Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 01/02/2013

Reflexão pastoral sobre o ocorrido em Santa Maria-RS

“...assim também por meio da obediência de um só (Jesus Cristo) muitos se tornarão justos” Rm. 5:19

Não existem palavras que consigam expressar o sentimento que toma conta do nosso coração nesse tempo de tragédia em Santa Maria-RS. Centenas de jovens mortos e outras centenas de enfermos em decorrência de uma série de imprudências. Por mais que tentemos medir, somente as famílias que tiveram tais vidas arrancadas do seu convívio de forma tão abrupta saberão a dimensão exata desta fatalidade.

Excesso de lotação, falta de equipamentos de segurança, problemas com as saídas de emergência, manuseio de faíscas próximo a elementos combustíveis, bloqueio das portas por funcionários, pessoas alcoolizadas; enfim, tudo isso pode servir para explicar as coincidências fatais. No entanto, tais constatações não amenizam o sofrimento dos enlutados nem diminuem os riscos daqueles que continuam doentes.

A repercussão do acidente trouxe à tona uma realidade com a qual, infelizmente, nos acostumamos. No entanto, a imprensa internacional nos lembra que a falta de responsabilidade das autoridades competentes e a burocracia dos procedimentos de fiscalização e concessões são os maiores responsáveis por tal tragédia. As passeatas pelas ruas das cidades pedindo justiça e os órgãos públicos de fiscalização mobilizados em mutirões investigativos por todo o Brasil sinalizam que algo de bom pode ser alcançado com este horrível e trágico acontecimento. Outro dado importante: após o acidente, as empresas de segurança registraram um forte crescimento na procura por aquisição e atualização dos equipamentos de proteção e combate a incêndios.

Interessante! Se é que podemos encontrar algo de bom em meio a tanta desgraça. Infelizmente, tornou-se necessário que pessoas fossem “sacrificadas” para que algo pudesse ser feito na direção da melhora na segurança daqueles que festejam nas casas noturnas. Os empresários do setor sentiram-se obrigados a diminuir a busca por lucros a qualquer custo e fizeram investimentos que trarão mais segurança e tranquilidade para a indignada opinião pública. Conforme a tradição judaica, esses jovens foram “bodes expiatórios”. Alguém padecendo para que outros sejam poupados! Na tradição cristã, Jesus Cristo é o “bode expiatório”! E por falar nisso: as milhares de pessoas que exigem justiça afirmam acreditar que a morte dos amigos e familiares servirá para melhorar a qualidade de vida de muitos. Ou seja: as vítimas da tragédia de Santa Maria tornaram-se heróis que conseguiram, ainda que pela própria morte, melhorar a vida de muitos.

Quem luta pela justiça no caso da tragédia em Santa Maria está defendendo um princípio fundamental da fé cristã. Qual? O sacrifício salvador de Jesus Cristo! Jesus, sendo Santo e não tendo culpa alguma, por amor a cada um de nós decidiu se entregar na cruz. Assim, por meio da Sua morte, nós podemos ter segurança e vida eterna. Por causa da morte de Jesus a Justiça prevaleceu e os lugares superlotados e escuros da alma humana podem ser transformados em locais para festas eternas com toda a segurança que somente Deus consegue proporcionar. Uma diferença fundamental entre a morte de Jesus e as demais: Jesus venceu a própria morte! E, por meio da sua ressurreição, nos garantiu todos os equipamentos de segurança para que tenhamos vida abundante.

Na festa da vida promovida por Jesus Cristo as fatalidades são transformadas em oportunidades de grandes e eternos livramentos. Nele temos as saídas desobstruídas e encontramos O Caminho, mesmo que haja fumaça por todo o lado. Ele mesmo afirmou que preparou lugar para cada um de nós (Jo.14:3), assim, não há superlotação. Por meio do Amor de Jesus Cristo somos consolados e conseguimos encontrar motivos para uma vida transformada e feliz. Oremos pelas “famílias de Santa Maria”!
Com carinho,

Rev. Edinei Reolon (5ª RE)


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