Publicado por José Geraldo Magalhães em Social - 13/09/2013

PSAF Palavra do Bispo

 

O desafio continua

João ALves de Oliveira, Bispo Emérito e designado para assessorar a Ação Social da Igreja Metodista

O ministério de Jesus, em sua amplitude amorosa e misericordiosa, alcançou todas as faixas etárias, e as crianças não poderiam ficar esquecidas: foram acolhidas e lembradas pelo Mestre. Em um dado momento, a voz de Jesus ecoa no meio da multidão e dos/as discípulos/as, como que incomodando aqueles/as que seguiam o Mestre:

 


"Deixai vir a mim os pequeninos... não os embaraceis" (cf. Mt 19.14; Mc 10.14 e Lc 18.16).

Em seguida, numa atitude de amor e serviço, Jesus toma uma criança nos braços e a abençoa. Na ação de Jesus, vemos o seu compromisso com os/as pequeninos/as, como que afirmando a totalidade de sua ação missionária. Uma ação que se estende do/a menor até o/a maior, pois o amor, a compreensão, a comunhão, o perdão, a paciência e a humildade são características que estão presentes não somente nos adultos, mas também (e talvez até, principalmente) nos infantes.


Ao observarmos a atitude de Jesus - que se identificou com as crianças e conclamou os seus seguidores para que não impedissem sua aproximação -, aprendemos que nós, como Igreja, também devemos valorizar e dar continuidade a essa missão com as crianças. Porém, algumas questões ainda nos incomodam. De acordo com o que prescrevem os Cânones da nossa Igreja, um dos requisitos mínimos exigidos para que uma congregação torne-se igreja é que ela tenha condições de implantar um Ministério do Trabalho com Crianças. É um avanço... um desafio, porém algumas questões ofuscam esse ideal. Como nossas igrejas vêm trabalhando e orientando as crianças que estão sob nossa responsabilidade? As nossas Escolas Dominicais têm dedicado tempo suficiente para a capacitação das crianças? Nos Planos e Metas das igrejas locais têm sido contempladas ações que visem a esse Ministério? Nos orçamentos locais destina-se verba suficiente para fortalecer as ações do Departamento Infantil? O tratamento tem sido o mesmo dispensado aos demais Ministérios? Estamos mesmo preocupados com as nossas crianças? Investimos nelas? Fazemos reuniões de avaliação do trabalho com as crianças? Elas recebem a mesma atenção que as mega-reformas de templos, que muitas vezes servem apenas para inchaço do ego e valorização pessoal? O Ministério Pastoral tem exercido sua função docente nessa área? As regiões têm se preocupado em reunir pessoas, em Congressos e Encontros, com a finalidade de capacitação para esse trabalho? O que é mais fácil: apresentar "números", promover esta ou aquela reforma, ou implementar um projeto desafiador de acolhimento junto às nossas crianças?

Estas questões dizem respeito às crianças que se encontram sob nossa responsabilidade. Sem um tratamento adequado para tratar as que estão ao nosso redor, como tratar as que estão distantes?

Em 2000 a Igreja Metodista criou e aprovou o Projeto Sombra e Água Fresca, com o compromisso de incluir em seu ministério crianças que não fazem parte do cotidiano da maioria das nossas igrejas. O Projeto é desafiador, pois está voltado também para "fora" da Igreja, com a expectativa de corresponder à obra implantada por Jesus, ou seja, acolher, abraçar, colocar no "colo", abençoar, orientar, capacitar e amar todas as crianças.

O nome do projeto - "Sombra e Água Fresca" - ainda não foi entendido por algumas pessoas. Pode ser que, à primeira vista, a idéia seja a da acomodação, do receber pronto e acabado, de entregar de "mão beijada". Não! A idéia da " sombra" é a do acolhimento, é o afirmar: sejam bem-vindos, bem-vindas, estamos de braços abertos para recebê-los/as... o espaço é de vocês. Pois a "sombra" representa a unidade que não discrimina ninguém: acolhe a todos e a todas. A "água" é um dos elementos vitais, todos/as necessitam dela... por que não torná-la acessível também às crianças? Assim a "água" passa a ser um alimento que está nas mãos da igreja para ser oferecido às crianças: água é cristalina, fresca, pura, sem mácula, dosada com o amor de Jesus Cristo.

As igrejas locais precisam conhecer este Projeto, implantá-lo, vivenciá-lo e torná-lo público. Pois é mais uma ação missionária pela qual a Igreja pode atender aos reclamos da Palavra de Deus: Quando te vimos nu, com fome, sem veste, com sede, etc... ouviremos a resposta: quando fizestes a um destes meus pequeninos/as irmãos/ãs, a mim fizestes (cf. Mt 25.31-46).

O Projeto conta com uma equipe que está disponível para visitar as regiões e implantar suas ações.... vamos dar o primeiro passo?

Que a Graça e o Amor de Deus nos concedam sabedoria, e não permitam que menosprezemos as ações com as nossas crianças.

 


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