Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 13/09/2013

Papa Bento XVI

À recente polêmica sobre a restauração dos bispos lefrebvistas e a anterior sobre os muçulmanos, agora surge forte oposição às declarações de Bento XVI contra o uso de preservativos, às quais agregou a de que o condom agrava o problema da AIDS.

Três governos reagiram rapidamente ao que disse o Papa. A França, a Bélgica e a Alemanha não dissimularam sua surpresa e preocupação pela posição papal. A Espanha decidiu enviar um milhão de preservativos ao continente africano.

Evidentemente também se opõem a elas personalidades científicas, especialmente as relacionadas com a medicina, e os organismos de luta contra a epidemia da AIDS. A todas estas declarações de oposição e até de estupefação quanto às palavras de Bento XVI ajuntam-se muitos católicos e católicas.

O Papa revelou sua posição ao falar aos bispos de Camarões, o que fazia parte da agenda de sua viagem à África. Sua declaração foi a de afirmar que a AIDS não se supera com a distribuição de condons e que a única solução é a "humanização da sexualidade".

Um despacho da EFE, na quarta feira, dia 18 de março, registra que o governo francês expressou sua "grande inquietação" - pela mensagem do Papa Bento XVI - e pelas consequências que possam ter na luta contra a AIDS, pois mensagens deste tipo "põem em perigo as políticas de saúde pública", segundo declarações de um portavoz do ministério francês do Exterior, e que a França considera ser "o preservativo um elemento fundamental nas ações de prevenção da transmissão do vírus da AIDS" juntamente com a informação, a educação e o diagnóstico precoce.

O referido despacho da EFE menciona que a Associação Alemanha de Ajuda contra a AIDS (DAH) acusou o Papa de "pecar contra toda a humanidade" por suas palavras contra a camisinha. "À vista da dor multitudinária que a AIDS causa na África, a rejeição categórica aos condons por parte do Vaticano é um ato de cinismo e de desprezo da humanidade", assinala um comunicado da DAH.

Outra organização, Actionaid, qualificou de "cegas e desafortunadas" as palavras de Bento XVI, e menciona que investigações científicas e sociais atestam que os "preservativos podem proteger aos mais vulneráveis e, portanto, salvar vidas". Por seu lado, a Esquerda Unida da Espanha acusou a Igreja Católica Romana de "converter-se em uma colaboradora (da transmissão) da AIDS e de seu terrível impacto no Terceiro Mundo".

Outras declarações foram as do Fundo Mundial de Luta contra a AIDS, a Tuberculose e a Malária, que dizem serem inaceitáveis as palavras do Papa.

Um comunicado do Ministério da Saúde da Bélgica, diz que a ministra da área, Laurette Onkelinx, "ficou estupefata ao saber das declarações" do Papa e que seu comentário "poderia destruir anos de prevenção e conscientização e pôr em perigo muitas vidas humanas".

O New York Times comentou o assunto em um editorial no qual disse estar o Papa "lamentavelmente equivocado". "Vive o Papa no século 21?", perguntou Alain Fogue, de Camarões, integrante do MOCPAT, uma organização que trabalha com pessoas infectadas pela AIDS.

O Bispo Hans Jochen Jaschke não fez menos que declarar publicamente sua oposição ao Papa, dizendo que "quem está enfermo com AIDS e é sexualmente ativo deve proteger aos outros e a si mesmo". A surpresa também chegou à União Européia, cuja Comissão Executiva disse que "o preservativo é um dos elementos essenciais na luta contra a AIDS", cuja ação preventiva está confirmada por provas científicas. + (PE)

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Tradução: Sérgio Marcus Pinto Lopes


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