Nova aliança ecumênica para o desenvolvimento dá os primeiros passos
NAIRÓBI, 7 de fevereiro (CMI/ALC) - "A capacidade do movimento ecumênico para responder aos desafios do mundo atual depende em grande medida da criação de redes e de formas de cooperação mais criativas e orientadas para o futuro", disse o secretário-geral do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), Samuel Kobia, na primeira assembléia da organização Ação Conjunta das Igrejas (ACT) para o Desenvolvimento, reunida ontem e hoje nesta capital.
ACT para o Desenvolvimento é uma nova aliança de igrejas e de organizações, nascida depois de dois anos de consultas às partes envolvidas, que têm em sua pauta o trabalho para erradicação da pobreza, da injustiça e do abuso dos direitos humanos, com especial ênfase no desenvolvimento. A nova aliança é, assim, uma das maiores redes para o desenvolvimento existentes no mundo.
A nova realidade marcada pela globalização econômica e a clara evolução do pensamento, que passou da ajuda de emergência ao desenvolvimento constituem a plataforma comum dos ministérios especializados das igrejas voltados para este tema, o que, na avaliação de Kobia, deveria ter sido criado há muito tempo. ACT para o Desenvolvimento permitirá uma cooperação mais estreita entre esses ministérios e o CMI, suas igrejas membros e organizações ecumênicas parceiras.
Entre outras vantagens, espera-se que a nova aliança proporcione uma maior visibilidade no terreno mundial, o que, por sua vez, possibilitará aos parceiros envolvidos mais sucesso na hora de arrecadar fundos, disse Kobia.
Além de utilizar a marca conjunta em seu trabalho (ACT para o Desenvolvimento), as igrejas e organismos parceiros devem comprometer-se com os valores da aliança, com um código de práticas politicamente corretas, com a transparência e a mútua prestação de contas. A aliança não será, contudo, um mecanismo para canalizar fundos entre doadores. Os organismos parceiros e as igrejas continuarão decidindo a quem apoiar.
"Os associados necessitam-se mutuamente dentro do movimento ecumênico, com as funções e responsabilidades específicas de cada um", declarou Kobia. A criação de ACT para o Desenvolvimento representa "um grande passo" e "resultará benéfica para nossos parceiros em nível local e nacional", definiu o secretário-geral do CMI.
Kobia reconheceu que persistem algumas inquietações que devem ser encaradas com seriedade, entre elas a função específica do CMI, o compromisso real dos ministérios especializados de trabalharem juntos e o perigo de que a lógica das ONGs se imponha à responsabilidade ecumênica.
Kobia frisou, no entanto, que o CMI compromete-se a "utilizar sua posição para proporcionar assistência à criação e desenvolvimento de um instrumento especializado que, assim se espera, beneficie o movimento ecumênico em seu conjunto".
A nova aliança deverá manter estreita relação com ACT International - organismo de coordenação do socorro em emergências vinculado ao CMI - e com a Aliança Ecumênica de Ação Mundial. O CMI está preparado para "procurar laços mais estreitos entre essas três organizações, a fim de que chegue logo o momento em que exista só uma entidade ecumênica que leve o nome de ACT", adiantou Kobia.
Qualquer igreja membro do CMI, departamento eclesial, ministério ou organismo que tenha por mandato a cooperação em matéria de desenvolvimento pode solicitar sua adesão à ACT para o Desenvolvimento.
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Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação |