Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 20/09/2013
metodistas de Moçambique
O pastor Nadir Cristiano e sua esposa Dayse voltaram recentemente de Moçambique. Mas eles deixaram lá uma herança inestimável
Durante o ano de 2007, os missionários brasileiros pretendiam continuar em Cambine. Problemas familiares e de saúde (além da sobrecarga de trabalho e stress, o casal contraiu malária, uma das doenças que mais mata na África) os impediram de continuar em Moçambique. Neste ano, de volta ao Brasil como pastor da Igreja Metodista em Vila Maria, São Paulo (3ª RE), o Rev. Nadir Cristiano pretende continuar alimentando a biblioteca do seminário sempre que puder (clique aqui para saber da campanha). Afinal, o povo e as necessidades de Moçambique nunca sairão da memória deste casal corajoso, que suportou dificuldades e a saudade da família (deixaram no Brasil um filho de 20 anos e uma filha de 24) para levar a Palavra a um país destroçado por 16 anos de guerra civil e dividido por conflitos políticos e tribais.
Nadir Cristiano conta que a Igreja Metodista Unida está há 116 anos no país; Moçambique é uma "conferência" (o equivalente à nossa "região) da igreja norte-americana. Contudo, o cristianismo em Moçambique ainda encontra resistências, especialmente por causa do idioma. "Há dificuldade de relacionamento com a língua portuguesa, que é o idioma oficial", explica o missionário. Nadir e Dayse só foram bem recebidos porque são brasileiros. "Eles adoram as novelas exportadas pelo Brasil e, por isso, admiram os brasileiros". Contudo, em lugar do português, a população prefere falar o dialeto local quando está em família ou na igreja. Existem 32 diferentes línguas espalhadas pelo país, o que deixou a Igreja Metodista Unida numa situação delicada: como ela se instalou inicialmente na Província de Inhambane, onde predomina o dialeto xitswá, foi esse o idioma que, desde o início, predominou nos cultos metodistas em Moçambique, dificultando a expansão da Igreja em outras localidades. "Nunca assistimos um culto inteiro em português. Até a Bíblia e Hinário são em xitswá", diz Dayse. Mesmo assim, a Igreja Metodista está crescendo por lá. Já são 100 mil membros e o crescimento continua - graças, em grande parte, ao trabalho metodista realizado nas áreas de educação e ação social e ao carisma do Bispo João Somane Machado.
Outra dificuldade é o intenso sincretismo religioso. Moçambique tem 18 milhões de habitantes num território de 799 km², cerca de 40% que se declaram muçulmanos e 30% que se declaram cristãos, mas as religiões tribais subsistem associadas às demais. As religiões tradicionais têm como base o culto dos antepassados e a prática de sacrifícios (até mesmo de crianças). Esse sincretismo, intensificado pela influência crescente do pentecostalismo na própria Igreja, tem criado situações insólitas, como a realização, dentro de igrejas metodistas, de cultos de libertação nos quais se expulsam "demônios familiares"(segundo as religiões tribais, muitos moçambicanos crêem que podem ser perseguidos por espíritos de parentes falecidos).
Diante de uma situação religiosa confusa e dos problemas sociais enfrentados pelo país - miséria, corrupção, falta de ética e baixa auto-estima -- os missionários só vêem uma saída: a educação e a graça de Deus. "Moçambique precisa muito de educação cristã e estudo bíblico", afirma o Rev. Nadir. Ele conta que os missionários norte-americanos conseguiram implantar a Escola Dominical até a década de 1970, mas a guerra civil, entre 1975 e 1994, destruiu o país, fechou as portas do seminário por vários anos e desestabilizou a Igreja. "É necessário resgatar a Escola Dominical", alerta o missionário. Para alcançar essa meta, ele e a esposa não pouparam esforços como educadores do Seminário, onde deixaram 19 novos pastores formados e mais 30
Veja também: Campanha LIVROS PARA MOÇAMBIQUE. Você também pode colaborar! Clique aqui.