Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 15/04/2011

O Triunfo da Humildade

Ouvindo o povo que Jesus entrava, foi encontrá-lo enquanto des­cia o Monte das Oli­vei­ras, em dire­ção a Jeru­sa­lém. Jesus era sau­dado com a voz de cri­an­ças, que ace­na­vam com ramos e pal­mas, e aco­lhido por gente sim­ples do povo que ofe­re­cia, reve­rente, suas túni­cas como tapete afetivo.

Ilus­tra­ção acima: © Mar­cos Bres­co­vic utilizar somente com autorização. Conheça as obras do artista CLIQUE AQUI!

O jumento emprestado
Impe­ra­do­res, reis e gene­rais cos­tu­ma­vam fazer entra­das triun­fais nas cida­des por onde pas­sa­vam. Cava­la­ria, músi­cos, arau­tos, estan­dar­tes e tape­tes ver­me­lhos os sau­da­vam. Quando a mis­são era mili­tar, mon­ta­vam cava­los fogo­sos. Mas se de paz se tra­tava, lá vinha o rei mon­tado em jumento, fina­mente encilhado.
Jesus, porém, em sua última via­gem – que tem como des­tino a humi­lha­ção e a con­de­na­ção – é home­na­ge­ado de forma inu­si­tada, ao entrar em Ierusha­lom (a cidade da paz), mon­tado, nada triun­fal­mente, em um jumen­ti­nho empres­tado, numa uni­ver­sal mis­são de paz (vd. v. 5 e 7).

As túni­cas ao chão
Essa gente pobre estende pelo chão suas túni­cas rotas para que o Filho de Davi tenha o con­forto modesto, ofe­re­cido por quem não tem tudo o que o Rei merece mas tudo o que tem a ele oferece.

Oferta que se faz acom­pa­nhar de uma prece: “Hosana ao Filho de Davi” (v. 9). Tal expres­são, na boca do povo pobre, soa como um cla­mor e como um lou­vor. Cla­mor para que o rei da Gló­ria atente para a humi­lha­ção dos seus súdi­tos. Lou­vor por­que pela boca das cri­an­ças que nada têm, a não ser sua pró­pria voz, presta-se a per­feita home­na­gem àquele que vem em nome do Senhor.

Essa gente não tinha tape­tes ver­me­lhos para estender-lhe adi­ante. Para Jesus, porém, aque­las capas sujas, amas­sa­das e esfar­ra­pa­das eram mais que sufi­ci­en­tes para fazê-lo sentir-se aco­lhido, home­na­ge­ado, hon­rado, dig­ni­fi­cado. Ainda mais que aquele cami­nho sinu­oso se fizera ador­nar do verde e da espe­rança das pal­mas, dos ramos e do calor humano do povo sim­ples e das cri­an­ças de colo.

O Pro­feta galileu
“Quem é este?” (v. 10), per­gun­tam as gen­tes. Há quem não entenda. Esse gali­leu não pode ser o Mes­sias. Não é da nobreza, não é um guer­reiro, não tem sequer um cavalo de raça; não passa de um mero arte­são, ope­rá­rio ile­trado; ainda por cima é amigo de pes­ca­do­res mise­rá­veis, de mulhe­res inde­cen­tes, de enfer­mos mal­chei­ro­sos e de luná­ti­cos desprezíveis.

Ecoa uma voz e uma res­posta (seria a das cri­an­ças?): “Este é o pro­feta Jesus, de Nazaré da Gali­léia” (v. 11). Sim! Há aque­les e aque­las que têm olhos para ver Deus entre os pobres, o Rei entre as cri­an­ças, o Mes­sias entre os enfer­mos, o Pro­feta entre os sem-honra.

E quanto a nós? Que Mes­sias espe­ra­mos ver? Esta­re­mos pre­pa­ra­dos para o triunfo da humil­dade? Jesus não vem em mis­são mili­tar, mas em pas­se­ata pací­fica; não vem em demons­tra­ção de força, mas em expres­são de ami­zade; não vem em busca do poder, mas ao encon­tro do povo.

Tal­vez só tenha­mos uma túnica batida e empo­ei­rada para hon­rar o rei ben­dito. Ele não pre­cisa mais do que isso para se sen­tir con­for­tá­vel. Tal­vez só tenha­mos nos­sas vozes tími­das para cla­mar: “Hosana!”. Ele não pre­cisa mais do que isso para se sen­tir bem-vindo e visitar-nos com seu amor e sua eterna paz.

Assim, tam­bém, ben­di­tos sejam tan­tos quan­tos vie­rem humil­de­mente, em nome do Senhor, e em mis­são de paz.
Rev. Luiz Car­los Ramos
 
Fonte:www.luizcarlosramos.net


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