Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 12/06/2012

Palavra episcopal da bispa Marisa às pessoas que trabalham com crianças

À todos/as vocacionados/as ao ministério com nossas crianças!

Vocês não têm ideia da minha alegria em ser mais uma colaboradora deste ministério revolucionário, que é o de trabalhar com as crianças. O Senhor Jesus tem me convertido cada vez mais à Palavra dele, especialmente quando disse: “Quem recebe a esta criança, a mim me recebe. E quem me recebe, recebe ao meu Pai, que me enviou.” – Mc 9: 37. Este texto traz um conteúdo altamente revolucionário. Por meio dele, Jesus está dizendo aos discípulos que, para terem parte consigo, é necessário ter a mente transformada. É preciso que a ordem de valores e prioridades, traçadas por pessoas submetidas ao mundo pecador, seja completamente revista a partir do ensinamento de Deus Pai.

Segundo as avaliações desta nossa terra, criança encontra-se enquadrada mais ou menos dentro deste perfil:

a.    É um ser que ainda não é, mas que virá a ser. Portanto, não se dá muita atenção ao que faz ou diz;
b.    Por ser dependente de alguém, não é prioridade neste mundo de ênfase capitalista, em que a produção da riqueza é o que conta. Criança, a partir desta perspectiva, é prejuízo;
c.    Por isso mesmo devem ficar por conta de pessoas “menos capazes” de fazer girar o mundo financeiro: mulheres, jovens (especialmente as moças, para já se prepararem para o exercício da maternidade) ou voluntários/as, que só o são por estarem desempregados/as;
d.    Na disputa de mercado mundial entre as grandes potências (grandes não a partir de valores, mas de produção de riquezas, de dinheiro, de objetos que sejam vendáveis, etc), gestar uma criança ou mesmo dispensar tempo para cuidar dela é, na verdade, um grande estorvo. Não ajuda em nada o país a “ir para frente”;
e.    Criança é, pois, um “item” de menor valia para as exigências do mercado financeiro;
f.    E sendo assim, torna-se de menor valia para as instituições “sérias”, que se preocupam
com “os reais rumos” deste mundo. Como tais pessoas geralmente ainda são os homens, isto implica que eles não têm tempo para tais tarefas “mais simples” e “inferiores”.

Quais as conseqüências disto? É o que naturalmente se vê: criança, por não ser prioridade
econômica, não o é também para a maioria das religiões, para o poder público, para as instituições de modo geral. Elas ficam “encaixadas” nos espaços que sobram nas listas das prioridades deste século. Portanto, sua educação, sua sobrevivência, sua segurança, seus direitos de cidadania e sua valorização têm pouco peso.

E isto para o Reino de Deus? Ora, isto é altamente contrário ao que Jesus afirmou: se o mundo despreza as crianças, então despreza a Ele mesmo e ao seu Pai. Já pensaram que palavra dura? Jesus não deu moleza quando quis afirmar o que conta no Reino do seu Pai: o/a menor é que é maior; e o/a maior é aquele/a que serve. Claro. Se Deus foi quem teceu a vida das crianças, quão grande valor elas não tem para Ele? E se alguém ouve a voz de Deus, então compreenderá este amor e amará as crianças tal como Deus as ama. Este é o amor que muda o mundo: aquele que se aprende com Deus, a partir da vontade Dele.

Deus criou o universo e se responsabiliza por ele. Tudo que Ele criou viu que era bom. E se o pecado estragou com boa parte desta criação, Deus jamais desistiu de restaurá-la. Ah! Isto não! Jesus é a prova mais evidente do quanto Deus ama a tudo e a todos/as aos quais criou. Para restaurar sua criação sequer hesitou em mandar seu Filho à terra, para ser julgado e condenado como se fora um pecador. Assim é o amor de Deus: de verdade, sério, sacrificial, que ama a verdade. Neste amor perfeito não há lugar para priorizar o ter ao invés do ser. De forma alguma. Jesus morreu, mas, não compactuou
com as seduções pecaminosas de torcer o que Deus ensina.

Você vê que Deus maravilhoso é este a quem servimos? Ele é tão, mas tão maravilhoso que nos chamou para servir aos/as pequenos/as. Grande privilégio este nosso. Grandessíssimo privilégio. E como parte deste trabalho de excelência o Senhor nos envia a anunciar O QUE SIGNIFICA AMAR AS CRIANÇAS; QUE LUGAR AS CRIANÇAS TEM NO REINO DE DEUS; QUE SERVIR AS CRIANÇAS É UM PRESENTE DE DEUS; QUE AO RECEBER UMA CRIANÇA ESTAMOS RECEBENDO A JESUS E ÀQUELE QUE O ENVIOU.

Adiante irmãs e irmãos. Nossa tarefa é muito especial e não há tempo a perder.
Carinhosamente e na compreensão de que o trabalho com crianças é um serviço profético, despeço-me.

Marisa de Freitas Ferreira
Pastora no exercício do episcopado.


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