Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 13/09/2013

Missionários julgados por sequestro no Haiti

IMPRENSA E RELIGIÃO:

05/02/2010 - 05h07

Americanos acusados de sequestrar crianças devem ser julgados no Haiti, diz ministro

Do UOL Notícias*
Em São Paulo

Os dez americanos acusados formalmente nesta quinta-feira de "sequestro de menores e associação criminosa" devem ser julgados no Haiti, e não enviados aos Estados Unidos, disse o ministro da Justiça haitiano, Paul Denis.

"Eu não vejo por que eles deveriam ser julgados nos Estados Unidos. Eles cometeram um crime no Haiti, portanto é no Haiti onde devem ser julgados", disse o ministro.

"É que a lei haitiana que foi violada. Cabe às autoridades haitianas ouvi e julgar", argumentou Denis antes de perguntar: 'Quando um haitiano comete um crime nos Estados Unidos, é julgado no Haiti ou nos Estados Unidos?".

O caso dos dez americanos, que foram detidos na sexta-feira na fronteira com a República Dominicana tentando chegar ao país vizinho ao Haiti com 33 crianças com idade entre dois meses e 12 anos, sem qualquer documento de guarda, distraiu a atenção da imprensa esta semana, enquanto centenas de milhares de haitianos desabrigados continuam vivendo em acampamentos improvisados, em condições insalubres, após o terremoto que devastou o país no último dia 12.

De acordo com a legislação haitiana, os cidadãos americanos podem ser condenados a até 9 anos de prisão, segundo avaliação de Gervais Charles, da Ordem dos Advogados de Porto Príncipe.

Questionado sobre se os detidos serão julgados no Haiti ou nos EUA, Mazar Fortil, advogado da Procuradoria da capital disse: "Nós não podemos dizer no momento".

A extradição --de responsabilidade exclusiva do presidente da República-- só pode ser concedida após um processo, disse ele.

Após serem formalmente acusados hoje, os haitianos foram levados para um presídio na capital Porto Príncipe. O subprocurador Jean Ferge Joseph disse que o caso será agora encaminhado para um juiz de instrução, que "pode libertá-los, mas pode também continuar a detê-los para novos procedimentos."

De acordo com o advogado de defesa do grupo, Edwin Coq, nove dos dez americanos --que têm 18 a 55 anos de idade-- não sabiam nada sobre a situação dos documentos das crianças. "Farei o possível para soltar os nove", disse Coq. A líder do grupo, Laura Silsby, permaneceria sob acusação.

"Nós não sabíamos que o que fazíamos era ilegal. Nós não tínhamos nenhuma intenção de infringir a lei. Mas agora nós entendemos que é um crime", disse à imprensa o pastor Paul Robert Thompson, que liderou uma oração com os americanos durante uma pausa em sua audiência judicial. "Nós só queríamos ajudar as crianças. Nós pedimos ao tribunal não só a nossa libertação mas também que possamos continuar ajudando", disse a líder Silsby.

O grupo de americanos fez a viagem por meio da ONG New Life Children's Refuge, fundada por Silsby, e são ligados a uma igreja batista de Idaho.

  • Ruth Fremson/The New York Times

    Laura Silsby (esq.), 40, e Charisa Coulter, 24, dois dos dez missionários julgadas no Hait nesta quarta-feira (04) sob acusação de tráfico de crianças. Membros da igreja Batista dos EUA, eles foram indiciados no Haiti pela tentativa de seqüestro de 33 crianças

Dois dias depois da prisão, Silsby, afirmou à agência de notícias Associated Press que as crianças eram órfãs e que seriam levadas para um hotel da área de Cabarete, na costa da República Dominicana. O hotel, de 45 quartos, seria, posteriormente, transformado em um orfanato, ainda conforme a missionária.

Desesperados, os pais dizem que entregaram os filhos para o grupo de boa vontade, confiando nos americanos que teriam prometido levá-los para uma vida melhor. As histórias contradizem as afirmações da líder do grupo de batistas, segundo quem as crianças foram tiradas de orfanatos ou foram entregues por parentes distantes-- só pode ser concedida após um processo, disse ele.

As crianças, com idades variando entre dois e 12 anos, estão agora sob os cuidados de uma organização austríaca em Porto Príncipe.

Vinte e uma das crianças do grupo interceptado vêm de um mesmo vilarejo na periferia da capital haitiana e foram entregues pelos próprios pais aos missionários, segundo a BBC. A investigação deve durar pelo menos três meses e se condenados, os missionários podem pegar longas penas de detenção.

*Com informações das agências internacionais e da Folha Online


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