Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 20/09/2013

Palavra Episcopal junho 2007

 

Adriel de Souza Maia, Bispo da 3ª Região Eclesiástica.

Há um ano estávamos numa grande movimentação, levando-se em consideração a realização do 18º Concílio Geral da Igreja Metodista que aconteceu em sua primeira etapa (no período de 10 a 15 de julho de 2006) nas dependências do Sesc de Aracruz, Espírito Santo.

O momento alto e significativo do conclave foi a aprovação do Plano Nacional Missionário para o qüinqüênio 2007/2011, contendo as bases para a ação missionária da Igreja Metodista no solo brasileiro. O presente Plano objetiva "produzir um zelo evangelizador na vida de cada metodista, de cada igreja local".

Nessa linha de pensamento, o Plano reforça o papel missionário da igreja local apontando a importância de convergir esforços, visando a "Fortalecer e promover a ação da igreja local como comunidade cristã de dons e ministérios, inserida no mundo".

Nos documentos anteriores já destacávamos que: "somente a missão justifica a presença da Igreja no mundo". Portanto, a razão de ser da Igreja é cumprir o mandato missionário de Jesus Cristo. Por isso, Jesus iniciou o seu ministério terreno trazendo à memória as palavras proféticas de Isaías: "O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me ungiu para pregar as boas novas aos pobres, Ele me ungiu para proclamar liberdade aos presos e a recuperação de vista aos cegos, para libertar os oprimidos e proclamar o ano aceitável do Senhor" (Lucas 4. 18).

Essas palavras vividas por Jesus Cristo certamente mexem e remexem conosco e, consequentemente, levantam uma grande questão: qual tem sido a prioridade da igreja local? O Colégio Episcopal, avaliando a caminhada da Igreja, sublinhou: "dar prioridade às ações ministeriais que ocorrem na igreja local, pois esta é a base missionária. Foi na igreja local de Jerusalém que tudo começou. Ali, movidos pelo Espírito Santo, passaram a assumir diferentes desafios. Ser Igreja Missionária importa assumir hoje, com intensidade, a nossa Jerusalém. Onde fica a nossa Jerusalém? Nossa Jerusalém é o primeiro limite missionário em que está colocada a nossa igreja local. É o nosso bairro ou nossa vila, é onde moramos, trabalhamos. Onde as pessoas nos conhecem muito bem e podem conferir, pela convivência, qual é o efeito prático do evangelho em nossa vida. Se somos honestos e justos em nossos negócios, se somos verdadeiros no nosso falar, se demonstramos amor às pessoas concretamente. É também o limite onde, como igreja local, atuamos. Ali, o povo do nosso bairro, vila ou cidade precisa ver e sentir o amor em serviço que o Espírito nos impulsiona a realizar em favor dos que sofrem".

Quando se levantam os olhos para as cidades que conhecemos em seus bairros, favelas, agrupamentos etc., percebem-se que, a

espeito da missão ser a razão de ser de nossas diversas igrejas locais, muitas delas cederam à tentação de parar. E muitas delas, sem dúvida, estão paradas no tempo e no espaço, vendo a banda passar e parecendo estar sofrendo de uma amnésia da razão de sua existência. Pararam no espaço: ao redor delas, bairros, favelas e agrupamentos residenciais cresceram e se desenvolveram; diversos benefícios comunitários foram implantados, enfim, o progresso chegou. Porém, algumas igrejas estão lá, ano após ano, fechadas em si mesmas, isoladas dentro de suas grades, indiferentes ao que está acontecendo lá fora - e apenas conservando o que têm com muitas dificuldades. E pararam no tempo, porque não utilizaram seus instrumentos de comunicação, vivendo o passado conservador, desconhecendo a linguagem, as necessidades e as carências que estampam ao derredor. A relevância da Igreja está na sua capacidade em responder aos desafios da missão no tempo presente com flexibilidade, com criatividade e com competência espiritual sem perder o foco da mensagem de ser uma comunidade Cristocêntrica, Pneumática e Missionária.

Acontece ainda o seguinte: esta tentação de parar imobiliza a missão e contraria a dinâmica de Jesus Cristo, como seu Corpo Vivo. Nessa senda, não se leva em consideração o desafio missionário de Jesus: "E percorria Jesus todas as cidades e povoados, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda a sorte de doenças e enfermidades. Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor. E, então, se dirigiu aos seus discípulos: A seara, na verdade, é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara" (Mateus 9. 35-38). O Espírito Santo está distribuindo os Seus dons missionários e equipando todas as pessoas para a missão. No entanto, Ele aguarda nossa receptividade, ou seja, transformar os dons em ministérios concretos no dia-a-dia da nossa caminhada missionária.

É importante sublinhar o apelo contido no referido Plano: "Em nossa responsabilidade social, educar a Igreja a se envolver em iniciativas missionárias de serviço solidário junto à vida do povo, especialmente aos que foram privados de seus direitos como pessoas. Ser comunidade que resiste a aspectos anticristãos: investir contra o individualismo, o consumismo, o desprezo aos valores éticos, à violência, à intolerância religiosa e toda a forma de exclusão que produz injustiça, corrupção, impunidade, fome e miséria. Procurar conhecer o modo como a organização e instituições se articulam, tendo disposição e competência para afetar as causas dos problemas. Denunciar situações que oprimem, em especial a penúria e a miséria em que vivem os pobres, Anunciar e proporcionaresperança. Tomar posição frente aos problemas do País. Apoiar ações que privilegiem a vida."

A Igreja de Jerusalém tinha como comunidade: proclamação, serviço, camaradagem, instrução e adoração. Porém, estava presa, conservando a tradição judaica: isolamento, separação e nacionalismo bairrista. Surge então a perseguição, obrigando-a a desinstalar-se e sair dentro de si mesma.

É tempo de ação missionária! As igrejas locais, espalhadas nas diversas cidades do nosso país, precisam ser agressivas, animadas e valentes, nos termos das orientações do Plano Nacional Missionário. E devem sê-lo por mandato missionário dado pelo próprio Cristo: "Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio. E, havendo dito isto soprou sobre eles e disse-lhes: recebei o Espírito Santo" (João 20. 21-22). essa linha, a igreja local será um espaço de adoração, piedade, misericórdia e acolhimento.


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