Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 20/09/2013
natal real, vida virtual
Natal real e vida Virtual
Pr. José do Carmo,
Igreja Metodista em Fátima do Sul
Para que possamos verdadeiramente comemorar e vivermos um Feliz Natal.
O Natal está chegando, e em decorrência do mover do "espírito de natal", as avenidas, praças e residências já ostentam os mais belos enfeites natalinos. A mídia dá as dicas de qual é o melhor presente a ser comprado e dado. Muitas pessoas vão às compras em busca dos ingredientes para a ceia. Vinho, cerveja, nozes, peru, panetone... Muita comida, churrasco, etc. O Pinheiro já esta a posto, com seus enfeites. Enfim estaremos dentro de vinte e um dia vivendo mais um Natal.
No próximo dia vinte e cinco, que no calendário cristão se comemora o nascimento de Jesus Cristo, Infelizmente em muitos lares, terá a festa para o aniversariante, porém, faltará o aniversariante para a festa. Isso tem ocorrido devido o fato de a cada ano que passa o Natal estar perdendo o seu real sentido. E cada vez mais, um velho estar roubado a festa do menino. Conseguindo até mesmo ser mais lembrado e celebrado do que o próprio aniversariante.
A data do nascimento de Cristo vem perdendo seu sentido espiritual, e isto por força do comercio e da mídia que proclamam o aniversário, sem anunciar e adorar o aniversariante. Infelizmente para muitos tal data tornou-se muito maior do que o evento que nela simbolicamente se comemora: o nascimento de Jesus Cristo o Filho de Deus. Pensando em como resgatar a importância de tal fato fiquei imaginando quais requisitos são necessários para uma comemoração genuinamente cristã do Natal. Mergulhado em minhas reflexões, muitas respostas me vieram à mente, porém, quero citar apenas três que julgo ser as mais importantes:
1-Que a encarnação do Verbo, não se torne algo virtual nos nossos corações.
2-Que não nos deixemos dominar pelo espírito do consumismo, que em nome do deus mercado, tem roubado e deturpado na vida de muitos, até mesmo cristãos o verdadeiro sentido do Natal.
3-Que o velho que entra pela chaminé, trazendo efêmeros presentes materiais, não ocupe no presépio de nossas almas e na mente de nossas crianças o espaço do menino Deus. Que sendo Deus esvaziou-se de si mesmo, se encarnado para nos trazer, por meio de seu nascimento, crucificação e ressurreição, presentes espirituais e eternos. Sendo Ele próprio o presente, a nós enviado pelo Pai. (Jo 3.16) o qual temos que partilhar com outros.
Quanto mais refletia, mais inquieto ficava, e tal inquietação levou-me as Escrituras, onde o próprio aniversariante deu-me uma dica de como Ele gostaria que fosse comemorada a sua festa natalícia. Fiquei maravilhado ao ver que o Senhor Jesus preocupou-se até mesmo em fazer a lista de seus convidados.
"Quando deres um jantar ou uma ceia, não convides os teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem vizinhos ricos; para não suceder que eles, por sua vez, te convidem e sejas recompensado. Antes, ao dares um banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos; e serás bem-aventurado, pelo fato de não terem eles com que recompensar-te; a tua recompensa, porém, tu a receberás na ressurreição dos justos". (Lc 14.12-14)
Agora a coisa complicou, principalmente para o comercio, para quem o Natal significa troca de presentes, pois esse povo que o aniversariante mandou convidar não tem dinheiro, para comprar nem comida, quanto mais presentes. E complicou também para nós cristãos que sabemos que devemos fazer isso que Jesus disse, mas não fazemos. Convidamos para o culto, o qual jugamos um banquete espiritual, na expectativa que essas pessoas se convertam. Mas essa conversa de convidar esse tipo de gente para jantar e cear em casa... há não isso já é demais... Esse texto deve ter outra interpretação. Deve ser simbólico, pois os tele-evangelistas não pregam sobre ele. Na nossa mesa de jantar e cear queremos só gente nossa, só da família e os amigos mais nobres. Podemos até fazer um sopão na Igreja... Distribuir comida nas ruas e favelas, mas convidar, para casa, minha mesa, minha sala de jantar... Essa gente pobre, aleijados, coxos cegos, negros, prostitutas, homossexuais, bêbados, alcoólatras... E Jesus ainda diz que só vou receber a recompensa depois que vier a morrer e ressuscitar... Não deve ser isso o que o texto quer dizer... É assim que muitos cristãos reagem diante de passagens bíblicas como essa.
Se cada família cristã resolvesse nesse Natal seguir o conselho supracitado por Jesus, com certeza o natal iria fazer uma diferença imensa na vida de muitas pessoas, que esquecidas nos asilos, orfanatos, ruas e barracos de favelas, devido ao desemprego, fome e tantos outros demônios sociais, certamente não terão um feliz Natal.
Não poderemos mais passivamente e hipocritamente de braços cruzados dizermos "Feliz natal a todos". Por que verdadeiramente no mundo real, essa felicidade ainda esta distante de milhares de famílias brasileiras, dentro ou próximas das nossas comunidades. A tais pessoas precisamos levar Jesus: o pão espiritual (Jo 6.32, 33), sem deixarmos de nos inquietar com essa intrigante pergunta de Tiago:
"Se um irmão ou uma irmã estiverem carecidos de roupa e necessitado de alimentos cotidiano, e qualquer dentre vós lhes disser: [feliz natal] Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, sem, contudo, lhes dar o necessário para o corpo, qual e o proveito disso?" (Tg 2.15-16) Que tal inquietação possa nos levar a oração e ação. E que movidos pelo Espírito Santo possamos, fundamentados em atos de piedade e de misericórdia, realmente vivermos e desejarmos a todos um feliz natal.