Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 10/01/2011

Os Sinais da Graça numa Igreja Conciliar

Aproxima-se à realização do 19o Concílio Geral da Igreja Metodista previsto para o período de 9 a 17 de julho de 2011, na cidade de Brasília, Distrito Federal. Nessa perspectiva, todas as providências estão sendo tomadas, a fim de que este evento seja um marco missionário, especialmente, no inicio da segunda década do século 21.

A Igreja Metodista é uma comunidade conciliar e, nesse sentido, os sinais da graça de Deus  são sinalizados. Assim, nós, os metodistas desde o seu nascedouro, fazemos parte de uma bela história conciliar, tendo como fonte de inspiração a Palavra de Deus e os Concílios históricos  que construíram a nossa base de Fe cristã.

O movimento metodista  em sua Primeira Conferência no ano de 1744 com a presença de um pequeno grupo: 4 (clérigos)  e 04 (leigos) trabalhou uma pauta extremamente marcante para dar tom à eclesiologia metodista: qual é o papel do povo metodista, à luz do seu chamado? Nessa perspectiva, três eixos foram debatidos: o que ensinar?  Como ensinar? O que fazer? Na realidade, uma pauta missionária, objetivando o fortalecimento da identidade do caminhar do povo metodista.             

A dimensão conciliar, portanto, é o modo concreto de ser Igreja que aperfeiçoa a comunhão. Por isso, a palavra Concílio vem do Latim, Concillium, e significa: acerto comum, afirmação comum, compromisso mútuo. Em grego a palavra que traduz concílio é Sínodo (su-odos) que significa o mesmo caminho, buscar a mesma orientação. Por exemplo, o Livro de Atos dos Apóstolos registra  no capitulo quinze à realização do Concílio de Jerusalém.  Esse texto descreve um episódio que requereu uma solução adequada, por parte dos membros da comunidade primitiva. A questão que envolveu a vida da Igreja Primitiva foi: “...se não  vos circuncidardes segundo o costume de Moisés, não podeis ser salvos”( At 15.l).  Esse foi o grande debate teológico e, na verdade, com implicações comportamentais. No entanto, aquela assembleia, sob a Graça orientadora do Espírito , chegou à um caminho comum: “pois  pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor maior encargo alem das coisas essências”( At 15, 28).

Temos Concílios em todas as esferas da administração da Igreja Metodista em terras brasileiras: concílio local, Concílio Distrital, Concílio Regional e Concílio Geral. Cada Concílio tem a sua configuração própria  e sua abrangência, à luz dos Cânones da Igreja Metodista. Por isso, podemos reafirmar: nossa Igreja Metodista é Conciliar. A missão de Deus é o alvo principal de nossos Concílios. Neles há diversos detalhes e expedientes. Justifica-se a dinâmica conciliar, no projeto missionário da Igreja.  Assim sendo, é bom trazer à memória  o Art. 3 e o parágrafo  da Constituição da Igreja Metodista: “A missão da Igreja Metodista é participar da ação  de Deus no Seu propósito de salvar o mundo.  A Igreja Metodista cumpre a sua missão realizando o culto a Deus, pregando  Sua Palavra, ministrando  os sacramentos, promovendo a fraternidade e a disciplinas cristãs e proporcionando a seus membros meios para alcançarem uma experiência cristã progressiva visando ao desempenho de seu testemunho e serviço no mundo”.

Um chamado à missão, na verdade, implica num posicionamento de humildade, contrição quebrantamento e arrependimento. Nessa linha de raciocínio, devemos lembrar que no último 18o Concílio Geral realizado em Aracruz, ES, os membros daquele conclave foram convidados para um momento de quebramento e confissão nos seguintes termos tendo como referencia a oração do Profeta Daniel  9, 4-19:

"Este  é o grande chamamento ao povo metodista reunido na história da caminhada da Igreja em mais um Concílio Geral, a fim de permitir que o mover do Espírito Santo nos conduza ao verdadeiro quebrantamento, ao arrependimento e à confissão dos nossos pecados pessoais e comunitários. Pecados que se configuram de diferentes  formas, quais sejam:

•    Nossa estreiteza missionária, especialmente, na evangelização do nosso povo excluído da vida abundante prometida por Jesus Cristo ( João 10.10).
•    Nossa desunião, nossa impiedade para com as pessoas que pensam diferentemente de nós.
•    Nossa indisciplina pessoal e comunitária.
•    Nossa visão consumista e materializada da vida e, consequentemente, rendida  à sedução do mercado.
•    Nossa dureza de coração frente às demonstrações   da graça de Deus na vida da Igreja e do mundo.
•    Nossos desníveis e desencontros visíveis e invisíveis, no que tange as relações interpessoais.
•    Nossas mágoas, rancores, ódios, rixas, ofensas retidas nos porões de nosso inconsciente  que precisam de libertação imediata pelo perdão e reconciliação.  Como igrejas locais, pastores, pastoras, famílias em geral, somos comunidades de pecadores. Todos nós temos dívidas em relação a Deus e ao próximo. Muitas vezes, nossos relacionamentos encontram-se gastos, corroídos, poluídos pelo orgulho, inveja, ciúmes, mania de grandeza.Por isso, clamamos: “a nós pertence o corar de vergonha”.
•    Nossos condicionamentos querendo “aprisionar o Espírito e Sua Palavra”numa sessão conciliar, bem como nos nossos conceitos e preconceitos. Esta abertura ao Espírito Santo requer de nós humildade, esvaziamento, quebra do orgulho, da superioridade, de vanglória e de qualquer sentimento que fira ao “sentimento que houve em Cristo”( Fp 2.5).
•    Nos movimentos  que promovam atitudes de desrespeito, da indisciplina, dos julgamentos precipitados comprometendo a dignidade de pessoas e governabilidade da Igreja.

Por isso, na angústia e expectativas de Daniel imploramos enquanto Igreja: Oramos ao Senhor, derramando perante  Ele o nosso coração e dizendo: “Ó Senhor, atende-nos e age”.

A pauta do 19o Concílio Geral está repleta de expedientes importantes e alguns extremamente desgastantes, no entanto,  espera-se a primeira atitude da Igreja reunida em Concílio Geral – instancia maior na vida da Igreja Metodista – possa render-se aos pés de Cristo numa atitude de humildade, quebrantamento e confissão de pecados, a fim de que os  sinais da graça sejam perceptíveis na Igreja Conciliar e, nessa direção, com coragem missionária declaremos os pilares da Reforma Protestante no século 16 encabeça por Martinho Lutero: “somente Cristo;  somente Cristo; somente a Palavra de Deus; somente a graça; somente a fé.

Aproveito a oportunidade, para desejar a todos leitores e todas leitoras do Expositor Cristão um ano de 2011 marcado pela vitalidade do Evangelho em termos de vida, missão e serviço.

Com apreço pastoral,
Adriel de Souza Maia, bispo


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