Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 19/04/2012

Missão Metodista Tapeporã a serviço dos guarani-caiuás

A história da Missão Metodista Tapeporã está interligada à história do trabalho indigenista da Igreja Metodista. Foi onde tudo começou. O nome expressa a essência do projeto. Em guarani, tape significa caminho e porã quer dizer bom. A intenção é estar ao lado dos índios no bom caminho.

O projeto é desenvolvido desde 1978 com os caiuás, na aldeia Bororó em Dourados-MS e em outras áreas indígenas da região. Os responsáveis são o casal Rev. Paulo da Silva Costa e a Revda. Maria Imaculada Costa (foto acima). Também foi formada uma liderança indígena na reserva. O guarani-caiuá Ronaldo Arêvalo, acompanha as atividades desde 1992. Ele foi um dos primeiros membros indígenas da Igreja Metodista e ajuda ativamente nas atividades da Missão.

“Há muito tempo as famílias da aldeia estão sendo ajudadas pela Igreja Metodista. Eu me envolvi muito por causa da ação social. Eu ajudo as crianças e sempre tivemos muito apoio da igreja. Os adolescentes não estão tão rebeldes mais como eram. As atividades recreativas desenvolvidas têm ajudado muito”, conta Ronaldo Arêvalo.

Atividades - Hoje mais de cem crianças são atendidas na base da Missão Metodista Tapeporã todo fim de semana. As atividades são amparadas pelo Projeto Sombra e Água Fresca, da Igreja Metodista. Os pastores também dão assistência às escolas de ensino infantil da reserva.

Na aldeia foi construído um local de culto e muitas famílias se reúnem para as celebrações. O espaço é também um ponto de encontro. Crianças, jovens e adultos se reúnem para recreação e a prática de esportes. A Igreja Metodista auxilia na organização de equipes de futebol da reserva, que participam de campeonatos durante o ano.
A Missão Metodista Tapeporã também desenvolve um projeto que auxilia a saúde dos indígenas – uma horta com ervas medicinais. “A horta é como um bem da comunidade devido à procura para a produção dos chás. O espaço é usado em um programa das escolas para que os alunos conheçam as tradições”, explica o Rev. Paulo Costa.

Desafios - A reserva onde a Igreja Metodista trabalha tem mais de 12 mil índios em 3,5 mil hectares. Além de pequeno, é um espaço muito próximo a área urbana e, por isto, enfrenta os mais graves problemas sociais. “Nós buscamos ajudar a comunidade naquilo que ela não pode fazer, para ter seus direitos readquiridos enquanto povo – com saúde, trabalho, estudo, vida digna apresentada a todos por Jesus Cristo”, explica o Rev. Paulo Costa.

Por falta de recursos, muitos projetos foram interrompidos recentemente. Desde 1993 funcionava o Projeto Saúde Bucal, com parceria da Faculdade de Odontologia de Lins-SP, da Unimep – Universidade Metodista de Piracicaba. As atividades também tinham o apoio da Funasa e Funai. Eram oferecidos atendimentos odontológicos, como extrações, obturações e próteses (parcial e total) aos indígenas. Em 13 anos foram mais de 20 mil atendimentos.

A partir de 1994, a Missão Metodista Tapeporã desenvolveu o projeto Vaca Mecânica – uma unidade processadora para produção de leite de soja. Eram produzidos cerca de 230 litros por semana, que eram doados a duas escolas da aldeia e para famílias da reserva. Do bagaço, as mulheres produziam pães, bolos, tortas e biscoitos.

“Este alimento de grande propriedade nutritiva foi um forte elemento no combate à desnutrição e também durante muitos anos foi usado pelo hospital para tratamento da tuberculose”, lembra a Rev. Maria Imaculada.

Além do apoio da 5ª Região Eclesiástica e da Coordenação Nacional de Ação Social, a Missão Tapeporã recebe investimentos da Igreja Metodista da Alemanha e da Divisão de Mulheres da Igreja Metodista dos Estados Unidos.

Missão Tremembé - Ceará - Desde 1997 a Igreja Metodista atua junto ao povo Tremembé, no município de Itarema, no Ceará. A responsável pelas atividades é a missionária metodista Marly Schiavini de Castro. Ela explica que na aldeia a Igreja reforça a educação e atua na formação de professores.

A Igreja Metodista também realiza ações junto ao poder público - apoiando os indígenas e prestando assessoria na gestão dos projetos de geração de renda e segurança alimentar do Ministério do Meio Ambiente, como pesca, agricultura, produção de ovos e artesanato.

“Temos a confiança dos Tremembé e de outras populações indígenas.  Eles se sentem seguros, pois sabem que nosso objetivo é desenvolver ações solidárias, não se tenta forçar uma adesão. Nossa compreensão é de que caminhando junto é que se dá a conhecer a visão cristã. Gosto do pensar no texto de Emaús. Jesus não disse aos discípulos quem era: ele caminhou lado a lado e se deu a conhecer na partilha do pão”, explica Marly.

Comunidade - O grupo é formado de cerca de 4 mil indígenas. Eles estão próximos à cidade e perderam sua língua original após o longo tempo de contato com a população branca. Na comunidade não existe um local de culto metodista. Esta não é a intenção do trabalho. De acordo com a missionária Marly, este posicionamento da Igreja Metodista reforça o respeito e a confiança dos indígenas.

Duas escolas na aldeia Tremembé foram construídas com apoio direto da Igreja Metodista. “Muitos jovens recuperaram a cultura, a tradição e começaram uma nova vida. Nós temos 36 professores se formando em Magistério Superior Indígena por causa do trabalho que começou com uma missionária metodista – Karla Virnígia Cavalcante”, aponta a missionária.
Marly trabalha com os Tremembé desde 2003. “Eu sempre tive poucos bens materiais na minha vida. Mas, quando cheguei na área Tremembé descobri que mesmo aquele pouco que eu tinha ainda era muito dispensável. Eu não precisava de tudo aquilo. Para ser feliz e forte, basta estar em paz, consigo mesma, com as pessoas e, consequentemente, com Deus”, conclui.

O trabalho metodista na aldeia Tremembé era mantido pela Igreja Metodista na Alemanha. Este ano, a Sede Nacional assumiu as despesas. Cada vez mais o projeto necessita das orações e do investimento dos metodistas.

Missão Maruwai - Roraima - Em 1989 a Igreja Metodista de Roraima teve o primeiro contato com os macuxis na aldeia Bala, agora chamada Maruwai. De acordo com relatos da Revda. Maria Madalena Freitas, que participou do início do projeto, a Igreja dava assistência espiritual e apoio às necessidades básicas.

Os líderes macuxis deram abertura ao trabalho missionário metodista e em 1991 se concretizaram os primeiros resultados. “Recebemos na Aldeia da Bala, 42 novos metodistas, por meio do batismo. Em abril de 1992 o pajé da aldeia, Sigismundo Brasil, também começou a apoiar o trabalho da Igreja Metodista”, conta a Revda. Maria Madalena.
Hoje os mais de 200 macuxis da aldeia Maruwai são metodistas. O missionário indígena Cize Manduca é quem lidera a comunidade. Ele é o primeiro pastor indígena da Igreja Metodista brasileira. A Missão Maruwai tem um trabalho de assistência entre os macuxis e tem procurado apoiá-los também em suas necessidades materiais: perfurou um poço artesiano de 132 metros de profundidade e construiu uma caixa d´água com 10 mil litros de capacidade que, através de um gerador, leva água encanada para todas as casas da aldeia.

“Água é vida, portanto o poço significa verdadeiramente a vida dos nossos irmãos macuxis, pois eles dependem do poço para matar a sede, para preparar os alimentos, enfim, para fazer todo o trabalho diário. A caixa d’água tem a excelente finalidade de armazenar água para ser distribuída via tubulação”, explica o atual supervisor do trabalho, Rev. Dimanei Lisboa.

Desafios - Embora a Igreja Metodista tenha um missionário da etnia macuxi dentro da aldeia, um dos maiores desafios é o acesso dos metodistas que dão apoio à missão. A aldeia fica distante 150 quilômetros da capital Boa Vista e a estrada é de cascalho. A Igreja Metodista em Roraima não tem um veículo apropriado para as visitas.

O pastor acadêmico Márcio Rocha, alerta que a comunidade precisa de apoio dos metodistas em todo o Brasil. “Além de investir em transporte, é preciso trabalhar também a educação na aldeia. Praticamente não existem escolas instaladas. Eles precisam urgentemente de professores que sejam macuxis, pois além de manter a tradição, eles se adaptam bem ao clima da região”, afirma.

A missionária Renilda Santos, auxilia o trabalho com os macuxis. Ela reforça a necessidade do envolvimento dos membros metodistas no trabalho. “O que nós esperamos, é que todos possam unir forças conosco para que a gente atenda da melhor forma possível aquela comunidade”, diz.

Veja o álbum de fotos no Facebook dos trabalhos da Igreja Metodista com os índios.


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