Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 13/09/2013
Pastor metodista é contra a legalização de jogo de azar
“O bingo não trará benefícios, mas vício, ilusão de dinheiro fácil e bebedeiras.” A afirmação é de Dom Pedro Luiz Stringhini, bispo de Franca e presidente da Comissão Pastoral da Caridade, Justiça e Paz. Ele comentou as articulações em curso em Brasília, com objetivo de permitir a volta das casas de bingo, agora com a justificativa de que os impostos gerados serão injetados na área de Saúde.
“O dinheiro dos impostos deve ser arrecadado levando em conta princípios éticos e lícitos. Deve vir do trabalho do povo e não dos caminhos da esperteza”, defende o líder católico.
O pastor metodista e historiador Ziel Machado também é contra a legalização dos bingos. “Não faz sentido atrelar a liberação do jogo à arrecadação de impostos. O malefício do vício no jogo é muito maior do que qualquer arrecadação”, opina. Para ele, há formas mais adequadas para arrecadar. “E tem ainda a questão de que não sabemos se aplicamos bem o que já está sendo arrecadado.”
De acordo com Ziel Machado, a arrecadação de impostos provenientes do bingo é uma cortina de fumaça. “Querem dourar a pílula. Acenam com supostos benefícios para tapar os malefícios. Não temos controle social para saber se o que se arrecada no Brasil é bem usado. Para que mais?”, questiona.
O pastor também acredita que a arrecadação de impostos tem de ser consequência do trabalho e não do que se movimenta em jogos de azar. “Há um custo social imenso. Os dependentes ficam invisíveis para a sociedade. Sobram famílias destroçadas pelas dívidas do jogo. Gente que perde a razão de viver. E isso sem falar na lavagem de dinheiro, na parte criminosa dos jogos de azar. O Brasil é um país rico, não precisa disso para arrecadar impostos”.
Para Ziel Machado, é preciso olhar a sociedade como um todo. “Essa é uma grande discussão nacional, e tem de passar por um plebiscito. Não dá para uma decisão dessas ficar na mão dos parlamentares, pois não sabemos quem financia esse debate no Congresso Nacional”, defende.
Dom Pedro Luiz Stringhini, por sua vez, acredita que o país tem coisas mais importantes para discutir, como as reformas tributária e política. “Queremos valores e comportamentos sadios. Vemos com reserva o dinheiro escuso que pode correr nesses jogos de azar”.
De acordo com nota da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), emitida no ano passado, a legalização dos bingos “possibilita o retorno a um mal já superado, colocando em risco a segurança e o bem-estar das famílias, submetendo à exploração tantas pessoas, tornando-as dependentes”.
Para a CNBB, a volta dos bingos ao país pode favorecer a prática de diversos crimes, como a lavagem de dinheiro. Os bispos católicos consideram ser possível criar novos postos de trabalho no país, “sem opções que promovam a degradação moral, como bingos eletrônicos e jogos de azar”.
Viciado em jogo muda a personalidade
A dependência em jogos de azar também provoca crise de abstinência. A pessoa tende a enganar familiares e amigos em nome do vício. Essa mudança de personalidade é percebida pelo jogador compulsivo, que não consegue se controlar.
4% das pessoas que jogam desenvolvem um tipo de distúrbio
Jogatina serviria para aumentar arrecadação
A volta do bingo seria utilizado para elevar a arrecadação federal. Uma espécie de novo imposto, segundo especialistas. “É melhor do que criar uma nova CPMF”, diz o deputado Paulo Pereira da Silva
Agência BOM DIA