Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 13/05/2013
Pastor metodista escreve artigo sobre os 125 anos da abolição da escravatura
13 de Maio - O que vamos fazer com essa tal liberdade, se estamos na periferia e continuamos a sofrer?
“Porventura não é este o jejum que escolhi, que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo e que deixes livres os oprimidos, e despedaces todo o jugo? Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;”.
Isaías 58.6 e Mateus 5:6
É 13 de Maio, data que assinala 125 anos da abolição da escravatura negra no Brasil. Assinala a abolição da escravidão e a instalação da desigualdade social. Pois, a partir de 13 de Maio, com base nas linhas abaixo 370 anos de escravidão tinha fim:
Declara extinta a escravidão no Brasil:
A Princesa Imperial Regente, em nome de Sua Majestade o Imperador, o Senhor D. Pedro II, faz saber a todos os súditos do Império que a Assembleia Geral decretou e ela sancionou a lei seguinte:
Art. 1.º: É declarada extinta desde a data desta lei a escravidão no Brasil.
Art. 2.º: Revogam-se as disposições em contrário.
Manda, portanto, a todas as autoridades, a quem o conhecimento e execução da referida Lei pertencer, que a cumpram, e façam cumprir e guardar tão inteiramente como nela se contém.
O secretário de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas e interino dos Negócios Estrangeiros, Bacharel Rodrigo Augusto da Silva, do Conselho de Sua Majestade o Imperador, o faça imprimir, publicar e correr.
Dada no Palácio do Rio de Janeiro, em 13 de maio de 1888, 67.º da Independência e do Império.
Princesa Imperial Regente.
Rodrigo Augusto da Silva
Carta de lei, pela qual Vossa Alteza Imperial manda executar o Decreto da Assembleia Geral, que houve por bem sancionar, declarando extinta a escravidão no Brasil, como nela se declara. Para Vossa Alteza Imperial ver. Chancelaria-mor do Império - Antônio Ferreira Viana.
Transitou em 13 de maio de 1888.- José Júlio de Albuquerque
Livres, mas e agora? O que será o amanhã? Qual o futuro deste povo que durante quase quatro séculos se constitui nas mãos e pés do Brasil? País que, sob a pressão da Inglaterra foi o ultimo a abolir o uso da mão de obra escrava e buscando fugir de seu passado abre as portas para os imigrantes europeus.
A liberdade concedida ao povo negro, assinalada a 13 de Maio foi bem descrita por Wilmore e Cone, no livro Teologia Negra:
“Livres para a fome, livres para o inverno e para as chuvas do céu... Livres sem um teto para os cobrir, sem pão para comer, sem terra para cultivar... Nós lhe demos liberdade e fome ao mesmo tempo” (Wilmore e Cone, 1986, p. 42).”
A luta continua, pois 13 de Maio não cheira liberdade, mas caracteriza o coroar da maior injustiça cometida contra pessoas humanas. Pessoas que foram desumanizadas, coisificadas, bestializadas, exploradas e após a assinatura da Lei Áurea, abandonados a própria sorte, a qual o estado esperava que fosse a morte. Liberdade negra só será liberdade, quando houver igualdade e justiça.
O que vamos fazer com essa tal liberdade, se da senzala saímos para a periferia da vida e continuamos a sofrer?
A saída é lutar por igualdade, justiça, reparação e inserção social, partilha do poder. A liberdade plena do povo negro é um mito tanto quanto o da democracia racial defendido por Gilberto Freire no clássico “Casa Grande & Senzala”. O futuro do Brasil passa pelo futuro do povo negro, assim como, seu passado ao povo negro está atrelado. Retire os 370 anos de escravidão da história brasileira e nada sobra. A saída não é negar ou apagar o passado. A saída é repará-lo, aprender com ele. O Brasil só terá plena paz social quando tal paz não for um privilegio utópico de uma minoria branca e abastada. Digo utópico, pois em uma sociedade na qual em 100, setenta não possui nada, os 30 que possuem tudo não terão sossego não.
A pressão social, a desigualdade, o preconceito, o racismo, a mortandade neonatal, a falta de oportunidade, de valoração da cultura, está em ebulição, se manifesta na violência, no crime, nos homicídios, e se a injustiça social continuar irá explodir em revolução, e em tal revolução quem tem a perder é minoria que tudo possui. Portanto, a minoria precisa pressionar o governo juntamente com a maioria pobre. Digo pressionar o governo, pois a escravidão foi uma estrutura do estado, tão logo, cabe ao governo, hoje, 125 anos após a assinatura da Lei Áurea, por meio de políticas públicas cada vez mais inserir o negro no centro da vida social do país, retirando-o da periferia do ser e ter. Fazer agora, o que segundo Joaquim Nabuco, deveria ter sido feito em 1888, no ato da abolição. Pois, muitos negros conscientes de sua história, e de que este país foi construído com o sangue, suor, lágrimas e cadáveres de seus ancestrais, assim como eu, possuem dentro de sim, uma pergunta que não quer calar: “13 de maio - o que vamos fazer com essa tal liberdade, se estamos na periferia e continuamos a sofrer”?
Liberdade não se recebe, se conquista. Igualdade social não se ganha, se reivindica, se luta por, se constrói, se solidifica, quando não se é acomodado com um sistema injusto e desumano. O Jugo desigual social e opressivo precisa ser combatido e abolido, pois assim diz a Palavra de Deus: "Porventura não é este o jejum que escolhi, que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo e que deixes livres os oprimidos, e despedaces todo o jugo? Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; "- Isaías 58.6 e Mateus 5:6
Rev. José do Carmo da Silva – Mano Zé do Egito
Fonte das informações: DiarioOficial_escravidao35201.jpg
13 de Maio - O que vamos fazer com essa tal liberdade, se estamos na periferia e continuamos a sofrer?
“Porventura não é este o jejum que escolhi, que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo e que deixes livres os oprimidos, e despedaces todo o jugo? Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;”.
Isaías 58.6 e Mateus 5:6
É 13 de Maio, data que assinala 125 anos da abolição da escravatura negra no Brasil. Assinala a abolição da escravidão e a instalação da desigualdade social. Pois, a partir de 13 de Maio, com base nas linhas abaixo 370 anos de escravidão tinha fim:
Declara extinta a escravidão no Brasil:
A Princesa Imperial Regente, em nome de Sua Majestade o Imperador, o Senhor D. Pedro II, faz saber a todos os súditos do Império que a Assembleia Geral decretou e ela sancionou a lei seguinte:
Art. 1.º: É declarada extinta desde a data desta lei a escravidão no Brasil.
Art. 2.º: Revogam-se as disposições em contrário.
Manda, portanto, a todas as autoridades, a quem o conhecimento e execução da referida Lei pertencer, que a cumpram, e façam cumprir e guardar tão inteiramente como nela se contém.
O secretário de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas e interino dos Negócios Estrangeiros, Bacharel Rodrigo Augusto da Silva, do Conselho de Sua Majestade o Imperador, o faça imprimir, publicar e correr.
Dada no Palácio do Rio de Janeiro, em 13 de maio de 1888, 67.º da Independência e do Império.
Princesa Imperial Regente.
Rodrigo Augusto da Silva
Carta de lei, pela qual Vossa Alteza Imperial manda executar o Decreto da Assembleia Geral, que houve por bem sancionar, declarando extinta a escravidão no Brasil, como nela se declara. Para Vossa Alteza Imperial ver. Chancelaria-mor do Império - Antônio Ferreira Viana.
Transitou em 13 de maio de 1888.- José Júlio de Albuquerque
Livres, mas e agora? O que será o amanhã? Qual o futuro deste povo que durante quase quatro séculos se constitui nas mãos e pés do Brasil? País que, sob a pressão da Inglaterra foi o ultimo a abolir o uso da mão de obra escrava e buscando fugir de seu passado abre as portas para os imigrantes europeus.
A liberdade concedida ao povo negro, assinalada a 13 de Maio foi bem descrita por Wilmore e Cone, no livro Teologia Negra:
“Livres para a fome, livres para o inverno e para as chuvas do céu... Livres sem um teto para os cobrir, sem pão para comer, sem terra para cultivar... Nós lhe demos liberdade e fome ao mesmo tempo” (Wilmore e Cone, 1986, p. 42).”
A luta continua, pois 13 de Maio não cheira liberdade, mas caracteriza o coroar da maior injustiça cometida contra pessoas humanas. Pessoas que foram desumanizadas, coisificadas, bestializadas, exploradas e após a assinatura da Lei Áurea, abandonados a própria sorte, a qual o estado esperava que fosse a morte. Liberdade negra só será liberdade, quando houver igualdade e justiça.
O que vamos fazer com essa tal liberdade, se da senzala saímos para a periferia da vida e continuamos a sofrer?
A saída é lutar por igualdade, justiça, reparação e inserção social, partilha do poder. A liberdade plena do povo negro é um mito tanto quanto o da democracia racial defendido por Gilberto Freire no clássico “Casa Grande & Senzala”. O futuro do Brasil passa pelo futuro do povo negro, assim como, seu passado ao povo negro está atrelado. Retire os 370 anos de escravidão da história brasileira e nada sobra. A saída não é negar ou apagar o passado. A saída é repará-lo, aprender com ele. O Brasil só terá plena paz social quando tal paz não for um privilegio utópico de uma minoria branca e abastada. Digo utópico, pois em uma sociedade na qual em 100, setenta não possui nada, os 30 que possuem tudo não terão sossego não.
A pressão social, a desigualdade, o preconceito, o racismo, a mortandade neonatal, a falta de oportunidade, de valoração da cultura, está em ebulição, se manifesta na violência, no crime, nos homicídios, e se a injustiça social continuar irá explodir em revolução, e em tal revolução quem tem a perder é minoria que tudo possui. Portanto, a minoria precisa pressionar o governo juntamente com a maioria pobre. Digo pressionar o governo, pois a escravidão foi uma estrutura do estado, tão logo, cabe ao governo, hoje, 125 anos após a assinatura da Lei Áurea, por meio de políticas públicas cada vez mais inserir o negro no centro da vida social do país, retirando-o da periferia do ser e ter. Fazer agora, o que segundo Joaquim Nabuco, deveria ter sido feito em 1888, no ato da abolição. Pois, muitos negros conscientes de sua história, e de que este país foi construído com o sangue, suor, lágrimas e cadáveres de seus ancestrais, assim como eu, possuem dentro de sim, uma pergunta que não quer calar: “13 de maio - o que vamos fazer com essa tal liberdade, se estamos na periferia e continuamos a sofrer”?
Liberdade não se recebe, se conquista. Igualdade social não se ganha, se reivindica, se luta por, se constrói, se solidifica, quando não se é acomodado com um sistema injusto e desumano. O Jugo desigual social e opressivo precisa ser combatido e abolido, pois assim diz a Palavra de Deus: "Porventura não é este o jejum que escolhi, que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo e que deixes livres os oprimidos, e despedaces todo o jugo? Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; "- Isaías 58.6 e Mateus 5:6
Rev. José do Carmo da Silva – Mano Zé do Egito
Fonte das informações: DiarioOficial_escravidao35201.jpg
Posts relacionados
Geral, por José Geraldo Magalhães
Geral, por José Geraldo Magalhães
Geral, por José Geraldo Magalhães
Geral, por José Geraldo Magalhães
Geral, por José Geraldo Magalhães
Geral, por José Geraldo Magalhães
Geral, por José Geraldo Magalhães
Geral, por José Geraldo Magalhães