Publicado por José Geraldo Magalhães em Expositor Cristão, Mulheres, Mídia - 10/07/2014

Novos paradigmas: descaracterização das sociedades de mulheres

Sonia do Nascimento Palmeira / 
Presidente da Confederação Metodista de Mulheres
 
Como se não bastasse a entrada em cena de muitos modismos encapados de “novo modelo” de fazer evangelismo, a liderança de boa parte da Igreja Metodista quer mexer nas estruturas de nossas Sociedades com a ideia fixa de transformá-las em “ministérios” ou coisa que o valha, com a simples alegação de que “sociedade é coisa de gente velha”, ultrapassada e que não se encaixa no novo paradigma ou no novo modelo de ser Igreja.
 
A mulher faz parte do histórico metodista. Sua participação deu-se numa Inglaterra caótica, necessitando extremamente de mudanças profundas nas mais diversas áreas, mas principalmente na área social – o setor desprotegido e empobrecido da Inglaterra do século 18. 
 
E foram os olhares femininos que descortinaram o horizonte, descobrindo espaços que pudessem ser preenchidos, influenciando os segmentos societários e revendo direitos e deveres no afã de um compartilhamento de ideias que pudessem se transformar num poderoso instrumento a tirar da inércia um povo de consciência adormecida provocada pelas injustiças e pelos desníveis sociais. 
 
Fala-se em “sonhos e visões”, mas nós não somos produtos de “sonhos ou visões”, mas de realidades, de experiências de vida sempre relacionadas com os ensinamentos de Cristo; somos produto sim, da fé e, movidas por essa força extraordinária, nós assim a expressamos tanto no trabalho como na adoração. 
 
Surpreende-me a Igreja de hoje! Recheada de modismos importados, com a pregação de um evangelho despreocupado em constranger pecadores, mas sim com um crescimento “a qualquer custo”, formando agrupamentos de gente que entra pela janela da satisfação social e não pela porta do arrependimento e fé. 
 
A sociedade de mulheres teve um papel importante no metodismo primitivo de serviço, oração e amizade e, em nossos dias, ela continua sendo relevante e atende plenamente aos novos paradigmas da Igreja Metodista, pois trata-se de um espaço de acolhida, união, comunhão, discipulado, oração e valorização da mulher. 
 
Sua ênfase de serviço está voltada às necessidades da sociedade e do mundo, indo ao encontro da perspectiva bíblica, citamos Dorcas, que era amada e reconhecida pela comunidade pelo seu trabalho de serviço aos pobres. Cada igreja deverá descobrir as necessidades ao seu redor para uma ação eficaz. Não podemos simplesmente ignorar e desconhecer essa história e esse passado. Como corpo de Cristo a Igreja precisa estar bem ajustada, sem dissensões, sem métodos excludentes e sem ajustes eclesiásticos que venham a ferir nossos princípios doutrinários e nossa herança histórica. Assim vejo a Igreja Metodista hoje: uma arena, onde cada líder usa das mais variadas estratégias para se postar no topo do poder, não importando os meios para atingir o fim, numa corrida para formar e se manter em seu “status quo”. 
 
Percebemos a falta de unidade na Igreja, onde cada pastor/a aplica seu discipulado ao bel prazer. Claro, existem exceções, talvez poucas, mas algumas igrejas e alguns/as pastores e pastoras têm abraçado a causa, valorizando o trabalho feminino. Entretanto, àqueles/as que objetivam a descaracterização do nosso trabalho e a razão da existência de nossas sociedades, que atentem, cumpram e façam cumprir o que recomenda nossos documentos e que prevaleça a unidade, abortando as ideias pragmáticas que nem sempre representam nossa realidade. 
 
Seria bastante saudável que deixássemos a ostentação e nos preocupássemos mais em santificação “sem a qual não veremos a Deus”. 
 

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