções. Entende que alguns têm-se aberto e aberto suas portas apesar do medo ainda pairar no lado de dentro. Falta-lhes profundidade,coragem e fundamentação no plano prático...Há muita insegurança.

Cap. 4 - O QUE ACONTECEU NO PENTECOSTES?

O autor destaca a universalidade do Cristo através da comunicação sem barreiras culturais - Comunhão plenaque implicou numa evangelização transcultural. "Todos ouviram em sua própria lingua as maravilhas (do evangelho)". Denuncia que a Igreja de hoje está perdendo de vista e rejeitando o sentido real do Pentecostes, por causa dos estereótipos sobre o que aconteceunaquela reunião em Jerusalém. O autor estabelece três padrões de vida espiritual: Normal, subnormal e febril e esclarece que o que aconteceu prioritariamente no Pentecostes foia criação da Comunhão - Uma experiência pessoal profunda nos discípulos e discípulas e capacitação para a MISSÃO.

Cap. 5 - ONDE ENCONTRAMOS A VIDA?

Naturalmente em Deus. Todavia, o autor chama a atenção para a problemática de encontrar de fato, Deus. Destaca que Ter uma falsa idéia de Deus é pior do que não Ter nenhuma idéia sobre Deus. E a noção clara e concreta de Deus nos foi passada por Cristo. E o Espírito Santo é o único que nos conduz a essa revelação em plenitude.

Cap. 6 - DE COMO A VIDA ENFRENTA SEUS PRÓPRIOS INIMIGOS

O autor define o verdadeiro cristianismo apartir do quadrilátero clássico: Epifania, Quaresma, Páscoa e Pentecostes .

Cap. 7 - COMO A VIDA TRIUNFA.

Falando do triunfo da vida, o autor discorre sobre a pergunta crucial do Cristo na Cruz: "Por que ?", apresentando o dilema existencial do ser humano e as várias contigências que o assaltam. Stanley Jones demonstra apartir de várias perspectivas filosóficas alguns questionamentosbem peculiares a filósofos como: Frederich Nietzche , Jeam Paul Sartre , Sorem Kirkgard e outros existencialistas. Finalmente o autor naturaliza o sofrimento na vida humana, lembrando quea Páscoasimboliza o ápice desse período quaresmal e que deve ser aceito sempre na perspectiva da ressurreição.

Cap. 8 - COMO A VIDA SE TORNA ACESSÍVEL.

Desta vez , Stanley Jonesconstroi um pentagrama onde pontua o Advento , o Natal, a Epifania , a Páscoa eo Pentecostes como um resumo da história da redenção.Todos são interdependentes , todavia, o último culmina e sela. Reprisando os capítulos: 6,7,8 da Carta Pastoral aosRomanos, o autor relembra a progressão do Advento-Natal ao Pentecostes, enfatizando que é preciso experimentarmos em nossa vida cristã todos esses períodos; mas, principalmente o Pentecostes - Experiência viva com um Cristo vivo, apartir da revelação do Espírito.

Cap. 9 - O PENTECOSTES EM FACE DA VIDA COMUM

Neste capítulo, o autor declara que a Religião nasceu de novo apartir do Pentecostes; desprendendo-se dos lugares especialmente destinados ao culto, centralizando-se nauniversalidade da vida. Chama a atenção para uma desnecessária sacralização da Religião, lembrando que o velho judaismo vivido em Jerusalém deu lugar a uma nova expressão religiosa - O Cristianismo.

Cap.10 - O PENTECOSTES E A PERSONALIDADE

O autor redefine o depositário da religião, afirmando que não é mais objeto exclusivo de uma Casta, classe ,categoria como por exemplo os apóstolos, os sacerdotes, mas agora, a religião universalmente é depositada em cada pessoa humana. E essa é a proposta do Pentecostes; libertar a religião do privado e popularizá-la valorizando o ser humano(homem,mulher,negro,criança,pobres,índio,ricos,etc), com todas suas idiossincrasias e contigências.

Cap.11 - PENTECOSTES E A QUESTÃO DO SEXO

Neste cap. Stanley Jones informa que no Judaismo quanto na maioria das religiões mais antigas, a religião tem sido identificada com atribuições sagradas dada ao sexo masculino - Com exceção na religião de Jesus. No Pentecostes o Santo dos Santos foi francamente aberto à mulher e a religião se libertou da idéia de superioridade de sexo.

Cap.12 - PENTECOSTES CONSERVADOROU RADICAL

O autor aponta outra implicação do Pentecostes: "em todas as religiões os anciãos tem sido sempre uma classe sagrada. As religiões do mundo tem estado nas mãos de barbas brancas e portanto, conservadores.Mas no Pentecostes uma nova e surpreendente possibilidade se divisa: todas as idades,jovens, crianças,adolescentes e idosos.

Cap.13 - PENTECOSTES E O IMPERIALISMO RELIGIOSO

Com o objetivo ainda de demonstrar que o Pentecostes foi um fenômeno universalizante, o autor identifica o contexto imediato ao fenômeno, alguns aspectos culturais religiosos e políticos que até então funcionavam de forma compacta nas mãos dos judeus por conta dojudaismo, apartir da visão de que a religiãopertencia a uma castaexclusiva, a uma cultura superior ou a um só idioma. Essa visão gerou: preconceito racial; exclusivismo religioso; etnocentrismo e um nacionalismo exacerbado. Esses aspectos formavam a base do império religioso judaico.O Pentecostes destruiu esse império e permitiu o "vazamento" de poder a outras culturas, gerando comunicação interdisciplinar, instaurando a universalidade do Evangelho. Finaliza mapeando as várias culturas do mundo, propondo um entrelaçamento transcultural entre: latinos e anglo-saxões; africanos , orientais, enfim todas as culturas , como uma sinfonia orquestrada pela regência do Espírito. Para o autor, foi isso que ocorreu quando os discípulos "falaram em outras línguas"no dia de Pentecostes.

Cap.14 - O PENTECOSTES E O RITUALISMO

Analisando o papel da corporeidade nos ritos religiosos tradicionais, o autor demonstra que na nova religião em Cristo, não existe posturas corporais fixas e sacrais que privilegiam algumas partes do corpo, mas, todas as posturas e nem uma mais do queas outras ...Todas são sagradas.O cerimonialismo judaico foi substituídopor uma nova e viva liturgia do Espírito, borbulhante como a própria vida.

Cap.15 - O PENTECOSTES E OS BENS MATERIAIS

O autor faz uma abordagem teológico-socio-econômica do fenômeno, identificando as várias implicações da descida do Espírito na realidade concreta do ser humano. A saber; a possibilidade da Partilha e da Fraternidade; que possibilitam a coerênciaentre o discurso e a prática; na distribuição justa da renda nos países cristãos. O repartir dos bensindividuais com a nossa comunidade local; A manutenção dos valores do evangelho em oposição à luxúria, exploração, a ostentação e o consumismo. Finaliza afirmando que o impulso central do Pentecostes éa distribuição.

Cap.16 - O PENTECOSTES E A ORDEM NATURAL

O autor apresenta belamente uma cosmovisão que realça o entrelaçamento do universo cósmico com a ação divina. Afirmando que ao invocarmos a ação divina, estamosprovocando uma movimentação em toda a Ordem Naturaldo universo. O autor defende uma visão holista, no sentido de integrar; Criador e criação. Rechaça a visão fragmentada que polariza Universo-Homem. Na visão do autor o Pentecostes unificou o Ser enquanto ser eem relação ao seu habitat - O universo.

Cap.17 - O PENTECOSTES E OS CULTOS MODERNOS

Comparandoo fenômeno do Pentecostes com as tendências dos ensinos e cultos modernos, o autordenunciaa superficialidade da espiritualidade moderna, a inviabilidadedo espiritualismo oriental e a apatia da religiosidade tradicional.

Jones, estabelece o centro para o qual deve convergir todas as nossas experiências humanas - A cruz. Para ele a cruz é o fim do egoísmo e o início da vida abundante. Criticando o misticismo oriental, o autor afirma que Deus não surge apartir de nós, numa evolução que brota apartir do nosso ego. Deus vem do alto e só seremos harmonizados se nascermos do Alto, pois de lá é quevem o Espírito e não de dentro da psique humana. Entende também que as estruturas da personalidade humana é muito diversificada, todavia, o Espírito atua em e usa todos os tipos de temperamentos.

Cap.18 - O PENTECOSTES E O MEIO

Ressaltando o fato de que Jesus insistiu com os seus discípulos para ficarem na cidade de Jerusalém; reafirma a sua tese de que o Pentecostes descentralizou a religião da cultura judaica, pois, nesse caso, Jesus não estaria pensando numa Jerusalém cidade Santa, mas seu objetivo era o de libertá-la do seuestereótipo de "lugar santo" dali em diante. Também Jesus estaria preparando seus discípulos apartir de onde haviam fracassados. Aquela cidade deveria ser reestruturada apartir da transformação de cada alma moradora dali. Finaliza enfatizando que nossa espiritualidade precisa ser borbulhante e sem muletas religiosas.

Cap.19 - O PENTECOSTES E ARMAS DOS CRISTÃOS

Nesse cap. o autor identifica o principal método de transformação do Pentecostes: O Amor. A substituição das armas; espadas por capas; defesa pessoal, pela outra face e o mal pelo bem. Poder para dar a vida não para destruí-la.

Cap.20 - O PENTECOSTES E A UNIDADE

O autor chama a atenção para o pluralismo racial presente no dia de Pentecostes, apartir das diferenças lingüísticas, idiossincráticas e *religiosas(grifo meu) existentes até o Pentecostes. Apartir de Pentecostes a possibilidade da unidade tornou-se possível. Unidade, não *uniformidade(grifo meu); nas relações interpessoais, interdenominacionais e internacionais. Stanley Jones acusaa existência de um espírito de guerra entre os cristãos de hoje e conclui afirmando que toda a nossa dificuldade de relacionamento dá-se pelo fato de querermos reafirmar a todo custo o nosso Eu. Enquanto o nosso Eu não for para a Cruz, não experimentaremos unidade.Deus já fez a sua parte ; foi para a cruz, agora é a nossa vez!!

Cap.21 - O PENTECOSTES E OS MORALMENTE AJUSTADOS

O autor enfatiza apartir da universalidade da declaração de Pedro no Pentecostes, que o Espírito realmente não segrega mas, está acessível inclusive aos moralmente incapacitados; não está restrito a uma classe , a uma elite moralizante.

Cap.22 - O PENTECOSTES , A CULTURA ESPIRITUAL E A CONQUISTA

Neste capítulo, Stanley Jones apresenta duas marcantes obras que o Pentecostes opera na vida de quem o experimenta: Purificação do coração e o Poder para testemunhar.

O autor denuncia no cristianismo atual, algumas classes de "cristãos" que podem perfeitamente serem conhecidos como: parasitas, santos de mau humor e religiosos egoístas. Todos conhecidos pelo rótulo de "crentes", crentes que precisam ser purificados em seus corações.

Cap.23 - É MARAVILHOSO!

Nesse capítulo o autor realça os efeitos terapêuticos de uma experiência com o Pentecostes, como um estilo de vida em que o cristão assume um estado de espírito tranqüilo e alegre.

Referindo-se a várias experiências de sua vida e de outras pessoas, o autor relaciona às experiências dos apóstolos de Jesus, ressaltando principalmente a alegria, a coragem e a maturidade espiritual.

Cap.24 e 25-A TÉCNICA DA DESCOBERTA E A IGREJA NOS SEUS "BEAS"

Aprofundando de forma mais subjetiva o autor analisa o fenômeno do Pentecostes como busca pessoal do Espírito Santo, de forma intensa e como uma técnica de descoberta.Aqui o autor reafirma o importante papel da oração, como diálogo intrapessoal também e da submissão total ao Espírito.Reafirma que todos podem Ter acesso a esse "segredo aberto". Na verdade, o autor consegue ser bastante lírico na sua abordagem. Pessoalmente acredito que seja impossível não ser poético ao falar do Espírito.

 

O Cristo de todos os Caminhos,

Stanley Jones, Imprensa Metodista,

São Paulo,1993.


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