Publicado por Sara de Paula em Destaques Nacionais - 12/11/2021

Nota de pesar: faleceu hoje o Bispo Stanley da Silva Moraes

Com pesar comunicamos o falecimento do Bispo Honorário da Igreja Metodista, Stanley da Silva Moraes, 73, hoje, 16 de novembro. Nos últimos dias, o Bispo tratava um quadro crítico de Covid-19, pneumonia e outras complicações devido ao rim transplantado em 2015. O Bispo Stanley deixa a esposa Rute Moraes, duas filhas (Taís e Liane), dois genros (Oseias e Wagner), além das duas netas Maria Luiza e Eduarda e os netos Pedro e Rafael. O corpo do bispo será cremado hoje às 20h30 com uma despedida restrita aos familiares.

Saúde - O Bispo Stanley Moraes realizou um transplante de rins, em 31 de maio de 2015, no Centro Cirúrgico do Hospital das Clínicas, em São Paulo. Foram quase 7 horas de cirurgia. Stanley reagiu bem ao pós cirúrgico e seguiu com as medicações e cuidados que um transplantado precisava. Seguia sua vida com normalidade e servindo a Cristo e a Igreja e se dedicando à família como sempre fez durante toda a sua vida.

Nos últimos dias, precisou retomar ao hospital porque a saúde não estava bem. A filha Taís Moraes, foi informando nas redes sociais o estado de saúde do pai. "Desde o dia de ontem (7/11) o quadro do meu pai está estável, o covid não avançou e tem tido pequeninas melhoras em alguns índices. Hoje ele conversou um pouquinho comigo, o que me deixou muito feliz. Ele está lutando pela vida!", publicou no dia 7 de novembro; e no dia 11, ela informou que o Bispo continuava lutando pela vida e que o Salmo 46 estava bem presente na vida da família. Infelizmente, o estado de saúde piorou muito e o óbito veio a ser confirmado hoje, dia 16 de novembro. 

Ministério Pastoral -   O Bispo Stanley da Silva Moraes foi consagrado como diácono no final de 1970; em 1971, recebeu a primeira nomeação pastoral para Porto Alegre/RS. Somente em Cruz Alta/RS chegou a pastorear 16 Congregações. Dedicado, o Bispo sempre teve em mente servir a Deus em uma "Igreja serva, em que cada crente servisse a Deus e às outras pessoas com alegria", disse em entrevista realizada para o Expositor Cristão, em 2017. Foi professor de teologia pastoral e Diretor no Instituto Teologico João Wesley. De 1981 a 1987 foi pastor em Santa Maria.­

Stanley foi eleito Bispo da Igreja Metodista em 1991; onde presidiu a 2ª região até 1998, posteriormente ocupou o cargo de Secretário Executivo do Colégio Episcopal, em 1998, aliás, função que exerceu até 2018 completando 26 anos de trabalho dedicado a area geral da Igreja Metodista como bispo e com Secretário Executivo do Colégio Episcopal, mas como ele afirmava "nunca deixei de ser mesmo foi pastor". 

No Lar Metodista, em Santa Maria e IRMA, em Alegrete, no Rio Grande do Sul, o Bispo Stanley foi Monitor de crianças pobres por mais de 20 anos (1965 a 1988) como voluntário. Ele ajudava as crianças a fazer seus trabalhos escolares, orientava jogos e brincadeiras, dirigia momentos de espiritualidade e atendia outras necessidades.

Em 2006, na segunda fase do Concílio Geral, os/as delegados/as elegeram os Bispos Stanley da Silva Moraes, Geoval Jacinto da Silva e Josué Adam Lazier como Bispos Honorários da Igreja.

No dia 22 de setembro de 2012, ele tomou posse como Presidente do Conselho Superior de Administração – Consad, permanecendo no cargo até agosto de 2014. Cuidava do pastoreio do conselho em nome do Colégio Episcopal, além de cuidar das dimensões confessionais da Rede Metodista de Educação.

O Bispo Stanley, atualmente era membro da Igreja Metodista da Penha, em São Paulo. Também atuava como apoio episcopal da assessoria da 3ª Região Eclesiástica. Além disso, era presidente da Secretaria Regional brasileira do Conselho Latino Americano de Igrejas (CLAI-BR).

O Bispo Stanley recebeu a Ordem do Mérito Metodista, em fevereiro de 2017 - um reconhecimento pelos relevantes serviços prestados na missão, na Catedral Metodista de São Paulo, juntamente com outros homenageados.


 Confira abaixo a entrevista concedida ao Expositor Cristão em dezembro/2017

O 43º Concílio Regional da 2ª Região Eclesiástica foi testemunha da vida de piedade e dedicação do Bispo Honorário Stanley da Silva Moraes, quando, emocionado, declarou sobre o momento de sua aposentadoria. Desde o final de 1970 que o Bispo Stanley tem se dedicado ao ministério que Deus lhe deu. Casado com D. Rute Moraes há 47 anos, o casal tem duas filhas, duas netas e um neto. Ele foi consagrado como diácono no final de 1970; em 1971, recebeu a primeira nomeação pastoral para Porto Alegre/RS. Somente em Cruz Alta/RS chegou a pastorear 16 Congregações. 

Para ele, o maior legado da Igreja é pastorear ao lado de pessoas não clérigas. O maior desejo está em viver numa Igreja serva. Stanley foi eleito Bispo da Igreja Metodista em 1991; posteriormente ocupou o cargo de Secretário Executivo do Colégio Episcopal, aliás, função que exerce há 19 anos, mas o que nunca deixou de ser mesmo foi pastor. Quem testemunha isso é a psicóloga Elizabeth Coelho de Santa Maria/RS. “No pe­ríodo do Pastor Stanley, eu fazia parte, e ainda faço, do rol dos membros da Igreja Metodista Central de Santa Maria/RS. Ele foi um exemplo de pastor vocacionado e dedicado ao seu Ministério, sempre desenvolvendo suas atividades com equilíbrio e coerência, sendo cauteloso no pensar e agir. Demonstrou ser um fiel servo de Deus, tanto em relação à sua vida religiosa como também familiar, como pai e esposo exemplar”, declarou Elizabeth.

Abaixo, você confere a entrevista exclusiva com o Bispo Stanley da Silva Moraes publicada no Expositor Cristão em dezembro de 2017 por ocasião dos 47 anos de ministério pastoral.

Bispo Stanley da Silva Moraes ao lado da esposa, Rute Moraes. Arquivo pessoal.

EC: Quando foi a sua primeira nomeação pastoral?

Bispo: Fui consagrado diácono no final de 1970 e assumi minha primeira nomeação em 1º de fevereiro de 1971, como pastor ajudante na Igreja Wesley, em Porto Alegre.

EC: Como lidou com a situação de ser nomeado para pastorear mais de uma Igreja? 

Bispo: A prática do sacerdócio universal de todos/as os/as crentes era muito presente na vida da Igreja. Os/as guias-leigos/as exerciam o pastorado da Igreja no dia a dia. O pastor trabalhava com eles/as. Reunia-me regularmente com eles/as, que me passavam o que estava acontecendo na sua comunidade. Assim, estabelecia-se a agenda do pastor. Eu presidia a Santa Ceia mensalmente em todas as congregações. Em Cruz Alta tive, em um ano, 16 congregações. Em Passo Fundo foram 7 atendidas por evangelistas, que substituíram os/as guias-leigos/as. A Igreja crescia e se sentia pastoreada. Eu sentia prazer em servir ao Senhor auxiliando aquele povo.

EC: O que mais o marcou no ministério pastoral? 

Bispo: Pastorear junto com uma equipe pastoral composta de leigos e leigas fiéis. O laicato da Igreja é o que a Igreja tem de mais precioso. Pude ajudar na capacitação de muita gente que encontrei pelo caminho; assim, elas se tornaram agentes da missão dentro e fora da Igreja.


Bispo Stanley da Silva Moraes ao lado da esposa, Rute Moraes, na década de 1970. Arquivo pessoal.

EC: Durante toda essa caminhada, o senhor mudaria alguma coisa? Por quê?

Bispo: O passado não pode ser mudado, mas eu gostaria de viver numa Igreja serva, em que cada crente servisse a Deus e às outras pessoas com alegria. Infelizmente, uma tentação que a Igreja como instituição sofre é a de que cada um/a deseja ser o “sumo sacerdote”, ou seja, aquele sacerdote que Jesus tanto condenou. Há muito presbítero e presbítera que gasta sua vida tentando ser bispo ou bispa para poder mandar nos demais, não para servir. Faltam pastores e pastoras servos e servas. Por isso, o povo da Igreja muitas vezes se sente como ovelha sem pastor/a.

EC: Qual a importância da família na caminhada pastoral? 

Bispo: Deus nos fez pessoas que vivem em comunhão. A família é muito importante para o exercício pastoral. Em minha juventude orei por alguns anos pedindo ao Senhor que preparasse alguém que pudesse ser esposa do pastor e esposa do homem Stanley. Quando senti no coração, ao estar com minha amiga Rute, uma voz que me dizia “é esta!”, a procurei colocando o que tinha em meu coração. Ela aceitou-me e ficamos namorando e orando, buscando entender o chamado de Deus. Quando ouvimos a resposta, marcamos o casamento e nos casamos depois de quatro anos de namoro. Não tínhamos quase nada do ponto de vista material, mas tínhamos um ao outro e a certeza de um chamado. Isso marcou nossa vida e ministério. Lá se vão 47 anos de vida conjugal. Geramos duas filhas, ganhamos dois genros e temos duas netas e um neto, todos servos e servas do Senhor. Louvo a Deus pela bênção da família. Tais e Liane, Oseias e Wagner, Maria Luiza, Pedro e Eduarda são parte do ministério que o Senhor nos deu, gerado em duas famílias fiéis. 


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PUPLICADO ORIGINALMENTE NO SITE DO JORNAL EXPOSITOR CRISTÃO


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