Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 06/02/2012
Metodistas se mobilizam para ajudar vítimas das chuvas
“Parte da minha casa desabou. A enxurrada levou cama, guarda-roupa, paredes e móveis”, lamenta a metodista Neide Aparecida Silva Carvalho. Ela mora em Além Paraíba, uma as 251 cidades de Minas Gerais afetadas pelas chuvas. Mais de 15 famílias da Igreja Metodista da cidade perderam tudo na enchente.
Um dos casos mais dramáticos é o do casal Carlos Eduardo Veloso e Roberta Olívia da Silva. Os dois só conseguiram salvar o fogão e a geladeira. A casa foi alagada, até o carro ficou debaixo d’água. Roberta está grávida de sete meses de gêmeas. Com Rebeca e Ester, o casal metodista vai recomeçar a vida do zero. “A gente sabe que muitas dessas situações acontecem, mas Deus é quem nos guarda. Não perdemos em nenhum momento a esperança no Senhor”, compartilha Roberta.
O prédio da Igreja Metodista em Além Paraíba também foi afetado. “A sala de educação cristã foi alagada e nós perdemos todo o acervo histórico, com documentos com mais de 120 anos”, lamenta o Pr. Sávio Ferreira de Abreu.
A enchente deixou um rastro de destruição na cidade. Quatro pessoas perderam a vida em Além Paraíba por causa das fortes chuvas. Na Igreja Metodista Central foi montada uma base de atendimento da prefeitura. Muitos membros e voluntários ajudaram no trabalho. No local, ainda estão sendo distribuídos cestas básicas, roupas, remédios e água.
Em Muriaé, MG, foram muitos estragos também. “Nunca estive tão de perto de um sofrimento tão grande”, declara Ana Carolina Lipus, membro da Igreja Metodista Central. O rio que corta a cidade subiu cerca de seis metros e deixou muitas casas alagadas.
“Ao presenciarmos a velocidade com que a enchente aumentava, iniciamos uma corrida contra o tempo na missão de evacuarmos nossa casa com todos os nossos bens”, conta o seminarista metodista Felipe Bagli Siqueira, que passava as férias na casa dos pais. Até o fechamento desta edição do Expositor Cristão, 18 mortes foram confirmadas nos municípios mineiros.
Auxílio - A Igreja Metodista em Muriaé ajudou as famílias que tiveram as casas alagadas. O ministério local de Ação Social teve muito trabalho. “Não imaginávamos que esta seria a maior enchente desde 1946. As pessoas limpavam as casas e logo estavam cheias novamente e lá estávamos nós para dar todo apoio necessário. Fizemos também uma sala de oração para que pudéssemos estar mais perto de Deus,” lembra o coordenador distrital de ação social Astério
Dias Ferraz.
Foram momentos de sofrimento e tristeza. Os metodistas que trabalharam no auxílio tiveram experiências inesquecíveis. “Vi e conversei com várias pessoas que perderam tudo. Pude sentir que além das perdas materiais, faltava coragem e vontade de lutar! Nestes momentos só Deus pode consolar”, declara a metodista Delbi Rezende.
Solidariedade - Mais de mil pessoas tiveram de deixar as casas em Muriaé por causa das chuvas. Foi um período de escassez e muitas famílias não tinham até mesmo como se alimentar. A Igreja Metodista da cidade preparou uma força-tarefa para disponibilizar marmitas aos necessitados.
“Muitas pessoas largaram suas casas, trabalhos, suas cidades e vieram até Muriaé nos ajudar. Tenho um orgulho muito grande de fazer parte desta igreja! Estamos sendo vistos como a igreja do evangelho prático aqui na cidade”, conta Luiz Rodrigo Alves, da Igreja Metodista de Muriaé.
Foram distribuídos cerca de 20 mil marmitas, quatro mil litros de leite, um caminhão de frutas e 15 mil litros de água. A ação mobilizou mais de 100 voluntários da cidade de Muriaé. “Pessoas nos procuravam incessantemente para nos dar o seu testemunho de vida durante aqueles dias. Houve muita oração e conversões. Momentos marcantes em nossas vidas”, lembra Astério Ferraz.
O pastor da Igreja Metodista em Muriaé, Maxwell Andrade Nery, já passou por cinco enchentes e diz que a experiência ajudou na mobilização do trabalho.“Hoje, ainda distribuímos roupas, cestas básicas e móveis usados.É tremendo este movimento, não prestamos só ajuda material,levamos também conforto espiritual para as famílias”, explica.
Rio de Janeiro - Municípios cariocas também vivenciaram a dor e o sofrimento deixados pelas chuvas. No distrito de Jamapará, em Sapucaia, cidade vizinha de Além Paraíba, MG, foram registradas 22 mortes. O coordenador regional de ação social da 1ª Região, Pr. Edvandro Machado, conta que uma casa pastoral foi destruída no município de Levi Gaspariam e muitos metodistas foram afetados nos municípios de Aperibé e Itaperuna.
Em Santo Antônio de Pádua, RJ, mais de 12 mil pessoas ficaram desabrigadas. O pastor da Igreja Metodista Central, Ricardo Fróes, teve de fazer uma convocação na madrugada do dia 2 de janeiro, para que os membros ajudassem a subir os móveis do templo que estava sendo alagado. “Foram umas 20 pessoas. Ficamos até as três horas da manhã. Quando terminamos, fomos na casa de alguns irmãos para ajudar também”, conta a secretária da igreja Patrícia Frauches.
O nível da água subiu rapidamente e alagou parte da cidade. O metodista Leonardo da Silva Tissi, não pode evitar os prejuízos. “Perdemos muitas coisas em casa, como guarda-roupas e cômodas. A Igreja Metodista me ajudou no que pode. Muitos me ligaram para ajudar. Vou ter que mudar de casa. É uma situação muito difícil”, conta.
Outras famílias da Igreja Metodista de Santo Antônio de Pádua tiveram problemas com as chuvas. Carolina Rodrigues Moraes conta que a água invadiu a casa e passou de um metro de altura. Foram muitas perdas. “Nós tínhamos acabado de reformar e pintar a casa. É triste, mas Deus sabe todas as coisas”, diz.
Doações - Metodistas em várias partes do Brasil se sensibilizaram com a situação das famílias afetadas. Uma conta bancária foi disponibilizada pela Sede da 1ª Região para arrecadar recursos. A intenção é ajudar quem precisa e promover capacitação aos voluntários.
“Não queremos fazer apenas ações paliativas, queremos auxiliar de forma mais eficiente as famílias que tanto sofrem nesses momentos. Nosso desejo é ter uma equipe treinada pela Defesa Civil apta para atuar nas próximas catástrofes”, explica o Pr. Edvandro Machado, coordenador regional de ação social no Rio de Janeiro.
O bispo da 4ª Região Eclesiástica, Roberto Alves, afirma que a está sendo feito um levantamento das necessidades nas áreas afetadas. “Com base nestes dados, faremos um planejamento para ajudar a recuperar as igrejas e famílias que tiveram perdas com as chuvas”, explica. O bispo informa que metodistas em cidades como Cataguases e Guidoval também precisam de ajuda. Uma conta bancária da 4ª Região foi disponibilizada para doações.
Além do envio de recursos, muitas pessoas têm ajudado doando roupas e alimento não perecível direto aos locais atingidos. A Igreja Metodista em Além Você também pode ajudar: do Paraíba, MG, recebeu ajuda de metodistas de Cataguases, Juiz de Fora, Petrópolis, Nova Friburgo, São Paulo e da comunidade em Alagoinha, na Bahia.
“Amigos e irmãos de toda parte começaram a aparecer e nos ajudar de forma tão especial que nos sentíamos cuidados pelo próprio Deus, a ponto de experimentarmos de maneira única o texto de Isaías 43.2: ‘Quando passares pelas águas, eu serei contigo; quando, pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti’, reconhece o seminarista Felipe Bagli, de Muriaé.
Neide Aparecida Silva Carvalho, citada no início desta reportagem, também agradece às pessoas que ajudaram. Mesmo tendo perdido a casa e muitos bens, ela permanece confiante. “O importante é a vida da gente. Deus poderia não permitir nada daquilo. Mas, se Ele permitiu é porque Ele tem um propósito. Ele tem sempre o melhor”, declara.
Fonte: Marcelo Ramiro via Expositor Fev / 2012