Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 19/08/2010
O Testemunho da Pregação: Aula Magna da FaTeo
O Testemunho da Pregação, título de um de seus principais livros, foi o tema da Aula Magna que o pastor e professor Thomas Long ministrou na Faculdade de Teologia, na manhã do dia 18 de agosto. Ministro presbiteriano e especialista em hermenêutica bíblica, Thomas Long é professor da Universidade Emory (Candler School of Theology), de Atlanta, Estados Unidos. Para a tradução de sua palestra, em inglês, o professor Long contou com a ajuda de um ex-aluno da FaTeo, hoje seu colega de ensino: Wesley de Souza, professor de Prática de Evangelismo na Candler.
Thomas Long iniciou sua palestra referindo-se a um ensinamento do teólogo Agostinho, no século V. Orientando acerca do propósito da pregação, Agostinho destacava três aspectos: o ensino, o prazer e a persuasão. “Costumo dizer a meus alunos que, hoje, se Agostinho pregasse em nossa igreja, ao final do sermão ele ouviria o seguinte comentário: ´eu aprendi algo a partir deste sermão, fui movido por ele e, agora, quero fazer algo a respeito´”. Segundo Long, cada sermão deve ter o propósito de ensinar, emocionar e persuadir, ou seja, levar à transformação de vidas. Naturalmente, alguns sermões terão maior conteúdo de ensino, outros serão mais emocionais ou, ainda, se fixarão mais nas questões éticas, mas a totalidade deve ser a busca do pregador.
O professor lembrou que, no início dos anos 50, o sermão de ensino era o modelo dominante em todas as igrejas americanas. Este modelo acabou por cansar as congregações. Em resposta a este modelo, surgiu, então, um sermão mais narrativo. Ao invés de ensinar idéias, o pregador passou a contar histórias, por meio das quais a mensagem era transmitida. O foco saiu do ensino e da ética para o prazer. As histórias contadas pelos pregadores passaram a buscar o convencimento pela emoção. “Hoje, passado meio século, ainda estamos no ´estado do prazer`”, disse o pregador.
“Os pregadores são contadores de histórias, mas a cultura norte americana mudou. Se há 50 anos as congregações estavam cansadas de ser ensinadas, hoje elas sabem muito pouco. Apenas contar histórias não as tem informado. A fé cristã está perdendo o conteúdo ético. As congregações querem entretenimento, mas sabem pouco sobre a fé e a prática cristã. Por isso, hoje estamos chamando pregadores para agirem de maneira diferente. Os sermões não precisam perder seu aspecto artístico e poético, mas devem trazer mais ensino, em resposta a essa nova crise cultural. Há 50 anos a crise era o cansaço da congregação com as pregações enfadonhas. Agora a crise é de conteúdo”. Thomas Long destacou, ainda, que os pregadores, que tinham como modelo o Evangelho de Lucas, deviam se voltar mais, agora, ao Evangelho de Mateus. E, após apresentar a realidade americana, convidou os futuros/as pregadores/as brasileiros/as a pensarem sobre a sua própria realidade e perguntarem: “o que a cultura brasileira pede do pregador”?
Suzel Tunes