Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 20/09/2013

reflexão pastor nilson

Ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais...

  
Pra quem cresceu acostumado com a idéia de que "Lula" era sinônimo de socialismo, de esquerdismo, de protesto, movimento e passeata, é, realmente, intrigante saber de suas últimas declarações diante de empresários e intelectuais ao receber o prêmio "Brasileiro do Ano" da revista "Istoé" na cidade de São Paulo.

Segundo a "Folha Online" (www.folha.com.br acesso em 12.12.2006) o presidente declarou que a esquerda é uma ideologia tipicamente da juventude, e satirizou, "Se você conhece uma pessoa muito idosa esquerdista, é porque está com problema"... "Se você conhecer uma pessoa muito nova de direita, é porque também está com problema". O Presidente argumentou que, com o passar dos anos, "Quem é mais de direita vai ficando mais de centro, e quem é mais de esquerda vai ficando social-democrata, menos a esquerda. As coisas vão confluindo de acordo com a quantidade de cabelos brancos, e de acordo com a responsabilidade que você tem. Não tem outro jeito". E pasme, Lula mencionou que, "depois de 20 e tantos anos criticando", agora é amigo e aliado de Delfim Neto, ex-ministro da Fazenda (1967-1974)".

Diante disso, instintivamente, brota na memória aquela frase: "quem te viu quem te vê!" e cabe uma pergunta: foi o Lula que mudou ou foi a vida que continuou sendo a mesma?

Porque será que as pessoas mudam? Tem sido até comum ver quem tinha um posicionamento radical, extremado, repensando suas atitudes, suas palavras... parece até que existe uma força que vai condicionando as pessoas às situações... basta assumirem as responsabilidades - pelas quais acontecem as disputas mais acirradas - para "rever seus conceitos".

Imagino que cargos e responsabilidades são como a maturidade... fazem as pessoas pensar melhor... pensar por todos/as... passar do íntimo para o comum!

 Já vi gente sendo criticada severamente por quem os/as apoiava ferrenhamente... considerados/as como traidores/as... com acusações do tipo "virou a casaca"! Não é assim... nem sempre os compromissos assumidos são baseados em maturidade! É muito diferente estar fora e estar dentro... ser expectador e ser peça principal!

 Lembro-me de ter ouvido de que quando o Bispo Scilla Franco assumiu o Episcopado na 5ª Região da Igreja Metodista, declarou que sua posição - de Bispo - era parecida com a de um violinista, dizia ele: "O arco tem que subir, mas também tem que descer, se não o violino não toca... não sai som", numa evidente referência ao trato com a diversidade na vida da igreja que, como líder, tinha que tratar de forma respeitosa e amorosa. 

 Como disse Lula, "a sua idade --60 anos-- é o ponto do equilíbrio. "Porque a gente não é nem um nem outro [nem novo nem velho]. A gente se transforma no caminho do meio, aquele que precisa ser seguido pela sociedade" (Folha Online). E este é o desafio... o caminho do meio... longe dos extremos da imaturidade... sem as tendências da infância, sem as tragédias da adolescência, sem as utopias da juventude!

 Nos momentos de transição ouvimos todo o tipo de afirmação... "agora vai mudar", "agora a coisa anda", "enfim, veio que esperávamos"! Mas quando a direção, realmente, muda de mão, e o peso do ofício, de fato, recai sobre quem de direito, a força da vida, as ondas do tempo, da razão, da consciência e da sobrevivência descortinam a realidade dura das coisas... ditando o compasso certo de cada tempo, de cada ato, de cada caso!

 Não sabemos se o Lula muda o Brasil ou se o Brasil muda o Lula!

 Acredito no meio termo. Os dois mudam! Assim como o ofício muda o sacerdote e o sacerdote muda o ofício! É natural, é lógico, é fato! As coisas precisam de tempo e de jeito... aquele milagre que tanto sonhamos não acontece de hora pra outra. É preciso trabalho e esperança para que as transformações da vida ocorram!

 Não podemos esperar mais do que as pessoas podem nos dar! Se são "pessoas", "gente", aqueles/as que nos guiarão, então vamos tratá-los/as como tais... aguardemos pelas suas vitórias, mas também pelos seus erros... entendamos seus desafios, assim como sua boa vontade.

Certamente não tratarão de todos nossos anseios... algumas questões ficarão sobre a mesa...  pode até ser que abandonem seus antigos posicionamentos... pode ser que se frustrem e nos frustrem!

Nesse contexto de pensar e repensar caminhos, de mudanças e expectativas, me reporto a Paulo ao dizer... "Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava como menino; quando cheguei a ser homem, desisti das coisas próprias de menino. Porque, agora, vemos como em espelho, obscuramente; então, veremos face a face. Agora, conheço em parte; então, conhecerei como também sou conhecido".

Que possamos lembrar sempre de nossa humanidade... esta que deve nos ensinar cada vez mais a pensar, mas também a repensar, a crer, mas também a esperar, a poder, mas também a respeitar.

Na graça e na paz,                                

  Rev. Nilson da Silva Júnior
Pastor Metodista na 5ª Região Eclesiástica.

   
 

 


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