Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 20/09/2013

Palavra Episcopal FEVEREIRO DE 2006

 

Adriel de Sousa Maia, bispo da 3ª RE

 

O novo ano de 2006 chega com desafios e oportunidades.  Certamente, a maior oportunidade é a renovação de propósitos em termos de uma vida pessoal e eclesial voltadas aos valores determinantes da missão, para o cumprimento do indo missionário do Senhor Jesus Cristo.

 

Nessa linha de pensamento, o tema do biênio 2006/2007 - "Testemunhar a alegria e a esperança do serviço"- traz uma motivadora inspiração divina, para que nossa ação missionária seja portadora do carisma de um testemunho vigoroso e marcado pela alegria e esperança e, em conseqüência, desemboque num eloqüente serviço, enquanto servos e servas de  Jesus Cristo (João 13), na comunidade em que vivemos. 

 

Este ano começa dentro de um cenário interno marcado de expectativas, por exemplo, no final de ano passado foram realizados todos os Concílios Regionais elegendo novos desafios para as regiões eclesiásticas e, em seguida, os bispos e a bispa anunciaram as nomeações pastorais para o novo período eclesiástico. Assim, igrejas, ministérios, pastores e pastoras vivem uns momentos de expectativa nesta nova quadra eclesiástica. Igualmente, os referidos Concílios elegeram  seus representantes leigos/as e clérigos/as para o 18º Concílio Geral, a ser realizado nos dias 10 a 16 de julho de 2006, em terras capixadas. 

 

Nesta altura do ano, o Rol do Concílio Geral já está organizado e as respectivas delegações começam a inteirar-se da pauta do Concílio Geral com tantas matérias a serem estudadas num pequeno espaço de tempo.

Vejo que entre as muitas pautas do Concílio um terá que ser priorizada: o ministério pastoral. Na verdade, os últimos Concílios Gerais não foram introduzidas modificações substanciais, eles foram conservadores especialmente, quando tentativas foram feitas para a mudança constitucional desobrigando o direito de nomeação pastoral para os presbíteros e presbíteras da Igreja Metodista. Certamente, a pauta voltará a ser trabalhada novamente, considerando-se o número bastante elevado de presbíteros e presbíteras que são admitidos no quadro da Ordem Presbiteral da Igreja Metodista. Em contra partida não há um crescimento numérico da Igreja que justifique uma estabilidade de todo o ministério ordenado da Igreja, bem como as demais categorias existentes no rol pastoral da Igreja Metodista.

 

No entanto, a pauta merece um estudo mais amplo envolvendo algumas questões que são de grande importância. Por exemplo, a formação do ministério pastoral presbíteros/as e pastores/as; o lugar do ministério pastoral dentro do contexto de uma Igreja de Dons e Ministérios; a questão da itinerancia dentro do processo de nomeações pastorais. Na realidade, ouvimos falar muito sobre itinerancia do ministério pastoral. A Constituição da Igreja Metodista Art. 13 Parágrafo Único: "Os presbíteros ativos estão sujeitos à itinerância." Nessa linha, ainda não evoluímos numa reflexão mais ampla sobre o tema à luz da realidade da nossa pátria. A itinerancia do ministério pastoral, em terras brasileiras teve sua exuberância quando o país era eminentemente rural. Hoje, o quadro é outro. As estatísticas apontam que cerca de 80% da população brasileira está concentrada nos grandes centros urbanos. Como trabalhar com essa realidade dentro do sistema metodista itinerante? Não está na hora da Igreja repensar o conceito de itinerância, especialmente, num momento que se estuda a possibilidade da mudança constitucional sobre a não obrigatoriedade da nomeação pastoral para o ministério ordenado da Igreja? 

 

Nessa esteira de preocupação, ainda incluo a questão da nomeação pastoral.  Talvez seja esse o expediente mais difícil que recai sobre o episcopado da Igreja Metodista. Na inteligência canônica compete ao sobre o bispo ou   à bispa a total responsabilidade de nomear os seus pastores e suas pastoras. Ao longo do meu episcopado considero uma atribuição desumana e o conceito de uma Igreja provedora, gerando paternalismo.  A nomeação pastoral é um processo que tem que levar-se em conta muitos fatores técnicos e pastorais. Não pode ser uma expediente que tira aqui e coloca ali. No fundo, essa dinâmica é geradora muita insatisfação na caminhada da Igreja e cimentando uma cultura que o pastor ou pastora está sempre preparado para sair e, lamentavelmente, essa cultura gera também na vida das igrejas o caminho mais confortável a saída do pastor ou da pastora. Nesse cenário, o bispo ou a bispa vive a pressão de todos os lados dos segmentos envolvidos e, lamentavelmente, gerando como diz na linguagem popular um "jogo de empurra".

 

Considero que o processo de nomeação pastoral precisa de uma melhor elaboração na canônica da Igreja Metodista envolvendo primeiramente o projeto da Igreja e com uma ampla participação dos segmentos envolvidos, a fim de que o mesmo seja portador de uma co-responsabilidade.

 

Nessa perspectiva, estaremos dando uma melhor qualidade ao processo de nomeações pastorais administrando uma itinerância salutar e, especialmente, portadora dos dons e ministérios pastorais dentro de uma Igreja que tem a configuração conciliar, episcopal e conexional.

 

A comunidade metodista espera que seus representantes possam analisar com todo o cuidado que o tema, a fim de que não improvisemos a nossa gestão pastoral. Nosso ministério pastoral precisa de uma melhor qualificação a fim de que  possa responder com competência e eficiência, sob a unção renovadora do Espírito Santo, as demandas do dia-a-dia do nosso povo e das nossas comunidades.

 

Que a graça do Senhor seja sobre a vida de toda a equipe que se prepara para o 18º Concílio Geral.

Com estima pastoral.


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