Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 20/09/2013
política não basta ser evangélico
LIMA, Perú, Agosto 7, 2006
ALC, Agência Latino-americana de Notícias
O crescimento numérico da membresia evangélica é um fato inegável no Peru, mas pensar que um presidente evangélico poderia mudar uma nação só por ter esse vínculo religioso seria ingênuo, disse o teólogo batista Samuel Escobar.
"Ser evangélico não é uma garantia para uma gestão de Estado eficaz", afirmou o teólogo. Ele lembrou a presidência de James Carter nos Estados Unidos, que, assegurou, "teve grandes limitações para mudar a nação", mesmo tratando-se de um homem consagrado da Igreja Batista.
Samuel Escobar é um batista peruano que reside na Espanha. Ex-presidente das Sociedades Bíblicas Unidas e ex-secretário geral da Comunidade Internacional de Estudantes Evangélicos (CIEE), ele dissertou, sábado, sobre "Igreja e Estado, velho problema, novos desafios", no auditório do Conselho Nacional Evangélico.
As transformações sociais, avaliou, passam por um caminho distinto da simples colocação de um líder evangélico no comando, "por melhores que sejam as suas intenções". Escobar não descartou a participação de evangélicos na política partidária, mas advertiu que não se deve confessionalizar tal participação, pois politizaria a igreja.
O teólogo batista desafiou os cristãos a se envolver em tarefas comunitárias, a participar de organizações da sociedade civil e a trabalhar pelo bem do povo. Esse é o caminho que os evangélicos deveriam seguir para serem eleitos, porque o povo reconhece o trabalho, independentemente da fé evangélica.
Como produto do crescimento evangélico podem aparecer líderes carismáticos "que queiram levar água ao seu moinho" sem nenhum controle institucional, advertiu o palestrante. Porém, "ser evangélico não é garantia de que não possa cometer erros ou cair em tentação", alertou, citando o recente caso de políticos evangélicos brasileiros envolvidos numa rede de corrupção para a compra de ambulâncias.
Sobre a relação Igreja-Estado, Escobar disse que a Igreja, cuja tarefa é o anúncio do Evangelho, deveria manter uma distância crítica do Estado, para levantar a voz profética em situações que exijam tal postura.