Publicado por José Geraldo Magalhães em Geral - 20/09/2013

meio santo pastor daniel rocha

   ½ SANTO
 

Faça uma enquete e pergunte às pessoas o que elas precisam fazer para ir para o céu. Certamente a maioria responderá: "Serem boas".Esta seria uma resposta perfeita dentro do espiritismo! Mas, biblicamente, não há outra resposta possível senão: "Socorre-me Senhor! Estou perdido!".

Provavelmente a visão que você tem de relacionamento com Deus é a mesma de um aluno ansioso para ganhar boa nota diante de um professor severo que examina seu proceder. Santidade, para este, resume-se a ter bom comportamento na vida.

Dentro desta lógica, quem deveria estar no topo da pirâmide espiritual seriam os pastores, bispos e evangelistas. E logo abaixo deles, os diáconos, e o líder do louvor. E quem estaria fora? O viciado, a prostituta e o desviado.

Seria simples se fosse assim. Mas isso não é cristianismo! A Bíblia mostra que é justamente quando nos sentimos mais afastados de Deus - beirando o desespero e afundando no pecado - queiniciamos o caminho da santidade. Isaías já advertia aos justos que a justiça deles era"como um trapo imundo" (Is 64.6). Somos desastrados, e tudo aquilo que fazemos, fazemos mal. Mas é o reconhecimento da condição miserável que nos impulsiona para Deus.

A nossa visão de santo e pecador precisa passar pela Bíblia e não pelo nosso padrão de referência, que tem desvirtuado o verdadeiro sentido da santidade bíblica dando à luz uma santidade que engana.

Hoje vemos de tudo. Há o santo-alienado que não deseja saber nada do mundo: a questão palestina, a criança nas ruas, a injustiça, a corrupção, ou as guerras....Essas coisas não lhe dizem respeito! Ele não está nem um pouco preocupado com isso, pois o que realmente importa é ele-e-Deus e Deus-e-ele. A Palavra  lhe é uma desconhecida, pois sempre busca a direção nos seus sentimentos ("sintologia"). Se trabalha em algum lugar com alto índice de "mundanidade", não perde a oportunidade de se isolar para não ser contaminado.

Os samaritanos também nos deixaram um mau exemplo de santidade ao Senhor: os santos-pela-metade. Eles "temiam ao Senhor, e ao mesmo tempo, serviam os seus próprios deuses" (2Rs 17.33). É o cristão que obedece ao Senhor naquilo que lhe convém, elege algumas áreas da vida para buscar a santificação, mas jamais submete a Deus a totalidade do ser. Alguns elegem a castidade, outros renegam toda forma de prazer (ascetismo), ou fazem algum voto de sacrifício a Deus.Entretanto, a despeito do esforço para ser santo, gera uma figura meio estranha, pois há inúmeras áreas em sua vida intocadas pelo Espírito. Ele passa uma boa imagem para a família, para a igreja, e até a si próprio. Mas o seu coração está sempre dividido. O ½ santo é o morno da Igreja de Laodicéia que provoca ânsias no Senhor: ".... estou pronto a vomitar-te da minha boca" (Ap 3.16). O ½ santo possui uma contradição básica em seu ser que ainda não passou pelo processo de conversão.

É justamente aos ½ santosque Jesus reserva as palavras mais duras dos evangelhos.Mas aos endemoninhados, lunáticos, adúlteros e pecadores, Ele os cura e perdoa a todos. A mulher pecadora que ungiu seus pés é despedida em paz. Mas o anfitrião da casa, homem de boa reputação, recebe a severidade de seu julgamento.

Há mais anseios por Deus no pecador que deseja libertar-se do vício, da pornografia, da bebida, que no ½ santo que vai apaticamente aos cultos. A oração do pecador não tem barganhas porque ele não tem nada a oferecer a Deus. Sua amizade é potencialmente mais sincera, pois não tem o que esconder - sua vida está escancarada - mas o ½ santo precisa dissimular suas incongruências. Não é difícil entender porque Jesus preferia a companhia dos pecadores.

Mas, e o santo de Deus? Este tem uma lucidez que destoa. Ele não está interessado em ter um comportamento asséptico, pois sabe que ser santo não é uma questão de comportamento - santos cometem erros a todo o momento. Sente-se um estranho no mundo, não porque o ignora, mas por não se render aos valores que lhe são oferecidos. O santo não está em busca de facilidades de Deus nem de respostas fáceis para a sua vida. O santo não se encaixa em rótulos - conservador, liberal ou carismático - não é apático mas também não faz da extravagância algo a se mostrar em todo o lugar e ocasião.

Todos os aspectos de sua vida participam de um refinado processo de conversão de suas emoções, da mente e de sua afetividade, que o levam a ser profundamente humano. O santo é iluminado interiormente pela Palavra, não se isola, mas sai de si mesmo e vai em direção ao outro, relacionando-se com quem quer que seja. O santo transcende os aspectos racionais da vida, e penetra na alma e nos mistérios divinos, crescendo em direção à Cristo. Seu grande sofrimento é por não fazer-se compreender.

Ser santo é acima de tudo ser simples: "Senhor, não é soberbo o meu coração, nem altivo meu olhar; não ando à procura de grandes coisas, nem de coisas maravilhosas demais para mim" (Sl 131).

Estou farto dos semideuses que não tem um pecado a confessar, um deslize a lamentar, que nunca arriscou nada na vida e sempre fez as escolhas certas. Confesso que tenho me sentido mais pecador que santo. Quando subo ao altar o que vem à minha mente é a minha indignidade. Quando oro não ouso pedir nada baseado em minhas virtudes ou trabalhos realizados. Preciso sempre esperar na misericórdia divina.

Admiro quem diante da glória de Deus se sente bem. Eu me sinto como Isaías: "ai de mim, estou perdido", pois vem à tona o meu ser pecador. Ser santo é reconhecer-se pecador. Quero repetir Martinho Lutero: "não tenho outro nome, senão o de pecador; pecador é o meu nome; pecador, meu sobrenome"

Pr. Daniel Rocha, Igreja Metodista em Itaberaba


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