Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 13/09/2013

Natal pede submissão

Há mais de dois mil anos, na manjedoura, em Belém, nasce uma humilde criancinha.

Era o enviado de Deus, e um anjo anuncia "hoje vos nasceu na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor. E subitamente apareceu com o anjo uma multidão da milícia celestial louvando a Deus e dizendo: Glória a Deus nas alturas, e paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem" (Lc 2.11,13 e 14).

Sinos bimbalham, pinheirinhos tremeluzentes evocam o brilho das estrelas que iluminavam o firmamento naquela noite santa. Mística emoção acalenta os nossos corações. Tudo é encanto, gratidão, amor e ternura.

A magnitude do acontecimento excede a todos do universo, das celebrações grandiosas e singulares da História ao espaço imenso, e ao próprio infinito. É a eternidade que se comunica na linguagem do tempo, na meiguice de uma criança.

O seu nascimento coincide com uma época de discórdias, hipocrisia religiosa, contradições e desesperança. Os fracos e os humildes eram alvos constantes de menosprezo e exploração. A Palestina padecia sob o domínio do Império Romano, fascinado por glórias, ávido por poder e riqueza. Impunha a sua supremacia sob intimidação das armas e de um escorchante sistema tributário. Cresciam incontroláveis a insatisfação e a revolta, simultaneamente ao incontido anseio por mudanças radicais neste perverso cenário.

A situação político-econômico-social alimentava a tradição do messianismo de que somente um emissário de Deus reuniria prerrogativas para libertar o povo, esmagado pela prepotência dos seus inescrupulosos dominadores.

A predição do nascimento de Jesus já estava preconizado no cântico de Maria: "Porque o Poderoso me fez grandes coisas [...] dispersou os que no coração alimentavam pensamentos soberbos. Derrubou dos seus tronos os poderosos e exaltou os humildes" (Lc 1.49-52). Os ânimos estavam preparados para a recepção do Infante de Belém, o Messias, que, como rei e sacerdote, assumiria essa missão libertadora.

Paralelamente às humanas expectativas, nasceu e cresceu o menino em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens (Lc 2.52). Na sua trajetória, do berço ao túmulo, realizou portentosos feitos, operou milagres, prodígios e sinais. Na infância deixou atônito e alarmado o rei Herodes, pois temia que Ele viesse destroná-lo; e, na meninice, no templo, deixa perplexos os doutores. Na vida adulta, como ser divino, praticou atos que desafiaram a imaginação de todos, até mesmo dos seus mais íntimos e fiéis seguidores: andou por sobre as águas; repreendeu os ventos e as tempestades; acalmou a fúria do mar; fez andar os aleijados; deu vista aos cegos; aos surdos a audição; curou os enfermos; resistiu ao tentador, no deserto; brandindo a flamejante espada do Espírito; libertou os oprimidos pelo maligno; restituiu a vida a Lázaro e à filha de Jairo; e, finalmente, realizou o seu mais glorioso ato - a sua ressurreição dentre os mortos.

Ensinava a todos a depositarem a sua confiança em Deus levando-os a observarem o Seu desvelo para com as aves do céu e para com os lírios do campo.  Como ser humano, era manso e suave: chamava para si as criancinhas; era solidário e compassivo alimentando as multidões famintas, comovendo-se diante do sofrimento e da dor, e chorando com Marta e Maria na morte de Lázaro.

 Diante da majestade de Sua pessoa divino-humana todos se inclinam e quedam-se genuflexos tal o indescritível significado de sua gloriosa presença no mundo - "Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra e toda língua confesse que Jesus é Senhor, para glória de Deus Pai (Fp 2.9-11)".

O poeta sacro em uníssono com a proclamação apostólica exclama: "Eu, remido pecador, me dedico ao redentor. Teu é este coração. Teu em plena sujeição" (HE 181); "Vinde, alegres, celebremos este dia de Natal, dando a Cristo nossas almas oferenda filial. Aleluia! Ele é o Rei Universal" (HE 13).

 A linda história do Natal a todos enternece e comove. As solenidades de sua celebração duram apenas alguns dias, mas, para as almas que fizeram do Natal a razão maior de sua espiritualidade, a audição desta música divina, a melodia dos hinos e das canções natalinas, e o cântico dos anjos, naquela noite memorável, permanecem como se fossem uma quotidiana harmonia.

Seja o nosso único anseio, na contingência e transitoriedade da existência, submetermo-nos integral e incondicionalmente a Jesus, o sublime Infante nascido em Belém, poi,s Natal inspira plena submissão.

Rev. Ivam Pereira Barbosa (Redator do IR - Informativo Regional da 5ª RE)

 


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