Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 20/09/2013
mulheres expositor
Deus concedeu ao gênero feminino o privilégio da maternidade. Contudo, ainda mais importante do que esse dom natural, foi a missão que ele conferiu às mulheres: a de serem defensoras da vida. É o que podemos ver em várias passagens bíblicas, no Antigo e no Novo Testamento. Mulheres de todas as idades, casadas ou solteiras, mães ou não, são chamadas, pela fé, a se comprometerem com a preservação da vida e a manutenção da vida digna.
Veja a seguir histórias de mulheres que assumiram esse compromisso, ajudando a tecer a história do cristianismo e do movimento metodista (com informações da pastoras Suely Xavier, professora da Faculdade de Teologia da Universidade Metodista de S.Paulo).
Zípora e a defesa do direito - O livro de Números 12.1 fala da mulher "cuxita" ( sinônimo bíblico para "negra", pois a Etiópia era conhecida como "terra de Cuxe") com quem Moisés se casou. Quando os irmãos de Moisés rejeitam a cunhada, são repreendidos duramente. Zípora, a mulher cuxita, representa o direito e a justiça, contra a discriminação.
Hulda e a Lei para viver bem - O sacerdote Hilquias encontrara um livro durante as obras de reconstrução do templo e queria atestar a veracidade do documento achado. Aquele livro seria mesmo o Livro da Lei? Então, o rei Josias mandou que o sacerdote consultasse a profetiza Hulda (2R 22.14). Ao consultar a profetiza, Josias confirma a importância desta mulher no cenário de Judá na época. E quando Hulda atesta a veracidade do livro da Lei, ela está destacando a presença de Deus pela lei que gera vida. Isso mesmo. Ao contrário do que muita pensa, as leis não surgiram para atrapalhar a vida de ninguém; em seu sentido original as leis são fonte de vida e bem estar. A pastora Suely explica que o significado de lei é instrução, e instrução para viver melhor. Se assim não fosse o salmista não diria "A lei do Senhor é perfeita e restaura a alma (...) Os preceitos/lei do Senhor são retos e alegram o coração (...) são mais desejáveis do que o ouro e são mais doces do que o mel e o destilar dos favos" (Sl 19,7-10).
As origens do Salvador - Numa época em que mulheres e crianças não contavam (veja em Mateus 14.21), é surpreendente que nomes de mulheres sejam destacados na genealogia do Messias: Tamar, Raabe, Rute e finalmente, Maria, no versículo 16 do primeiro capítulo de Mateus: "E Jacó gerou a José, marido de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama o Cristo".
* Tamar - Tamar, cujo nome significa palma (daí vem a tamareira/palmeira), ficou viúva de seu marido Er (Gn 38). Pela "Lei do Levirato", ela deveria se casar com o irmão de Er, Onã, para que gerasse filhos que seriam considerados descendentes de Er. Mas Onã recusou-se a cumprir a lei; não queria gerar filhos que seriam considerados descendentes do irmão falecido. Então, Tamar adotou uma estratégia que, pela nossa concepção, seria considerada condenável: fingiu-se de prostituta e teve relações sexuais com o sogro, Judá, de quem gerou Perez e Zera. "Ao subverter a sua história, ela faz prevalecer a sua vida: se não fosse lhe dado o direito do levirato ela poderia se tornar de fato uma prostituta, tendo em vista que, naquela época, uma mulher sem marido não era amparada por nenhuma instituição. Tamar tanto fez o que era correto que o próprio Judá reconhece o seu erro e diz: Mais justa é ela do que eu", explica a pastora Suely. "Tamar lutou para fazer cumprir o seu direito, direito inalienável à vida digna e justa. O seu nome é utilizado pelo salmista para referir-se ao justo, Salmo 92,12a diz: O justo florescerá como a palmeira (tamareira)."
· Rute - Rute representa a preservação da vida de estrangeiras/os, uma vez que ela, moabita, converte-se ao Deus de Noemi e torna-se alguém importante na história de Israel, sendo uma das matriarcas na linhagem davídica.
As amadas do Senhor - Do hebraico, o nome Maria, que significa "amada", batiza não apenas a mãe de Jesus, como outras mulheres que tiveram um papel decisivo na história do cristianismo, como Maria Madalena, que obteve o perdão de Jesus e passou a segui-lo, e Maria, irmã de Lázaro, que expressou sua gratidão e devoção ao lavar os pés do Mestre.
A mulher samaritana e a Água da Vida - Na conversa com a mulher samaritana, descrita pelo livro de João, capítulo 4, Jesus oferece-lhe a água da vida eterna. A mulher deixa o seu cântaro e corre à cidade para compartilhar, com outras pessoas, aquilo que recebeu: "Vinde comigo, e vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito..." (v.29). Interessante é que os discípulos se indignaram mais por que Jesus conversava com uma mulher do que pelo fato dela ser samaritana. Mas, foi a partir do testemunho desta pessoa duplamente discriminada que muitos ouviram e creram. Já não é pelo que disseste que nós cremos, mas porque nós mesmos temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo. (Jo 4,42).
Poderíamos ainda nos lembrar de vários outros exemplos de defensoras da vida: as parteiras Sifrá e Puá, que salvaram da morte o bebê Moisés; a rainha Ester, que salva o povo inteiro; a juíza Débora, decidida na luta e temente a Deus na vitória; Ana, cujo nome significa Graça e orou pela graça de gerar a Samuel; as mulheres que trabalharam pelo anúncio do Evangelho na época do cristianismo primitivo, levando as Boas Novas de vida
A Bíblia, que sabemos ter sido escrita por homens, e inserida numa época e contexto social que discriminava a mulher, traz muitos exemplos de mulheres comprometidas com a Vida. Surpresa? Nem tanto. Apenas uma prova de que, embora construída por mãos humanas, a Bíblia é inspirada pelo Deus da Vida.
Suely Xavier e