Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 20/09/2013
metodistas do uruguai
MONTEVIDÉO, 5 de fevereiro (ALC) - A diferença principal entre argentinos e uruguaios quanto à construção de indústria de celulose em território do Uruguai na fronteira com a Argentina é que aqueles alegam que a introdução das papeleiras viola o Tratado do Rio Uruguai, enquanto esses argumentam que fizeram consultas e acordos a respeito do assunto, diz documento da Igreja Metodista do Uruguai (IMU), divulgado neste final de semana.
Paralelo às gestões oficiais da Argentina perante o Tribunal de Haia, organizações ambientalistas opuseram-se à construção da indústria de celulose no Uruguai, defendendo a bandeira da ecologia. Desde então, foram mútuas as acusações, sob os mais variados argumentos.
"Os ânimos se endureceram e começou-se a perder a capacidade de escutar", alegam os metodistas. Por mais que tenham sido emitidos apelos baseados na irmandade entre os dois países, nos laços familiares e de afeto, surgiram como pano de fundo no conflito das papeleiras temas políticos e econômicos do passado que ainda não estão resolvidos, e outros assuntos do presente, assinala o documento.
Com base nas declarações do ex-chanceler argentino, Rafael Bielsa, o qual afirmou que o problema passa do tópico ambientalista para o político, os metodistas defendem a busca de uma solução política. "Cremos que esse novo tempo deve ser utilizado por ambos os governos numa real busca de saída política, onde cada um terá que ceder em algo para obter a tão reclamada solução", sugerem. A IMU aponta o Mercosul como instância regional de solução do conflito.
No tempo atual, o aspecto ecológico tornou-se periférico, inclusive para aqueles que pretendem defendê-lo. Entre outras observações, os metodistas uruguaios lembram que em ambas as margens há uma quantidade considerável de casos de clara ameaça ecológica, maior que a planta de celulose em Fray Bentos. "Um desfile de estudos técnicos foram elaborados, que se contradizem, e que em alguns casos levam a especulações apocalípticas", alerta o texto da IMU.
Destacando o papel de criadores de consciência e de reconciliação entre os dois países, o documento sublinha que a Igreja Metodista no Uruguai, as igrejas Valdense e Evangélica do Rio da Prata, presentes nos dois países, e a Igreja Metodista Argentina incentivaram o diálogo e o encontro dos dois governos. "Iniciamos conversações com as igrejas da Finlândia, buscando outros possíveis caminhos, unidos num círculo de oração que inclui outras igrejas, como a Igreja Católica Romana e a Igreja Anglicana", informa o documento.
O texto, que vem assinado pela Junta Nacional de Vida e Missão, enfatiza a necessidade de não deixar que a árvore do conflito siga nublando a vista e distorcendo a visão do problema. O documento, intitulado "Quando a árvore nos impede de ver o bosque", conclama a ver o bosque real "que está cheio de outras fábricas de celulose, de exploração de minas a céu aberto, de plantações indiscriminadas que vão empobrecendo nossos solos", e que são ditados por interesses alheios às duas nações.
"Este tempo de ver o bosque implica não cair numa postura principista de que tudo é mau por si, mas ver o que beneficia o ser humano como criatura de Deus para alcançar uma vida plena e quais são os limites", entendem os metodistas. Eles defendem que a economia, os investimentos, o uso dos recursos, as indústrias, devem se dar em função do bem das sociedades e não ao revés. "Esse deve um critério fundamental", sustentam