Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 20/09/2013

Palavra Episcopal outubro 2006

 

Adriel de Souza Maia, Bispo da 3ª Região Eclesiástica.

"Uma igreja local que evangeliza não tem tempo para dedicar àquilo que não é prioritário no caminho da missão."

Estamos ainda vivendo as repercussões da primeira etapa do 18º Concílio Geral da Igreja Metodista realizado nos dias 10 a 16 de julho de 2006, nas dependências do SESC, Aracruz, Espírito Santo. Há uma grande movimentação de informações, reflexões, posicionamentos e expectativas sobre a caminhada da Igreja.

Essa expectativa também é maior tendo em vista a segunda etapa do 18º Concílio Geral convocado para os dias 12 a 14 de outubro Universidade Metodista de São Paulo, Rudge Ramos, São Paulo. 

E, agora? Na verdade, o mais importante é traduzir de forma dinâmica para todos os segmentos da Igreja o Plano Missionário aprovado para o próximo período eclesiástico nacional. Um grande esforço precisa ser feito no sentido de reafirmarmos nossas marcas pastorais e ministeriais, por exemplo, o ardor missionário, o equilíbrio, o cristianismo prático, a unidade cristã, a educação cristã, o discipulado transformador, compromisso social, a ênfase na vitalidade da experiência com Jesus Cristo, a santidade bíblica.

Nessa linha de pensamento, o Plano Missionário nos convida a dar "continuidade, aperfeiçoando ou novas percepções da vida e missão da Igreja" colocando perante a Igreja doze ênfases balizadoras do nosso compromisso missionário:

1. Manter fidelidade aos fundamentos da fé cristã e obediência ao mandato de Cristo.

2. Celebrar os sacramentos e cultuar a Deus em adoração comunitária, participativa.

3. Anunciar e viver a experiência da Graça de Deus acolhida pela fé em Cristo.

4. Fortalecer e promover a ação da igreja local como comunidade cristã de Dons e Ministérios, inserida no mundo.

5. Produzir os frutos da nova vida em Cristo, na perspectiva do Reino de Deus.

6. Produzir um zelo evangelizador na vida de cada metodista, de cada igreja local.

7. Capacitar e desenvolver o ministério pastoral de modo a cuidar da Palavra, da formação, da unidade  e conexidade na Igreja Metodista.

8. Valorizar a presença e papel dos ministérios leigos nos vários aspectos da missão da Igreja.

9. Desenvolver e promover educação cristã de modo constante na vida da Igreja.

10. Ser uma comunidade de fé que reconhece como Igreja que é parte da totalidade do Corpo de Cristo.

11. Desenvolver uma política de comunicação interna e externa, que norteie as intenções, sistemas e uso de diversos meios de comunicação.

12. Agir de modo unido, conciliar e conexional em nosso propósito missionário. 

À luz deste núcleo unificador da ação missionária da Igreja enfatizamos dois aspectos importantes:

a) Todo o nosso esforço precisa convergir no sentido de "manter fidelidade aos fundamentos da fé cristã e obediência ao mandato de Cristo." Em outras palavras, esse desafio significa colocar perante a Igreja que a nossa prioridade máxima é a missão inaugurada por Jesus Cristo. Por isso, não podemos desviar do foco da missão, ou seja, "aprisionar o Espírito e Sua Palavra" dentro da nossa visão estreita dos desígnios de Deus para a vida do Seu povo. Nessa perspectiva, a caminhada da Igreja implica em manter uma posição de compromisso e fidelidade e obediência irrestrita ao mandato missionário do Senhor Jesus Cristo. Os documentos missionários da Igreja Metodista ressaltam: a missão de Deus no mundo é estabelecer o seu Reino. Participar da construção do Reino de Deus em nosso mundo, pelo Espírito Santo, constitui-se na tarefa evangelizadora da Igreja (Plano para a Vida e Missão da Igreja).

b) A missão impõe sobre o ministério total da Igreja "um zelo evangelizador na vida de cada metodista, de cada igreja local." Por muitas vezes temos destacado que a paixão evangelizadora constitui o ponto mais importante dos ensinos de John Wesley. Conhecemos as palavras desafiadoras de Wesley que dão norte ao projeto da Igreja em termos de sua ação evangelistica: "nada saber senão ganhar almas". Na realidade, essa palavra de Wesley coloca em evidência a prioridade máxima da Igreja que é colocar vidas preciosas no caminho da reconciliação. Assim, os ministérios da Igreja são constituídos para serem instrumentos do amor de Deus revelado em Jesus Cristo. Evangelizar não é uma questão opcional, mas obediência ao mandato de Jesus Cristo conforme suas orientações no seu ministério terreno (Marcos 16. 14-18). Uma igreja local que evangeliza não tem tempo para dedicar àquilo que não é prioritário no caminho da missão.

Precisamos imprimir em cada membro da Igreja Metodista um verdadeiro ardor evangelizador resgatando assim o nosso desafio de "ser uma Igreja missionária a serviço do povo." Esse zelo evangelizador passa também por meio de um compromisso santificador pela ação renovadora do Espírito Santo. Os metodistas zelam por uma vida marcada pelos frutos espirituais. Por isso afirmam: "o metodismo requer vida disciplinada pessoal e comunitária, expressão do amor a Deus e ao próximo, a fim de que a resposta humana à graça divina se manifeste através do compromisso contínuo e paciente do crente com o crescimento em santidade (1 Pe 1.22; Tt 2.11-15). A santificação do cristão  e da Igreja em direção à perfeição cristã é proclamada pelos metodistas em termos de amor a Deus e ao próximo (Lc 11.25-28)  e se concretiza tanto em atos de piedade (participação na Ceia do Senhor, leitura devocional da Bíblia, prática da oração, do jejum, participação nos cultos etc.), (At 2.42-47) como em atos de misericórdia (solidariedade ativa junto aos pobres, necessitados e marginalizados sociais) (At 2.42-47). Os metodistas, como Wesley, crêem que tornar o cristianismo uma religião solitária, é, na verdade, destruí-lo  (Lc 4.16-19, 6.20-21; Rm 14.7-8).

E, agora? O 18º Concílio Geral aprovou o Plano Missionário. Nós, metodistas, em todo o território nacional, estamos sendo chamados por Deus em direção às necessidades das multidões (Mt 9.35-38). Na realidade, essa multidão estava cansada, aflita e era como ovelha sem pastor. Era gente de todos os lugares, sem casa, sem trabalho e sem esperança. Nesse contexto, precisamos operacionalizar o Plano Missionário, a partir da conexidade metodista. Não há como encarnar, atualmente, a complexidade de desafios de um modo isolado ou de forma personalista. Precisamos unir nossas forças. Que o sopro divinal impulsione a Igreja metodista a perseguir sua vocação histórica: "não criar uma nova seita, mas reformar a nação, particularmente a Igreja e espalhar a santidade bíblica sobre toda a terra" (John Wesley).


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