Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 13/09/2013
Milha noturna: breve reflexão sobre o tempo e sua pressa
Olhai para as aves do céu! Mateus 6:26a
Gosto de fazer caminhadas. Costumo separar uma ou duas noites por semana para esta prática, utilizando as passadas para um tempo de oração, reflexão, fomento de projetos e organização do dia que vem.
Numa destas “jornadas” pensava justamente sobre o ritmo frenético dos dias, que nos faz afundar num emaranhado de compromissos, afazeres, pressas e atrasos. Como é comum dizermos e ouvirmos:
- Não tenho tempo! Não dá! Impossível!
Por vezes a demanda é o trabalho, por vezes o lazer, a igreja, por vezes a família. E despedindo-nos daquilo que realmente nos preenche, os dias vão perdendo a graça, ganhando tons de cinza e de auto-anulação. Assim escapam, escoam, se vão.
O engraçado é que durante uma destas minhas “milhas noturnas”, enquanto pensava nestas questões, numa rua sossegada da vila, me deparei com uma coruja. Sim, aquele animal noturno belíssimo que normalmente se vê no campo. Há muito tempo não via uma coruja, desde a infância na cidade de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul. Naquele instante paralisei, com medo que meu movimento a afugentasse. Observei-a. Observou-me também. Ela estava na guia da calçada e, depois de alguns instantes abriu suas asas e, num salto, ganhou o céu. Por um momento o seu vôo teve a lua cheia ao fundo. Que imagem linda!, pensei.
Confesso que aquilo me encantou. Vê-la mudou minha rotina e aquele dia deixou de ser um dia comum, para ser o dia em que revi uma coruja.
Desta experiência conclui que é importante que tenhamos novas balizas na existência, a fim de que os dias não sejam iguais. Li certa feita que a criança é tão empolgada com a vida por que em seu universo é tudo novidade. A noção da passagem do tempo é diferente para ela: cada dia tem um gosto especial.
Neste começo de ano deixo a dica. Um pouco de criatividade no cotidiano fará com que você se reposicione diante da vida, tornando-a relevante pela simples percepção de que não estamos presos em nossas limitações, mas plenos de oportunidades dignas do Evangelho.
Para que nos livremos desta impressão de que nossa vida está passando depressa, importa conhecer lugares, trocar a rota, repartir flores, conhecer pessoas, experimentar um doce, redescobrir o entorno. Importa rever corujas. Importa que haja novidade.
Todo dia deve ter a oportunidade de ser único e especial.
Que nas tuas “milhas” diurnas e noturnas o teu olhar esteja sensível a perceber as novas direções para as quais o próprio Deus está te apontando. Olhai as aves do céu!
Com estima pastoral,
Jonatas Cavalheiro, pastor