Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 20/09/2013

memoria

   ...o que decidimos esquecer...

Fiquei espantado com o quadro "Tempo - O Dono da Vida" (Fantástico - Rede Globo - 03.12.2006) apresentado pelo médico Drauzio Varella.

    A abordagem da semana foi em relação à questão da memória que, ao contrário do que se pensava, não perde sua capacidade com a idade, na verdade, segundo a constatação dos estudos sobre a memória, ela, apesar de ser incrivelmente ampla, tem um espaço restrito, esgotável.

     Chamou-me a atenção a afirmação de Ivan Izquierdo, diretor do Centro de Memória da PUC/RS, de que é preciso esvaziá-la para poder acrescentar novos dados... existe uma reestruturação... sai o que tem menor valor, entra o que tem maior. E o mais impressionante: segundo ele "Nossa história pessoal é única, feita daquilo que lembramos e, também, do que decidimos esquecer".

     Confesso que fiquei impactado com a colocação daquele estudioso... nossa história também é feita do que decidimos esquecer!

     Isto nos faz pensar que na vida existem coisas, acontecimentos, pessoas, momentos que são para lembrar e outros que devem ser esquecidos para dar lugar àquilo que seja mais significativos, mais importantes, que mereçam mais nossa lembrança.

     Diante desta constatação científica fui remetido às palavras de Paulo em Filipenses 3:13  ao dizer: "...mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo...". O apóstolo   já   sabia  dessa    dinâmica    da memória... há muito, ele entendeu o quando esta prática é importante para a saúde, para a vida! Imagine se Paulo mantivesse na lembrança todas as dores, tragédias, horrores que viveu? Certamente não conseguiria caminhar, preso na tristeza e na depressão!

E quantos/as vivem o oposto do apóstolo... com a memória completa, repleta de más recordações, preenchida pela angústia, cauterizada pelo desgosto... vidas que estão ancoradas no passado, estagnadas em tudo que foi ruim... negando espaço para as boas surpresas da vida!

Somos o que queremos lembrar e o que decidimos esquecer!

Está em nós o poder "deletar" - jogar fora - tudo o que nos impede de sorrir, de sonhar... está em nós a tarefa de escolher o que é bom, o que nos faz crescer, o que nos leva à frente, o que possibilita alçar velas aos ventos do amanhã e da felicidade.

Precisamos da sabedoria que nos ajuda a escolher o que lembrar... é preciso agir como o apóstolo... deixar certas coisas para trás e prosseguir... não podemos permitir que nossas vidas se prendam nos atoleiros da pequenez humana, nas emboscadas da limitação alheia... é preciso criar espaços para recordações importantes, que tenham valor... nossa memória não pode se prestar a ser um mero arquivo de tudo o que os outros queiram depositar em nós... somos nós quem decidimos o que ficará guardado!

O mesmo Paulo, em outro texto nos adverte sobre o em que pensar, ao recomendar no mesmo livro aos Filipenses (4:8): "Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento"... e porque não dizer: a vossa memória!

Assim como existe o lixo que deve ser lançado fora, também existem questões que devem ser esquecidas, jogadas de nós... para não corrermos o risco de passarmos uma vida inteira carregando entulhos.

Mais uma vez ciência e religião se somam em favor da vida... e nos ensinam que existem lembranças que precisam ser deixadas pra trás... por decisão nossa... para nossa própria felicidade!

 Que o Deus Amor, Pai e Criador de nossa alma, de nossa emoção, nos ajude a cuidar bem de nossas lembranças... nos dando a capacidade de selecionar o que guardamos nela... para sermos saudáveis, pacíficos/as, agradáveis, sem marcas, sem rancores, sem feridas, pessoas que conseguem lidar bem com os valores da vida passada, presente e futura.

Que saibamos decidir por esquecer tudo o que precisa ser esquecido!

E que tenhamos paz... a paz dos/as limpos/as, dos/as puros/as, dos/as justos/as.

Na graça e na paz,

Rev. Nilson da Silva Júnior

Pastor Metodista em Cândido Mota/SP

5ª Região Eclesiástica.


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